28 de jan. de 2013

COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: Só a (Ha) Sônia


Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-Piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...
Fogueira sem brasa
(...).
Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas prá poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...
(...)
Existem pessoas indissociáveis de outras e dos fatos. Elas proporcionam sentidos mútuos de entrelaçamento que só é possível distinguir e não separá-las. A curitibana de nascimento e mourãoense por afeto há mais de três décadas, Sônia Sekscinski compunha uma tríade cristalina com o jornalista Aroldo Tissot e com o Jornal Gazeta do Centro Oeste. Essa trilogia inseparável é mais que a trajetória de um casal e do tempo de um jornal, ela faz parte de uma rica história dos meios de comunicação da nossa região, digna de registro, ainda que extremo nesse momento indizível no derradeiro adeus a ela, ocorrido na última segunda-feira, dia 21.
“A Sônia da Gazetinha”, “A Sônia do Aroldo”, expressões populares que também foram empregadas em face da repercussão da morte dela. A canção de Claudinho e Buchecha intitulada Fico Assim Sem você, alguns versos que abrem o texto desta Coluna, se tornam oportunamente emblemáticos e alusivos ao preito. Sônia, Aroldo e Gazeta do Centro-Oeste – não necessariamente nesta ordem – refletem a canção, que, noutro trecho menciona “Romeu sem Julieta/Sou eu assim, sem você/Carro sem estrada,/Queijo sem goiabada, (...).
Antes de conhecer Tissot e com ele se enlaçar, Sônia não fazia ideia como funcionava um Jornal, a rotina de uma redação. Há 30 anos ao fundarem a Gazeta do Centro-Oeste Sônia passara a ser a companheira fiel e lutadora como quem “cai na água e apreende a nadar”, ela passou a assinar a coluna social, desenvolvendo paralelamente relações públicas que foram decisivas para viabilizar o Jornal. Os tempos, muitos dos quais difíceis, encontraram na Sônia mulher determinada capaz de ser maior do que as adversidades. Tanto é assim que é conhecido o episódio da agressão covarde e criminosa que eles foram vítimas, custou a ela a perda da visão de um olho. Poderiam ter sucumbidos, mas não, sem soçobrarem, sacudiram a poeira e deram a volta por cima.
Nas páginas do jornal, graças à Coluna social, a Sônia sempre foi para comigo muito generosa, publicando acontecimentos sociais que me fiz presente, sem esquecer-se do meu aniversário, sempre carinhosamente lembrado. Numa dessas ocasiões, por causa da solenidade da Academia Mourãoense de Letras eu fiz uso da palavra. Ela fotografou aquele encontro e registrou: “Maciel, um dos mais brilhantes oradores...”. Como das outras vezes, liguei para agradecer a gentileza e dizer que ela tinha mesmo exagerado naquele registro.
O que mais dizer? O sorriso aberto, os olhos vivazes fazem do luto a dor insuperável. Porém, permite à advertência, a vida tem que prosseguir, mesmo que não seja da igual maneira. Cabe citar o poema de Cora Coralina:                  
 “O tempo muito nos ensinou.
Ensinou a amar a vida,
Não desistir da luta,
Recomeçar na derrota,
Renunciar as palavras e pensamentos negativos,
Enfim, acreditar nos valores humanos.
Ser otimista!!!”“.
Fases de Fazer Frases
O pensar só é livre quando o pensamento liberta o ser que pensa.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Não se pode afirmar que o governador Beto Richa realizou uma reforma no secretariado, quando muito ele fez mudanças de nomes e de posições. A experiência de ter bem administrado Curitiba não é simplesmente a mesma coisa do que governar o Paraná.
Reminiscências em Preto e Branco
Olhar o passado com as vistas cansadas é tão desafiador quanto vislumbrar o futuro com o sentimento idealista esmorecido. Mas é preciso viver e não apenas sentir o tempo.
José Eugênio Maciel é professor, advogado, sociólogo e membro da Academia Mourãoense de Letras. Imagem: Cidinha Coletty.

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