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13 de jun. de 2012
COLUNA DA PROFESSORA CIDA FREITAS: Elo amor de Deus, olhem pelos pobres!
O inverno chega impiedoso. Nos casebres, pouco agasalho e muito frio. A pobreza fica mais visível nessa época. Tempo de exercitar o sentimento de solidariedade, tempo de se colocar no lugar do outro para sentir o peso da miséria.
O espírito solidário, próprio dos brasileiros, fica mais aguçado e todos respondem positivamente a todas as campanhas de agasalho. Isso é bonito de ver. Entretanto, a miséria parece sempre maior do que o socorro que se estabelece.
Sabe-se que há pobres e pobres. Há aqueles que, apesar da labuta diária, de trabalhar muito, nem sempre conseguem o que precisam, pois além das necessidades básicas, existem questões de saúde e tantos recortes que a vida impõe. E há também, infelizmente, os que fazem questão de continuar na pobreza para usufruírem das benesses dos poderes públicos.
É preciso separar o trigo do joio. Admiro o trabalho feito pelos Vicentinos. No silêncio da humildade, homens, mulheres e jovens, desenvolvem ações organizadas de tal maneira que quem realmente merece recebe ajuda. As famílias são cadastradas, recebem a visita de um membro da Entidade que verifica se as informações procedem. São ações gratuitas, baseadas no carisma de Vicente de Paulo. Ninguém recebe nada pelo trabalho e nem usa para prestígio próprio.
Estamos no ano de eleições, nós, os eleitores. Os políticos estão sempre em ano de eleição, pois tudo o que fazem gera dividendos para as próximas eleições. É assim em todo lugar, a diferença fica por conta do bom senso, do senso de dignidade, do espírito humanitário de alguns, mulher e homem públicos.
Toda vez que foco o tema pobreza, a indignação aflora. Pobreza não é um mal sem remédio, não é coisa do destino, mas a falta de projetos públicos para a promoção humana. Está diretamente ligada à fragilidade da educação e da cultura.
A fragilidade da educação e da cultura está intimamente ligada aos interesses da maioria dos políticos que prefere o povo como massa de manobra, sem senso crítico, sem discernimento. Isso é um crime. Para que muitos “Senhores” possam reinar, muitas crianças, adolescentes e jovens veem minadas as chances de viverem dignamente e seus pais não conseguem sentir o orgulho de ser mantenedor da própria família.
Neste inverno chuvoso, quero desafiar os candidatos a prefeito e a vereador para apresentarem projetos que realmente promovam o ser humano, não pelas benesses, pelo vale isso ou vale aquilo, mas pela educação, pela formação verdadeira para a dignidade e para o trabalho. Quero desafiá-los a cadastrarem as famílias carentes, não para saber quantos votos há em cada família, mas para conhecer-lhes as dificuldades e pensar em como resolver a situação.
Discursos e abraços não promovem ninguém. Maldito aquele que usa a inocência das crianças e ingenuidade de seus pais para se promoverem, para alcançarem êxito nas eleições! A vida cobrará de algum jeito, podem ter certeza.
Meu texto ficou pesado? – Também acho. É que presenciei hoje um pai trabalhador, que cuida dos jardins de tantos mouraõenses: A esposa doente e a mãe internada em fase terminal por um câncer. Três filhos menores na sua dependência. Para tentar ajudar, fui conhecer sua realidade. Mora em um cômodo alugado. A dona do lugar pediu para desocuparem a “casa” devido ao barulho dos filhos: três cinco e onze anos.
No rosto do homem estão as marcas da pobreza, do desespero. Será que ninguém sabe de sua existência? – Será que não passaram por lá ainda para pedir voto? –Se passaram, não enxergaram? É um trabalhador, não é como certos fulanos que vivem de troca de favores.
Daqui a pouco vamos ouvir os discursos inflamados sobre educação, segurança e tudo o mais. Como ficam aquelas crianças nessas noites de inverno impiedoso? Como fica a consciência dos políticos que adoram os pobres na hora do voto?
Certamente há milhares deles ao nosso redor. Não falo somente por um. Falo por todos. Dinheiro público é para atender o povo em suas necessidades. Não há dinheiro ou não há vontade?
Cida Freitas – empresária, professora e escritora, membro da Academia Mourãoense de Letras.
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