Não sei de onde…. *
“Eu mesmo me julgo pela aparência. E me acho estranho”.
Estive Nólocal (b.d.C.).
Dois senhores aguardam a chegada do ônibus de viagem, na pequena localidade de Jaca Caída, mais conhecida como Jácaída, vilarejo tão longínquo que o mais perto dali era muito longe. Lá há tempos não tem mais jaca.
Nos dois únicos bancos da rodoviária, eles sentaram, cada um em um banco. De frente um para o outro eles começaram a se olhar, discretamente, até que um afirma achar que conhece o outro, e pergunta:
– O senhor é daqui deste lugar?
– Há 42 anos!
– E eu a 45 anos!
– Mas não estou lembrando de onde…. E saiba o
senhor que eu conheço todo mundo deste lugar, inclusive pelo nome!
– E eu até pelo apelido!
– Mas não estou me lembrando de onde eu lhe
conheço…
– Deve ser daqui, eu sou daqui! Mas também não
sei de onde lhe conheço.
– Ora, daqui!
– Vamos perguntar para o Amintas, vendedor de
passagens, antigo deste lugar.
– Seu Amintas, olhe bem pra nós dois,
que somos deste lugar, você conhece a gente de onde?
Amintas tira os óculos do rosto, limpa bem as
lentes, põe de novo e muito pensativo, passado alguns minutos, tanto olha para
um quanto para outro…
–
Eu trabalho aqui já vai fazer 30 anos! E não sei de onde que eu conheço os
senhores… Pra falar a verdade, mesmo, acho que não conheço os dois.
Quietos, os dois viajantes voltam a
sentarem, cada qual no seu banco. Ambos circunspectos, só olharam uma
única vez e de soslaio.
Eles continuavam pensativos, intrigados
por se conheceram mas sem fazer ideia alguma de onde, como, nada vinha a
lembrança da fisionomia. Mas nem um arriscou perguntar sobre onde morava,
parentes, o que faziam. Nada!
Também em silêncio e calmamente, eles
vão para o banheiro, primeiro um, depois o outro. Fecham a porta e depois saem,
quase ao mesmo tempo para lavarem as mãos.
Então, olham para o espelho, tanto para
si quanto para o outro:
– E já sei de onde eu lhe conheço, foi daqui.
Aqui, te vendo no espelho!
– Eu também, foi daqui, quando lhe vi no
espelho!
Eles tinham a aparência de jacas
caídas, como a do Amintas bilheteiro.
Fases de Fazer
Frases (I)
Lamento estável
é lamentável.
Fases de Fazer
Frases (II)
A elegância
sofisticada é o belo.
Fases de Fazer
Frases (III)
Julgo o vulgo e
o vulgar a julgar.
Fases de Fazer
Frases (IV)
Leve a palavra leve.
E não traga a palavra que traga.
Fases de Fazer
Frases (V)
Não confundamos
tudo o que se esvai com todo o ex que vai.
Olhos, Vistos
do Cotidiano (I)
“Ruralzão”,
é o apelido que alguns cronistas da capital deram
ao campeonato paranaense deste ano, além de reclamarem da arbitragem e a
situação dos gramados do interior. Verdades a parte, pode ser que os times da
capital nem cheguem a final do paranaense, pois vencer os times do interior não
é tarefa fácil. O Paraná já voltou para a segunda divisão e a dupla ATLETIBA
não fará a final do Campeonato. (Um dos dois vai cair fora). O Curitiba perdeu
de 2X0 para o Maringá, partida da ida. E também na ida, o Athlético só empatou
fora de casa com o Azuriz de Pato Branco.
Além do mais, a dupla ATLETIBA estão na
segunda divisão (série B) do Campeonato Brasileiro.
Olhos, Vistos
do Cotidiano (II)
Embora tenha
ouvido só o final da propaganda, chamou a atenção o anúncio do rádio, a
cartomante Cristina, que anuncia fazer e desfazer despacho. Ela
garante emprego, colheita…
Enfim, garante tudo. Mas não deixa de
ser interessante o fato de fazer ou desfazer qualquer despacho. É amarrar
ou desamarrar qualquer feitiço, ao gosto do freguês.
Olhos, Vistos
do Cotidiano (II)
Considerando
que o Carnaval é uma data móvel, ou seja, a cada ano é em dias diferentes, o
termos é bem aplicado – data móvel – pois a folia é toda móvel.
Farpas e Ferpas
(I)
O forte é mais
forte quando simula fraqueza.
Farpas e Ferpas
(II)
A solidão está
sempre à disposição de quem está só.
Farpas e Ferpas
(III)
A fonte do
desejo nem sempre é a mesma a do prazer.
Sinal Amarelo
(I)
Quem se
precipita no precipício apita.
Trecho e Trecho
“A grande
desgraça da vida é ser inofensivo”. [Monteiro Lobato].
“Não pode amar o progresso quem não
ama a tradição”. [Olavo Bilac].
Reminiscências
em Preto e Branco
Na tardança da
vida o melhor já foi vivido.
José Eugênio Maciel, mourãoense, filho de pioneiros, escritor, professor, advogado, colunista do jornal Tribuna do Interior e membro fundador da cadeira 3 da Academia Mourãoense de Letras, tendo como patrono Eloy Maciel, desde 21 de maio de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário