“Fiquem em silêncio... não conteste... Não fale nada sobre as injustiças, não se exponha, não
reaja e talvez você viva em
paz, afinal não está incomodando dormir por causa dos gritos que
vêm de dentro da sua alma chamando por justiça”. Elis Regina
Toda
greve é política. Faz parte da política a greve. É possível não só teoricamente
mas quando da imersão do cotidiano relacionar os termos greve e política
como integrantes e até intrínsecos na estrutura e no processo sociais.
Mesmo que o conteúdo das reivindicações seja trabalhista, o debate e a negociação entre trabalhadores e
patrões ou no âmbito do poder público e sociedade, é ao mesmo tempo uma
postulação e posicionamento políticos.
A
greve dos professores paranaenses e mais recentemente a paralisação dos
caminhoneiros em todo o Brasil ocupa praticamente todo o noticiário, afeta a
vida de todo mundo e o debate tem como alvo o governo estadual e o federal
respectivamente na ordem de responsabilidade direita.
É
estúpido usarem a velha e surrada máxima, “a greve é política”, as
manifestações é coisa de “baderneiros”, e por aí vai, para fugirem da
responsabilidades e do mérito. O
tratamento é o policial, para intimidar, conter, liquidar com a chamada
“liberdade sem limites”, situação que é política mas se tenta ficar por trás do
escudo bélico da propalada “preservação da ordem”.
Greve
é sim uma ação política coletiva, caracterizada pela pressão, cujo poder e
intensidade dependem do número de participantes e o grau de envolvimento deles.
E política é viver em sociedade. O ser humano nasceu para viver e estabelecer a
vida em sociedade no desencadear de um longo processo civilizatório sempre em curso,
tendo o trabalho como base das nossas relações sociais, políticas, culturais,
econômicas.
Nos
professores existem os que militam ativamente em partidos políticos, os que têm
participação discreta, outros que são apenas filiados. Os que assumem posicionamentos
políticos inteiramente desprendidos ou superiores aos partidos políticos.
Existem os que têm aversão a política e
sequer exercem uma ativa prática cidadã. Enfim existe uma diversidade de
pensamento, tanto crítico como autônomo, como os passivamente conduzidos,
conformados. Professores e a escola são reflexos e partes da sociedade
brasileira.
Antes
de debater todas as questões políticas e partidárias, evidentemente que a
mobilização social dos professores por meio da greve reflete uma inequívoca e
legítima união por reivindicações que se traduziram no protesto a partir do
momento em que o governo do Paraná pretendeu retirar, aniquilar direitos dos
servidores públicos. Eis a questão maior!
Crer
veementemente que em primeiro lugar deva ser colocada a questão partidária, é
cometer um grande equívoco, de supor que um só partido, uma só pessoa fossem os
“salvadores da pátria”, ou que um só partido ou pessoa fossem os causadores de
todas as desgraças.
“Fazer
política”, ser filiado a um partido político não é por si só negação ou
consciência política, caso a conduta seja a de subserviência, do tipo achar que
está tudo “mil maravilhas” no governo federal e no estadual o contrário... e
vice versa.
Fases de Fazer Frases
Braços
cruzados. Mentes se cruzam. É na encruzilhada da história que entrecruzam
rumos.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Peleguismo é palavra comum no sindicalismo
brasileiro, e veio à tona no protesto dos caminhoneiros ao bloquearem as
rodovias. Se não fossem as decisões judiciais e a pesada multa – nenhum frete
ou balança de pesagem aguentariam – o ímpeto não diminuiria. Lá no asfalto, no
acostamento, líderes não querem parar, dizem não serem representados pelos
sindicatos. O governo federal não titubeou e, desde o primeiro instante ingressou
na Justiça contra os trabalhadores.
Valeu-se da Polícia Rodoviária Federal para pregar o cacete nos
“baderneiros”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
No
Paraná, é pouco o anunciado congelamento dos salários do governador e seu
secretariado. Exemplo é fazer o pagamento somente após rigorosamente cumprir
com a folha e os direitos que estão ainda pendentes.
Reminiscências em Preto e
Branco
Se “certezas” e “dúvidas” se misturam, a história
carece de “tempo” para diferenciá-las.
José Eugênio Maciel, professor, sociólogo, advogado, membro da Academia Mourãoense de Letras e Centro de Letras do Paraná.
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