Neste mês
de maio, mês das Mães e porque não dizer, mês das mães, oportuno prestar uma
singela homenagem a uma mulher que muito fez pela educação e cultura da nossa Campo
Mourão e região.
A homenageada é a professora Sinclair Pozza Casemiro, um dos quatro filhos do casal tradicional e respeitado em Campo Mourão- seu Fulvio Pozza, falecido em julho de 2017, com 91 anos, e da dona Idalina, hoje com 89 anos.
Ela é destaque na história da educação e da cultura mourãoense ao longo das últimas
décadas em várias instituições e entre elas, a nossa Fecilcam.
Sinclair
foi uma das pessoas importantes para a criação, construção e consolidação
da Academia Mourãoense de Letras (AML), sendo fundadora da cadeira número 14, cujo patrono é Alvino Aloir Cordeiro.
-"A
professora Sinclair sugeriu que tudo acontecesse legitimamente, por meio de
instituições idôneas e representativas do meio acadêmico. Entendeu a AME e o
Departamento de Letras da Fecilcam serem as instâncias mais balizadas e
significativas para este empreendimento..."- Extraído do Histórico da
Academia Mourãoense de Letras.
Sinclair é graduada em Letras Anglo Portuguesa pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 1976, com mestrado em Letras pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquiita Filho |(Unesp) em 1995, doutorado
em letras, área de Filologia e Linguistica pela Unesp em 2001, e pós-doutorado
em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). É coordenadora
de Pesquisa do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Caminho de Peabiru na
Comcam-Necapecam-, com sede em Campo Mourão. Pesquisadora pelo CNPq da Faculdade
Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – Unespar/Fecilcam.
Foi professora, diretora e vice-diretora da Fecilcam.
Em 1998 recebeu o título de Cidadã Benemérita
de Campo Mourão. Publicou diversas obras literárias. Ótima leitura da ENTREVISTA DE DOMINGO.
QUEM É SINCLAIR POZZA CASEMIRO? Sou nascida em Ibiporã (Paraná) em 21 de setembro de
1955.
Filha de Fúlvio e Idalina,
casada com José Aparecido Casemiro, mãe de
Samara, José Henrique e Fúlvio César Casemiro; tenho minha nora Geisi Mara
Rodrigues Casemiro e sou vó da Giovana e da Clara Rodrigues Casemiro.COMO SE DEFINE? Como uma sonhadora, que acredita na vida, apesar de que perceba, com muita convicção, que parte de nossa humanidade já nos condenou. O que mais gosto em mim, é não guardar ressentimentos, de ter aprendido, com minha mãe, que perdoar é preciso. De procurar permanentemente desenvolver esse aprendizado.
COMO FOI SUA JUVENTUDE? LEMBRA DE ALGUMAS HISTÓRIAS? Também em Ivatuba e em Maringá. Me lembro de muitas, muitas histórias... minha infância e juventude vivi nos
tempos de expansão do Norte do Paraná, de criação de patrimônios, cidades se
desenvolvendo.
Ao mesmo temo, tempo de uma política
muito
Mesmo Maringá, onde vivia a maior
parte de minha família paterna, meus avós, “nonos”, e que foi um prolongamento
da minha, Ivatuba, era uma cidade relativamente pequena. Também vermelha e
posto de saúde, meus avós moravam na esquina, em frente à Umes - União Maringaense de Estudantes, onde havia muita movimentação, eu era bastante participativa e sempre havia o que fazer. E havia comunicação, amizade entre as pessoas dessas cidades. Havia eventos sociais, culturais que preenchiam nossos domingos.
A gente se visitava, os grupos de
jovens criavam projetos sociais juntos, religiosos e culturais, havia
muita
participação da juventude na vida dos municípios. Sentimento de solidariedade e
compromisso, engajamento social. Inda mais que era também a época da Ditadura e
sempre se discutia muito a conquista da liberdade, da democracia e a
desigualdade social. Havia um sentimento de compromisso com o país, com a
cidade onde morávamos, com a região, com o coletivo. Época do Frei Beto, do Padre
Zezinho, do Chico Buarque de Holanda, do Geraldo Vandré, de poetas e líderes que
nos chamavam para construir um tempo novo.
