3 de mai. de 2009

ENTREVISTA DE DOMINGO: Pedro da Veiga


PEDRO DA VEIGA, primeiro locutor da Rádio Colmeia de Campo Mourão, servidor público, sempre ligado à administração e à imprensa mourãoense e acima de tudo, amante desta terra e eterno historiador, é o homenageado deste 3 de maio de 2009 na ENTREVISTA DE DOMINGO. Desde muito cedo, ele descobriu e investiu em suas habilidades de escritor, locutor, jornalista e historiador, merecendo esta deferência pela folha de serviços prestados a nossa cidade, haja vista que esteve durante décadas nos eventos de Campo Mourão. Viva! Parabéns Pedro da Veiga. A você leitor, ótima leitura.

Quem é Pedro da Veiga?
Sou divorciado com cinco filhos (Adriano, Adalberto, Andréa, Alessandra e Alexander) e meus pais, de saudosa memória (José Batista Veiga e Theodora Cardoso Veiga). Nacsi no dia 9 de Dezembro de 1938 em Rio Cinzas, hoje Jundiaí do Sul, aqui no Paraná, onde passei a minha infância. Este Município foi criado no mesmo dia de Campo Mourão, em 10 de outubro de 1947. Cheguei em Campo Mourão em julho de 1955, portanto, resido aqui há 54 anos.
Vista áerea de Jundiaí do Sul, município paranaense, terra natal de Pedro da Veiga

Onde o Senhor estudou e iniciou sua vida profissional, e o que fazia?
Estudei o primário em Jundiaí do Sul, onde também iniciei minha vida profissional, aos 12 anos trabalhando numa loja onde se vendia de tudo, secos e molhados, tecidos, ferragens, etc. Era um armazém que atendia os colonos da região, eu era balconista - designação que se dava a quem trabalhava nesse ramo- os produtos alimentícios, era preciso que a gente embalasse e pesasse, não é como hoje que tudo já vem em invólucros lacrados e com pesos estipulados; os pitantes utilizavam-se, para seus cigarros (de palha), de fumo de corda que se cortava de rolos e pesava; querosene, muito utilizado na época nos sítios pra acender os lampiões, era vendido em litros extraídos de latas de 20 litros, que depois de vazias eram também vendidas, muito utilizadas para guardar banha de porco, etc.
Assim era a vida comercial na época no interior. E como hobby, à noite eu era locutor do serviço de alto-falante do cinema (sábados e domingos) no Cine São Carlos de Jundiaí, anunciando os filmes e também, da igreja de São Francisco de Assis, padroeiro de Jundiaí.

O que o Senhor faz hoje profissionalmente?
Hoje sou aposentado do serviço público municipal, depois de atuar como locutor do serviço de alto-falantes do Cine Mourão, atuação que me levou a ser o primeiro locutor da Rádio Colmeia, em agosto de 1958. No ano de 1962 passei a ser funcionário da Casa Rosa, que em 1968 instalou o primeiro supermercado de Campo Mourão, na época, pegue e pague e neste mesmo ano também criamos o jornal “Folha de Campo Mourão”. Em 1971 assumi a função pública a convite do Prefeito Horácio Amaral.

Como foi o início do seu trabalho na vida pública: em que áreas trabalhou e como era desenvolvido o trabalho?
Iniciei o meu trabalho na vida pública com o cargo de confiança do prefeito Horácio Amaral, atuando como seu assessor direto junto ao seu Gabinete. Redigia mensagens, decretos, portarias, projetos de leis e material para a imprensa. Na gestão do Dr. Renato Fernandes Silva fui nomeado diretor do departamento Administrativo, me inscrevi no concurso público e tornei-me funcionário estável. Em 1973 criamos a Associação dos Servidores Municipais, hoje Assercam.



O Prefeito seguinte, Augustinho Vecchi, me manteve no cargo de diretor Administrativo, e em 1982 participei em Miami (EUA) de um curso de Administração Pública, enriquecendo sobremaneira meu currículo na área. Com o prefeito seguinte, professor José Pochapski, continuei como diretor Administrativo, depois assessor de Planejamento e no final de sua gestão como funcionário estável, perdi o cargo de confiança por intrigas de assessores forasteiros e desentendimentos administrativos.


