mais importantes vozes líricas da literatura brasileira e das literaturas de língua portuguesa. Seu lirismo é marcado pela exploração sonora da língua e por movimentos rítmicos que conferem musicalidade aos versos e, ao mesmo tempo, ajustam-se aos movimentos da alma. O vigor das imagens, a qualidade formal dos versos, a variabilidade das formas poéticas (soneto, canção, epigrama, elegia...), aliados ao tratamento filosófico dado aos temas, explicam esse lugar especial que Cecília ocupa na história da nossa poesia.Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasce no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Órfã de pai e de mãe aos três anos de idade, é educada pela avó materna, Jacintha Garcia Benevides, natural da ilha de São Miguel, nos Açores. Essa avó exerce muita influência sobre a sua formação, cultivando no espírito da futura escritora, desde cedo, o interesse pela pátria portuguesa, sobretudo os Açores, assim como pela cultura indiana e pelo Oriente como um todo. Provavelmente é essa ascendência açoriana que imprime no imaginário da autora o tema da viagem como um apelo recorrente na sua produção literária, que surge inclusive no título de uma de suas obras.
Publica o seu primeiro livro de poemas, intitulado Espectros, em 1919. Segue-se um período de intensas atividades literárias, época em que se encontra com um grupo de escritores que, entre 1919 e 1927, funda as revistas Árvore Nova, Terra de Sol e Festa. Em torno da revista Festa reúnem-se autores como Andrade Muricy, Adelino Magalhães, Tasso da Silveira e Murillo Araújo, que formam, no Rio de Janeiro, a corrente do Modernismo brasileiro que se convencionou chamar “espiritualista”.
O convívio de Cecília Meireles com os intelectuais do grupo deve-se ao fato de eles apresentarem uma proposta independente das coordenadas gerais do movimento modernista de São Paulo e de introduzirem, na criação, o diálogo com o pensamento filosófico. Sem responder diretamente aos propósitos de afirmação da nacionalidade e de inovações formais e ideológicas, o grupo ligado à Festa pretende ampliar os limites do projeto modernista em prol de uma arte mais universalista. Fonte: Revista Prosa Verso e Arte
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