Da infância, já que me pergunta, ficou
bem forte uma lembrança muito triste: minha mãe chorando, varrendo uma calçada
enorme, de minha casa, com uma barriga muito grande-carregava minha irmã
caçula, a Cleide, era 1964 e as rádios não paravam de
conclamar alguma coisa
muito extraordinária, eu não entendia bem o que era, mas percebia que era uma
espécie de guerra, de algo perigoso que iria acontecer no Brasil. Tinha 5 anos.
Homens falavam em tom muito enérgico nas rádios, havia muito medo. A mãe
chorava e me pedia para rezar. Era o período conturbado da nascente Ditadura
que durou duas décadas.
Eu mal sabia, mas presenciava entre as
lágrimas de minha mãe e as falas ardorosas de meu pai, das pessoas que
frequentavam minha casa, o começo de um tempo escuro que tomou conta de toda a
minha juventude. Quando ela acabou eu já tinha dois filhos. Mas um tempo que me
levou a questionar, a lutar, me fez ter coragem de tomar atitudes na vida,
participar e defender ideais. Pensar no bem comum.
Eu e meu pai levávamos horas a
discutir ideias, a defender nossos pontos de vista. Eu gostava muito de
conversar com ele, com meu nono, com quem eu me identifica ainda mais e que
tinha participado da primeira guerra mundial. Quanta história ele contava
naquele italiano complicado, recheado de português e com aquela voz forte que
se perdia depois, se apagava, no meio de um choro manso e fundo, sofrido, de um
olhar que se perdia, assim como suas histórias, num lugar tão longe e num tempo
tão difícil da Itália distante. E então eu lia, lia muito para entender as
coisas que ouvia. Ele tinha muitos livros e a gente lia junto também muita
coisa. O nono é uma lembrança feliz também de minha infância e de mocinha.
Quando morreu, eu tinha 14 anos. Viveu conosco em Ivatuba os seus últimos dias
e morreu em Maringá, cidade que tanto amou e viu crescer.
ESSE TEMPO DE TURBULÊNCIA MARCOU MUITO SUA VIDA? Outra lembrança forte que tenho em
minha juventude, é da Guerra do Vietnã – terminou em 1975. Comemorei quando as
rádios e jornais televisivos noticiaram o fim da guerra que parecia nunca mais acabar.
Foi muito bom! Os destroços da guerra, os corpos dilacerados se estampavam nas
revistas e jornais de minha infância e juventude, os noticiários nos traziam
todos os dias histórias de jovens, de famílias que comoviam, revoltavam. E
agora se iniciava um novo tempo.
QUAIS OUTRAS LEMBRANÇAS NA FASE ADULTA? Já mais amadurecida , outro evento marcou muito minha vida. Dividido em
dois momentos: o primeiro, quando o presidente da Assembleia Legislativa Aníbal
Khuri (foto), como governador em exercício, nos comunicou que chancelaria a
universidade para Campo Mourão, “o município e a região mereciam já sua
universidade”, disse ele.Estávamos eu, o Tauillo e o professor Rubens. Foi um momento mágico, divino, fomos comemorar com um sanduíche muito gostoso, nós três, que o Tauillo sabia onde encontrar. Coisa de jovem, como era o Tauillo. Aceitamos satisfazer seu desejo com muita alegria.
E veio logo em seguida, o segundo
momento desse evento, agora trágico: morre Aníbal Khouri. Com ele, a nossa
Universidade Regional, capciosamente transferida para Jacarezinho por Hermas
Brandão, Beto Richa e Lerner. Começou tudo de novo, porque um sonho “de
verdade” não morre, nunca desistimos.
