6 de jun. de 2009

COLUNA DO NERY THOMÉ: Custos da criminalidade que mata


Segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de San Andrés, Buenos Aires, os jovens latino-americanos, entre 15 e 24 anos, são os que mais sofrem riscos de serem assassinados, com 36 vezes mais riscos de serem morto do que um jovem europeu. Entre os países pesquisados - 83 - somente 22 apresentam mais casos de homicídio do que de suicídio, sendo que 18 deles estão na América Latina.
No Brasil, o Ministério da Justiça pretende implantar o projeto "Prevenção da Violência Entre Adolescentes e Jovens no Brasil: Estratégias de Atuação", cujo objetivo é identificar o que leva os jovens a figurarem nas tristes estatísticas de homicídio, para então propor medidas de prevenção. A ideia é que os primeiros resultados da pesquisa já sejam divulgados no final deste ano. A pesquisa vai analisar pessoas com os seguintes perfis: idade entre 18 e 24 anos, presos ou reclusos; e de 12 a 21 anos que cumprem medidas sócio-educativas de internação.
Sabemos que a violência gera violência e que os jovens estão entre as maiores vítimas, figurando como pólos passivos ou ativos, principalmente pelo fato de sua proximidade com a criminalidade, o uso de drogas e a violência de trânsito. Só para ser ter uma dimensão do quanto a juventude está corrompida pela criminalidade, 54% da população carcerária no país apresenta indivíduos entre 18 e 29 anos de idade, sendo que a maioria é do sexo masculino, moram em periferias de grandes centro urbanos, afro-descendentes e baixíssimo grau de escolaridade.
Acredito muito naquele velho ditado popular de que “mente desocupada é oficina do ....”. O tempo ocioso é um grave risco para crianças e adolescentes de qualquer classe social, mas é ainda mais perigoso quando falamos de famílias desestruturadas, onde falta autoridade dos pais, não há comida na mesa, nem incentivo para formação intelectual.
O ensino em tempo integral seria uma boa alternativa para ocupar o tempo de nossos jovens. Pela manhã, as disciplinas normais destinadas ao ensino médio e fundamental. À tarde, atividades complementares, como modalidades esportivas, música, arte, o aprendizado de um novo ofício, leitura, entre outros, dados de uma maneira lúdica para atrair e conquistar a atenção dos atendidos.
Na década de 80, durante o governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, foram criados os Centros Integrados de Educação Pública, que tinham como proposta a educação em tempo integral voltada para crianças carentes. A ideia foi aprovada pela sociedade e repetida em várias localidades do país, mas, com o passar dos anos, a proposta de educação integral pública parece ter caído no esquecimento de nossas autoridades, que reclamam dos custos para tal proposta. Como se não fossem altos os custos da criminalidade.
Segundo pesquisa realizada pelo Banco Mundial, de cada 10 reais gastos no Brasil, 1 é desperdiçado devido à criminalidade. Os brasileiros são duplamente penalizados, pois, além de pagarem seus impostos, que não são poucos, precisam pagar valores a mais em produtos ou em serviços para que as empresas possam compensar seus gastos com a contratação de seguranças, sistemas de vigilância, entre outras medidas.
Há de se contar ainda que, devido ao aumento do número de furtos e roubos de veículos, as seguradoras tendem também a elevar o preço do serviço. O turismo é outra área bastante afetada pela criminalidade brasileira e que, a cada grande escândalo nessa área, notícias chegam a todo mundo assustando os possíveis visitantes vindos de outros países que desistem da ideia ao ver seus conterrâneos nas principais manchetes de programas e jornais policiais brasileiros
Precisamos encarar a violência como um problema de todos, antes que ele se alastre como uma doença incurável atingindo toda uma sociedade, sem exceção.
Neru Thomé é jornalista e engenheiro agrônomo em Campo Mourão.

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