Como todos sabem, merecendo ou não, pertenço à Academia Mourãoense de Letras – AML. Sou, portanto, “imortal”: não tenho onde cair morto (putz, essa ninguém aguenta mais, não é?)!
Quando fui convidado para integrar a Academia, em 2005, o Sid (Bocasanta)Sauer também foi e ambos ficamos sabendo logo depois de termos sido indicados. Quem nos informou, entretanto pediu para que guardássemos sigilo até que fôssemos oficialmente convidados. E assim o fizemos. Só entre nós, de vez em quando, conversávamos sobre o assunto.
Uns quinze dias depois, fui chamado pela diretora do Museu Municipal, Edna Simionato a comparecer naquele local, às 14 horas, para me encontrar com um empresário que queria anunciar no meu jornal (Entre Rios). Já desconfiado, uma vez que a Edna pertencia à Academia e o Museu não era um lugar dos mais adequados para tratar de negócios, liguei para o Sid e, como eu imaginava, ele também fora convidado. Pelo mesmo motivo. Já tínhamos quase certeza, naquelas alturas, de que se trataria do convite. E fomos pra lá, com equipamentos e tudo, o Sid com a sua inseparável máquina fotográfica e eu com um caderninho de anotações debaixo do braço. Além da Edna, estavam presentes dois outros membros da Academia (o que fez aumentar a nossa suspeita), Gilson de Góes e Amani Spachinski de Oliveira. Menos o tal do empresário. Conversa vai, conversa vem, depois de uns trinta minutos de espera o Amani interrompeu a conversa (não foi com o seu famoso “meu grito”) para dizer aquilo que já sabíamos: tínhamos sido indicados para a Academia Mourãoense de Letras. Isso, depois de prolongar-se por mais de meia hora, fazendo um histórico da entidade e nos preparando para o ato final (?). Na verdade, ele aguardava o Presidente da Academia, Dr. Francisco Irineu Brzezinski, a quem caberia a incumbência de nos convidar oficialmente. Depois de confabular com a Edna e o Gilson, enfim nos fez o convite. Eu e o Sid nos olhamos, com um forçado sorriso de contentamento, fazendo de conta que estávamos surpresos e emocionados, ambos falando ao mesmo tempo palavras tipo: ó, que legal, que surpresa, que honra, não mereço...
Logo depois da nossa resposta, que foi positiva – já havíamos combinado antes - eis que surgem, no outro lado da rua, caminhando em nossa direção, o presidente da Academia e a professora Cida Freitas, Secretária da entidade. Pronto(como diria o Dr. Claudino)! O Amani, com a educação que lhe é peculiar e respeito à hierarquia, houve por bem anular tudo. E nos recomendou que fizéssemos de conta que não sabíamos de nada (eu pensava que só o Lula fazia isso) e deixássemos que o Dr. Irineu fizesse (mais uma vez) o convite oficial. Antes do Presidente, a Cida também usou a palavra e ambos falaram mais ou menos o que já tínhamos ouvido do Amani. Por fim, o convite, desta vez oficial, mesmo! E mais uma vez, claro, eu e o Sid nos olhamos e nos emocionamos. E aceitamos! Depois de repetirmos o ato, espantosamente igual ao primeiro, talvez com mais emoção ainda, fomos aplaudidos, com abraços e cumprimentos. Era o final de uma inusitada peça. Peça “imortal”.
E estamos lá, até hoje, convivendo com verdadeiras feras da literatura. Afinal, somos bons atores.
Osvaldo Broza, escritor, membro da Academia Mourãoense de Letras. Na imagem acima, discursando diante do governador Bento Munhoz da Rocha Neto, do prefeito Horácio Amaral, Dr. Renato Fernandes Silva e professor Ephigênio José Carneiro, em nome do Diretório Acadêmico, na inauguração da Fecilcam em Campo Mourão.
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