DESDE QUANDO EM CAMPO MOURÃO? Desde 1982, vim para acompanhar meu marido, cuja
família adquirira terras aqui na região, mudaram-se todos. Transferi meu
trabalho para cá, era professora da área de Letras. Lecionei em primeiro lugar
no Colégio Estadual João de Oliveira Gomes, Ensino Fundamental e Médio.
COMO FOI SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Iniciei minha trajetória profissional
em Ivatuba, já aos 14 anos. Naquele tempo, isso era normal. Ainda mais que
faltava professor. Eu escolhera lecionar e assim que tive a primeira
oportunidade, já comecei a trabalhar com alfabetização de adultos por meio de
convênio com os governos municipal e federal.
Uma experiência que me marcou, foi gratificante,
era à noite. E durante o dia, contrato com carteira assinada como estudante Normalista
no Grupo Escolar “Afrânio Peixoto”. Depois, já estudando Letras, em 1973, na
UEM, comecei a lecionar no Ginásio Estadual “Clóvis Beviláqua”. Formada, passei
no Concurso Público e passei a lecionar também para o segundo grau.
Quando me mudei para Campo Mourão,
continuei trabalhando no Ensino de 1º e 2º. Graus e, em 1987, iniciei meu
percurso na Fecilcam.
Aposentei-me e mudei para Maringá. Lá,
não consegui ficar longe da sala de aula, trabalhei na Unifamma. E nunca mais
parei de trabalhar, nem pretendo. Se Deus quiser vou morrer com “lápis na mão”.
Hoje leciono em pós-graduação em diversos municípios, mas principalmente em
Cascavel e Toledo.
Outro trabalho que desenvolvo há anos
é em pesquisa na área indígena. Desde o início do ano 2000 venho mantendo
contato com os Guarani e desenvolvendo com eles diversos projetos.
Tive a feliz oportunidade de trabalhar
como vice-diretora e diretora da Fecilcam. Iniciando nosso projeto de
Universidade, o que fez muita diferença em minha vida. Como pessoa e como
profissional, pela convivência que tive com os colegas professores,
funcionários, com os alunos, com as comunidades local e regional, sempre tão
participativas da vida e lutas dessa memorável Instituição.
O QUE FEZ QUE NÃO FARIA DE NOVO? Difícil responder esta pergunta. Mas
há algo que me angustia e que tenho sentimento de que deveria ter feito: ter
participado mais efetivamente do momento de definição da sede da Unespar e ter
buscado impedir a ida da sede para Paranavaí.
Fui convidada um dia a participar de
uma reunião da Comcam e na Comcam – Comunidade dos Municípios da região de
Campo Mourão, cuja pauta era a sede da Unespar. Fui com vontade de me envolver,
de trazer a sede para Campo Mourão. Sartori – Rubens Luiz Sartori- estava
junto, o nosso grande sonhador e companheiro. Mas já era tarde.
Até hoje não entendi direito o que
aconteceu de fato, mas sinto muita tristeza quando penso que tudo começou com a
Fecilcam, pois foi a nossa Fecilcam que primeiro quis fazer seu projeto de
Universidade, a UR -
Universidade Regional. O professor Jacó Gimenez (foto) muito nos
ajudou logo depois. Lá bem no comecinho, o “Gilbertinho” – Gilberto Santana de
Alencar era meu companheiro de escrever o projeto. Ficávamos noite adentro ali,
com a Maria Luíza, fazendo os primeiros desenhos do que seria a Universidade.
Na verdade, todos da Fecilcam participaram dessa criação, em diferentes momentos
e situações, entre eles, o professor e doutor Rubens Sartori, mas esses dois
eram minha cola já bem no início, ainda nos primeiros rabiscos, e também a Gláucia, que amanhecia comigo
naqueles inícios, na criação dos novos cursos, por exemplo. Grandes desafios.
Mais a frente, quando vimos que a
universidade só para Campo Mourão seria difícil, o Estado não comportaria a
situação, que cada uma das faculdades também iria pretender a universidade,
seria mais possível uma universidade com todas as faculdades a exemplo da Unesp,
chamamos Paranavaí para conversar e a ideia foi lançada então para as demais
faculdades. Isso também isso nos satisfazia. Uma universidade multicampi.