- Na foto, Pedro da Veiga ao lado do prefeito Augustinho e do primeiro prefeito de Campo Mourão, Pedro Viriato de Souza Filho, em 2 de setembro de 1978.


Na Volta do prefeito Augustinho Vecchi, fui elevado novamente ao cargo de diretor Administrativo, elaboramos a reforma administrativa com a criação de secretarias, passei ao cargo de secretário de Administração, criando o Regime Único dos Servidores, o Sistema de Carreira, Cargos e Salários dos Servidores Municipais, a Previscam, e o jornal “Órgão Oficial do Município”. Diga-se de passagem, foi um estafante trabalho, com a elaboração de definições e atribuições dos cargos, até então inexistentes com um Regimento Interno. Em 1993 assumiu o prefeito Rubens Bueno e eu me aposentei..

Qual o seu esporte preferido? Qual o seu time do coração e o maior ídolo desse time?
No futebol o time do coração é o Corinthians, e os maiores ídolos: Gilmar, um goleraço e Baltazar, o "cabecinha de ouro".

Forte Corinthians dos anos 50 - Em pé: com Idário, Julião, Alan, Olavo, Roberto Belangero e Gilmar dos Santos Neves; agachados: Cláudio, Luizinho, Paulo, Baltazar e Jansen.


Como foi o seu trabalho de historiador, algum livro novo para sair?
Trabalho gratificante na coleção de artigos, depoimentos que fui arquivando no decorrer dos anos. Desde a década dos anos de 1960, através da Rádio e Jornal, coletávamos material, que cedíamos ao Dr. Nelson Bittencourt Prado que pretendia lançar um livro com a historiografia de Campo Mourão. Com o seu falecimento em 1981, sem alcançar o desiderato almejado, passei a me dedicar nesse mister, culminando com o lançamento do livro “CAMPO MOURÃO Centro do Progresso”, com Revisão do Prof. Egydio Martello e Prefácio do Dr. Miltom Luiz Pereira. Um fato lamentável foi o fato de que o material coletado pelo Dr. Nelson, inclusive os que a ele cedi, desapareceu - era desejo dele que me fosse entregue para a elaboração do livro que ele tanto almejara. Agora estou trabalhando na continuação desse livro, estou coletando material, principalmente fotos antigas. Você que está lendo esta entrevista se tiver alguma foto antiga entre em contato comigo pelo fone 3525-7611.

Em sua opinião, houve muita evolução e há muita diferença no trabalho da imprensa mourãoense?
Sim, não restam dúvidas, houve muita evolução. O progresso tecnológico foi muito grande. Há diferenças gritantes, em nosso tempo no início da imprensa mourãoense, o trabalho era realizado com puro idealismo, com dedicação dos aficcionados em divulgar os acontecimentos e feitos da terra mourãoense. Hoje, o profissionalismo supera as expectativas. Antigamente, divulgavam-se muitos programas voltados ao entretenimento e a cultura, e hoje há muita banalidade, obscenidade e principalmente, muita ênfase na divulgação de fatos sobre a criminalidade, tornando-se carro-chefe da mídia, com alegação de audiência, coisa e tal.

Nos anso 70, radislistas em confraternização - Pedro da Veiga, Ervin Bonkoski, Doracy Scorsato - in memorian- , Brasilisio Pereira de Lima , o "Zé Mané" - in memorian-, Wille Bathke Júnior e Antonio Reinisz - in memorian.

Que análise o Senhor faz da nossa imprensa - jornal, rádio, TV, internet com sites e Blogs?
Voltados para a informação sem apelos, entretenimento sadio e cultura, é de um valor inestimável para nossa orientação e formação de nossos jovens.

Como surgiu a ideia de criar um blog e porque nele está inserido o desenho e a logomarca "Sou Campo Mourão de coração"?
Criei um blog para difundir idéias, distribuindo informações, principalmente fatos e fotos históricas de nosso Município. O endereço do meu blog é http://www.pedrodaveiga.blogspot.com/
Com relação a logomarca, é porque realmente sou Campo Mourão de coração, e na administração do Augustinho Vecchi ajudei na disseminação dessa campanha.

