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2 de ago. de 2012
COLUNA DE ESTER PIACENTINI: Adalberto Machado da Luz
Parece que foi ontem, eu técnica em contabilidade, recém formada, trabalhando já há algum tempo em uma empresa de renome na cidade, conheço um jovem casal, noivos prestes a contraírem o matrimonio, pessoas simples, cheias de sonhos e planos, assim como eu e meu esposo.
Não eram ninguém mais que Adalberto Machado da Luz e Leila Tonello, ele filho único do sr, Almir e dona Maria Machado da Luz, proprietários de um armazém de secos e molhados, na Campina do Amoral, mais conhecido como Rio Sem Passo, ela professora primária, na escola municipal da comunidade.
Encontramo-nos novamente algum tempo depois, já estavam casados, eu exercendo a função de guarda livros, como era designado a função do contador na época, do armazém do Sr. Almir.
Quanta história pude ver, crescimento da família, a chegada dos três rebentos, Álvaro, Lílian e Rodrigo, o casal sempre trabalhando explorando o ramo de secos e molhados e procurando crescer de acordo com o desenvolvimento da região. Lembro-me do sofrimento emocional do Adalberto com a perda de sua mãe, anos depois o pai.
Mas este homem nunca perdeu a fé e a esperança, sofreu suas emoções, a seu lado a sempre guerreira e companheira inseparável a dona Leila, era assim que ele se referia quando falava na esposa.
Homem íntegro, ético, austero e forte. Deixa uma lacuna nas nossas vidas, não passou simplesmente, deixou um legado de simplicidade, dedicação e humildade.
A enfermidade o acometeu há alguns anos, mesmo em suas limitações não abandonou o que mais gostava, seu trabalho.
Quantas conversas tivemos, enquanto fazia minhas compras, e ele sempre a analisar suas verduras e legumes, observando os detalhes no atendimento e a disposição do produto em suas gôndolas.
Sua verdadeira paixão, o trabalho, ficava feliz quando falava em seus netos, seus filhos, sua guerreira, quando o sorriso de canto de boca surgia eu sabia que era sua descontração, muito tímido, não se permitia estar doente, era um valente.
Para homenageá-lo meu grande amigo, peço licença à sua esposa, filhos, noras, genro e netos, à sua família enfim, vou transcrever uma linda poesia, que há anos um grande amigo, homenageou a memória de meu saudoso pai, empresto as palavras do grande poeta Gioia Junior.
ELEGIA DE UM IRMÃO EM REPOUSO ADALBERTO MACHADO DA LUZ!
Olha de frente a morte e mostra os músculos!
Encara a mulher e ri, Com teu sorriso aberto de dentes perfeitos,
Ri às escâncaras, como chuva torrencial: não te causará dano, Adalberto, dano algum que és de aço, belo e forte e contra um moço,
-mocidade na boca, nos passos e nos olhos – que poderá fazer a morte?
Não admitas que ela te envolva com aquela cantinela de neném dormir, de amolecer as pernas.
De jogar areia nos olhos, de fingir carinhos doloridos, não admitas!
Se ela quiser, que venha de frente e te derrube, mas, de um só golpe!
Durante o sono não é bom que ela venha, no momento do repouso, sei que ela não ousará coisa alguma:
Mas, na madrugada, na fresca madrugada de orvalho e estrelas,
Vestido e calçado, penteado e de gravata, poderás ir com ela.
E sei que irás sem medo e sem ternuras. sem ais de amor ou cantos de sofrer.
ADALBERTO MACHADO DA LUZ!
Aperta a mão da tua companheira e fala da lição da morte digna.
Da morte sem sustos.
Da morte de pé. “Isso foi antes, agora é diferente, agora tudo é manso; Eu não gostava de coisas tranqüilas, mas agora gosto.
Estou descansando, descansando, eu trabalhava demais, sabe?
Não quero falar de mulher e filhos, que isto não é hora de lembranças e choros.
É bom quando a brisa passa por aqui e trás perfumes de rosas.
É bom também, por mais incrível que pareça, quando a chuva cai.
E é bom também que eu tenha vindo antes, e que possa dormir o meu sono profundo.
Pertinho de papai.
Ah! Tinha me esquecido:
Tenho cantado muito!
Quando a gente está aqui, a gente canta, e até eu, estou gostando da minha voz de baixo, que parece uma trombeta,
Está purificada, minha voz está purificada, - entenda bem essa palavra abençoada – Purificada....sabe? Purificada!”
ADALBERTO MACHADO DA LUZ!
Entendo-te bem –
Mais que as sombras, mais do que ninguém.
Pela tua vitória não tenho que pedir nada,
Pelo por nós, pois nós é que carecemos:
“ A certeza é grande Pai,
Mas a saudade é danada;
Acalma a saudade, se for da tua vontade.
Amém!”
Ester de Abreu Piacentini, escritora, membro da Academia Mourãoense de Letras
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