No desenrolar do processo, contamos
com Instituto Paulo Freire, de Campinas (SP), ligado à Unicamp, contamos com
vários pesquisadores dessa Instituição que nos possibilitaram chegar ao
primeiro Mestrado Interinstitucional do Paraná e talvez do Brasil. Para isso,
fizemos parceria com a Unesp (Araraquara), com a Universidade Federal do
Paraná, com a UEM (Maringá). Tudo isso juntando também o apoio da APP-
Sindicado dos Professores do Paraná, além de toda a comunidade de Campo Mourão
e da Comcam tendo à frente o Município de Campo Mourão, inclusive, na parte
financeira e logística. Estou simplificando, mas só para dar uma ideia do
pioneirismo da Fecilcam.
Então era natural para mim e creio que
para todos que vivenciaram este processo, que Campo Mourão fosse, por direito,
candidata à sede. E isso não aconteceu. Nem quero discutir mais. Mas confesso
que foi muito difícil, muito triste por um bom tempo, me aproximar de Campo
Mourão, vir chegando à cidade, sabendo que perdera a oportunidade de sediar a
Universidade pela qual tanto lutamos. Doía demais, era insuportável, mesmo. Não
adianta eu disfarçar, eu negar. Isso me entristeceu demais, me partiu, foi
difícil superar, ainda não superei, aliás.
COMO A EDUCAÇÃO ENTROU EM SUA VIDA? Desde criança gostava de dar aulas a
todo mundo: irmãos, primos, amigos, até meus bichos eram meus alunos quando não
tinha ninguém para brincar de escolinha comigo. Sempre quis ser professora, meu
nono me incentivava, dizia que era uma profissão muito importante. Ele era uma pessoa
muito culta, vivia lendo, discutia qualquer assunto de qualquer área com
pessoas esclarecidas da época. Eu o acompanhava, curiosa, queria aprender, lia
muito e sonhava ser educadora. Gostava demais de Geografia, de Literatura e de
Gramática. Escolhi Letras.
ENTRE TANTAS EXPERIÊNCIAS, QUAIS NÃO SAEM DA MEMÓRIA? Sem dúvida, a Fecilcam e o seu projeto
de Universidade.
COMO SURGIU A IDEIA DA ACADEMIA DE LETRAS EM CAMPO MOURÃO? Eu sempre fui muito crítica com
relação às Academias. Elas são uma faca de dois gumes, ou de muitos, mas
limitando-nos a dois, ou
duas faces, podem ser fechadas, apenas administrativas
e de controle, ostentar poder e restringir a cultura a grupos eleitos.
Prevalece, nesse caso, o gosto pelas discussões inócuas, o personalismo de
notáveis, a discussão de Regulamentos, pois eles tanto ajudam como prejudicam a
liberdade de expressão, base de qualquer avanço de ideias e projetos de
emancipação cultural. E ser abertas, quando elas podem ser divulgadoras e
estimuladoras das Letras e da cultura, da ciência em geral, da filosofia, teologia,
das artes. O nome “Letras” no plural designa Literatura, como também pode
designar o conjunto de saberes e áreas de saber de uma sociedade, a sua
escrita, seja ela verbal ou não verbal, seja ela de escrita física, como os
livros e similares, seja ela, hoje, não física- “on line”.
Então eu tinha um certo receio, não
queria participar de uma instituição burocrática, convencional, que inibisse a
criatividade e a imaginação, o que as instituições marcadamente tecnicistas e
formais, convencionais acabam fazendo. Elas inibem ao invés de expandir o
conhecimento, o prazer do saber em todas as suas manifestações.