O que o Senhor não fez como servidor público e membro da imprensa, que se tivesse oportunidade, ainda gostaria de fazer?
Como servidor público e membro da imprensa deixei de elaborar um trabalho para a criação do Museu da Imagem e do Som, e se tivesse oportunidade, gostaria de fazê-lo, resgatando e relevando a imagem histórica de ilustres personalidades que contribuíram com o desbravamento e consequente evolução de Campo Mourão, com imagem e som.

Como cidadão de Campo Mourão, quais são hoje os principais problemas em nossa cidade? E o que mais gosta em Campo Mourão?
A rivalidade de grupos políticos que obstruem o desenvolvimento; a falta de lideranças novas, que a picaretagem política não deixa evoluir; a falta de um planejamento da administração pública para um correto remanejamento e aplicação do dinheiro público (plano plurianual).
O que mais gosto da nossa cidade é dos amigos que conquistei no decorrer dos anos em que aqui resido. Tenho muitas saudades dos tempos do Cine Mourão, do Cine Teatro Império e do Cine Plaza, e também da Piscina do Bispo - que localizada no bairro Lar Paraná.

O que faz o Senhor sempre postar fotos e reavivar a historia da nossa cidade?
É o amor que temos por Campo Mourão, relembrando fatos passados em que compartilhamos, tanto na lide jornalística como pública, prestando o nosso contributo pelo engrandecimento desta cidade.

Ética em uma frase é...
Agir corretamente com os ditames de nossa consciência sem prejudicar o próximo.

Política é...
Atualmente estou com a maioria dos tratadistas e escritores que se dividem em duas correntes. Para uns, política é a ciência do Estado. Para outros, é a ciência do poder.

Imprensa é...
Uum veículo de comunicação, que além da finalidade de transmitir notícias, tem um papel muito importante que é a defesa dos direitos humanos, denunciando as injustiças que acontecem ou podem acontecer, é a maior garantia da defesa da liberdade com que conta o cidadão.

Governo Nelson Tureck é...
Sem comentários...

O Senhor que trabalhou com vários prefeitos, quais eram mseus estilos de administração. Muito diferentes um dos outros?
Todos tiveram qualidades específicas de bem administrar o Município, sendo eleitos pela vontade popular, com acertos e erros cumpriram suas tarefas legando-nos Campo Mourão de hoje, cada um teve e tem estilo diferenciado de trabalho.

Campo Mourão poderá ter mais de um deputado estadual e voltar a ter também um deputado federal na próxima eleição?
Dificilmente, se perdurar a briga interna dos grupos pelo mando político.

Cite um dos alguns fatos pitorescos que o Senhor vivenciou em nossa cidade.
A transmissão de um jogo de futebol pela Rádio Colmeia em Araruna, a primeira com equipamento a longa distância. Campo sem cabines, Anísio Morais transmitindo e o Wille Bathke Jr. comentado em cima de um pé de árvore (cinamomo ou Santa Bárbara) e eu, sem problema, era o repórter de pista.
Na foto, ao lado, Pedro da Veiga está de chapéu. O ano era 1968 e na foto da transmissão do jogo pela Rádio Colmeia entre Palmeiras e Cafe de Cianorte: à esquerda, Fiori Giglioti - in memorian, e à direita, Djalma Santos, recebendo homenagem antes daquela partida.

Cite três personalidades esportivas de Campo Mourão.
Professor Shigueru Matsumi, Luiz Carlos Kell e Itamar Tagliari.

Cite três personalidades mourãoenses.
Dr. José Aroldo Gallassini, dinâmico presidente da Coamo; José Turozi, pelo idealismo a frente da APAE e Oswaldo Wronski, pioneiro no ramo farmacêutico.

Cite três políticos de destaque.
Dr. Renato Fernandes Silva, Dr. Milton Luiz Pereira e Dr. Iris Mazzuchetti.
Dr. Milton e Pedro da Veiga

Campo Mourão do presente é...
A bela cidade que cotidianamente

ajudamos a crescer e se desenvolver,

apesar dos maus políticos

que ainda persistem

em atravancar a sua evolução.