Como ser, eu mesma, justamente, aquela
que a tomaria à frente de um projeto duvidoso? Eu concordava em juntar
escritores, poetas, falar e escrever, ouvir Literatura, se manifestar
livremente; reunir para sonhar, falar, declamar, cantar, fazer a poesia e arte,
por isso participara da fundação da Associação Mourãoense dos Escritores (AME). Mas
seu espírito era da espontaneidade, informalidade, criatividade e asas à
imaginação. Improviso. Poetar e escrever por mero prazer, mesmo a Literatura
mais contestadora, tinha que ser num ambiente livre, em que o poético é fluido,
desliza e nasce sem pedir licença. Nada institucional, a não ser o que
minimamente exista para materializar os sonhos. E para ser parte dela, basta
querer, sem seleção. Assim é a AME.
E eis que, por ironia do destino, fui
convidada pelo presidente da Academia de Letras do Paraná, Túlio Vargas (foto) - Odilon Túlio Vargas nasceu em Pirai do Sul, Paraná, no dia 28 de junho
de 1929. Túlio Vargas era filho do deputado Rivadavia Vargas e de Dalila Rolim
Vargas, é bisneto do célebre sertanista, revolucionário e político Telêmaco
Borba. Frequentou escolas do ensino fundamental em cidades do interior de São
Paulo e graduou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) em 1954, a
implantar a Academia de Letras de Campo Mourão. Ele veio a Campo Mourão, na Fecilcam,
veio juntamente com o deputado estadual Augusto
de Oliveira Carneiro e o presidente da Academia de Letras de Maringá, Antônio
Facci. Foi uma surpresa, um susto! Pedi um tempo e refleti muito.
Um mês depois
liguei para ele, agradeci a honra do convite e me desculpei, não seria a pessoa
ideal, sugeri outros nomes e me pus à disposição para colaborar. Ele insistiu,
disse que demorara para me procurar, que eu deveria pensar melhor e aumentou
meu prazo de decisão. Diante de minha argumentação, de que tinha dúvidas por
causa do destino que ela poderia tomar, ele me deu longa lição e disse que, por
ser assim crítica é que ele tinha me escolhido para a função, também essa era a
sua preocupação à frente da Academia da qual era presidente. E que, por assim
pensar, idealizou o projeto de criação de Academias por todo o Paraná. Não
queria o monopólio da capital, queria espalhar Academias para divulgar e
estimular as Letras no Estado. Assim me convenceu e, com a colaboração de um
grupo muito competente, criamos a Academia de Letras de Campo Mourão. Eu sabia
do desejo de Campo Mourão ter sua Academia, isso já tinha se manifestado quando
nas nossas reuniões na Casa da Cultura para a fundação da Associação Mourãoense
de Escritores - AME. Principalmente por parte de José Eugênio Maciel, Amani
Spachinski de Oliveira, Roberto Irineu Brzezinski, Rubens Sartori e Cida
Freitas.
Ilivaldo, seria injusto e trata-se de
um dever de honra e justiça às pessoas que se dedicaram intensamente ao
processo, eu rememorar como organizei a Comissão de Criação e Implantação da
Academia. Num trabalho de pesquisa minuciosa e
inédita, metódica, mas, voluntária, os membros da Comissão de Implantação
dedicaram-se de corpo e alma, foram assíduos, contribuíram com dados
relevantes, com criticidade, sugestões, ações e mesmo como representação
institucional de apoio. Quero lembrar delas aqui: Departamento de Letras da Fecilcam - professores
Wilson Moura, Mônica Sociofernandes, José de Castro. Representando a AME - Elza
Paulino de Moraes, Amani Spachinski de Oliveira, Rubens
Essa Comissão foi muito ativa, crítica, o que contribuiu
muito para um trabalho sério e fundamentado.
Mas há alguns desses membros, a quem
gostaria de especialmente ressaltar. E explico porque: eles eram naturais
ocupantes das primeiras cadeiras, seguindo o que já vinha ocorrendo na
implantação das demais academias do Estado, mas deveriam manifestar essa
vontade. Abdicaram. E não mais se manifestaram. Mas, seu trabalho nessa
construção, embora registrado, precisa ser lembrado, e esta é minha
oportunidade de fazê-lo. São eles: Wilson Moura, Mônica Sociofernandes, José
Passos, que representavam o Departamento de Letras da Fecilcam, Gilberto
Santana de Alencar, Noel Meireles Cardoso, representando a AME. Edilaine de
Castro, representando a Secretaria Municipal de Educação, representada por Elza
Paulino de Moraes.