A Campo Mourão do futuro é...
A bela cidade que queremos com a determinação de sua gente, escolhendo bons administradores, com um escopo de planejamento eficiente, disseminando a educação e a cultura, velando pela boa saúde de nossos conterrâneos.

Qual o seu recado aos leitores do BLOG?
Que sejam exigentes, cobrando dos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) correta administração a cada um inerente, para que realizem seus trabalhos com lisura em seus atos, legando-nos uma cidade altaneira para que possamos viver em paz e com tranquilidade.
E, finalizando, para você Ilivaldo, os meus agradecimentos por esta oportunidade de mais uma vez participar de seu blog, desejando-lhe muitas felicidades e que continue com esse altruísmo dignificante em levar boas novas aos internautas.
Com meu fraternal Abraço.
NOTA DO BLOG: Como sempre diz Gilmar Cardoso, "A gratidão é a memória do coração", tenha a certeza Pedro, que você tem um valor inestimável pelo que fez e irá fazer no resgate e na missão de manter viva a chama da história da nossa cidade e da sua gente. E a sua primeira edição do "Campo Mourão - Centro do progresso- é a obra mais importante na historia da nossa cidade pela riqueza de fotos, curiosidades e é claro, historia. parabéns! Que venha a seguna edição. Viva!

5 comentários:

  1. Parabens Pedro da Veiga. Você faz a diferença. Parabens por não comentar a administração atual. Parabens por ser o melhor historiador de Campo Mourão.Espero que mourãoenses de verdade auxiliem você a concretizar o livro que está escrevendo, sobre Campo Mourão.Parabens Ilivaldo por esta matéria. O Pedro é sim, de verdade, um autêntico mourãoense. Sou feliz em ser amigo de vocês.
    João Marcos Durski

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  2. É difícil para um filho tecer comentários sobre o seu pai, publicamente, sem que ocorra o pensamento dos laços familiares e amor. Mas eu me orgulho do Seu Pedro da Veiga, pela inteligência, pelo dom que Deus deu a ele - o de escrever. Também pelo empenho em começar e terminar suas tarefas, como foi no caso das estafantes pesquisas que fez por longo tempo para concretizar a reforma administrativa, criando o regime único, o plano de carreira e cargos e salários da Prefeitura de Campo Mourão e a Previscam. Tarefas árduas que exigem muito estudo e tempo. Além do tempo dividido para pesquisa e levantamento de material para escrever o melhor livro da história de Campo Mourão, pois foi escrito por quem fez e faz parte dela. Isso tudo é motivo de orgulho, mas as lições deixadas são melhores ainda. Uma da qual nunca me esqueço, foi quando eu e meu irmão Adriano estávamos no quarto, "curtindo" um som - nem me lembro na época se era uma Van Halem, ou Black Sabath, sei lá, algo do tipo da fase de roqueiros. Mas o Seu Pedro sentou-se ao nosso lado e quase nada falou, mas o que falou me marca até hoje: " Sejam sempre honestos, não prejudiquem ninguém. Pois a melhor coisa para um homem é poder chegar em casa de consciência limpa e poder encostar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo". É, políticos vem e vão, repórteres, do mesmo jeito, mas o maior problema é que o respeito, a moral ilibada e a ética, infelizmente, estão indo para algum lugar no passado. Pai continue assim, suas pesquisas, sua vontade de escrever, pois isso sim é um legado verdadeiro. O legado dos homens que fazem a política e a imprensa (com raras exceções), pode-se resumir na seguinte frase: "O respeito, a moral, o poder e a ética não corrompem o homem. É o homem corrompido que as corrompem."
    Parabéns! Adalberto

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  3. Muito bom ver a história de nossa cidade, retradada por aquele que julgo o maior conhecedor dela: Meu amigo Pedro da Veiga!
    Parabens ilivaldo!

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  4. quanto tempo vc viveu em jundiai ??? e como era o nome do armazem onde trabalhou ?

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  5. Vivi em Jundiai até os 16 anos fui para Curitiba e em 1955 vim para Campo Mourão, onde vivo até hoje...) - trabalhei na CASA PARATODOS de José Milani...

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