A história de todo o processo, com os
sujeitos membros que nele participaram ativamente, com as decisões e ações da
Comissão, encontra-se registrada em um fascículo que eu mesma escrevi e foi
distribuído no dia de sua implantação. Sou imensamente grata a todos.
Mas, sinto necessidade de resgatar essas informações acima, e este é um
bom momento. Sem o seu trabalho, a AML não teria existido. Peço-lhe, por favor, que a homenagem
que desta entrevista procede seja estendida a quem neste texto manifesto o
reconhecimento.
APÓS ESSES ANOS TODOS, QUAL É O SEU SENTIMENTO HOJE? Gostaria de poder estar mais presente,
poder contribuir mais.
COMO ANALISA A EDUCAÇÃO ATUALMENTE? Triste. Situação que já prevíamos,
nós, professores mais antigos, quando vimos as salas se abarrotarem de alunos,
as atividades dos professores aumentarem e eles terem que se envolver com
excesso de aulas para sobreviverem. Quando vimos o livro didático substituir a
preparação de aulas, substituir os cadernos dos alunos radicalmente na maioria
das vezes. Quando vimos as crianças perderem a
presença das mães e dos pais no acompanhamento de sua educação na família
porque já não tinham mais tempo. Quando vimos as drogas rondando as escolas e
os alunos não reconhecendo mais a autoridade do Mestre.
Agora, quando vemos aumentar
assustadoramente o número de vagas nas cadeias dos municípios e até mesmo o
número de cadeias em mais municípios do Estado, a situação fica mais delicada. Escolas e instituições educativas com
qualidade deveriam aumentar e não os presídios, como está acontecendo.
Violência gera violência, assim como o contrário. Sou pelo contrário, portanto,
sou pela ampliação de oportunidades culturais emancipatórias.
QUAL A VOCAÇÃO DE CAMPO MOURÃO
NA SUA OPINIÃO? Ainda
bem que escolheu a educação entre uma das prioridades. Que ela cresça com
qualidade! Mas creio que tenha a vocação agrícola também, que pode se
desenvolver, por seu turno, na área agroindustrial. Esse foi o objetivo do Curso
de Engenharia de Produção Agroindustrial da Unespar: criar indústrias
relacionadas à produção de alimentos, remédios, perfumes, até de materiais para
construção a partir do que a sua terra dá. Numa cadeia por inteiro. Sonhamos um celeiro de indústrias para a
Comcam e até para o mundo com esse Curso.
QUAL MANCHETE FICOU NA SUA
HISTÓRIA DE VIDA? “Fim da Guerra do Vietnã!"”
UMAS E OUTRAS
MÚSICA– “Fur Elise” de Bethoven.
UM LIVRO – Hoje: “A anatomia de um genocídio” de David
Rothscun.
AUTOR? Viveiros de Castro
SONHO? Demarcação das terras indígenas,
titulação delas aos indígenas, que são
brasileiros originários e passou da hora reconhecer esse fato inquestionável...
sua emancipação civil definitiva, respeitando seus direitos originários
conforme a Constituição de 1988 reconhece e determina, especialmente no Art.
231. Regulamentá-la. Vivemos ainda um atraso histórico, semelhante ao que
vivemos na Abolição da Escravatura. Sinto-me envergonhada desse atraso e não
compreendo a alienação de nós, não indígenas, quanto a isso. A alienação leva à
negação e à cumplicidade. No século XXI?
SAUDADES? Sim. Das conversas com meu pai. Muitas
saudades dele.
MOMENTO INESQUECÍVEL? Quando soube da gravidez de cada um
dos três filhos Samara, José Henrique e Fúlvio César e nascimento das netinhas
gêmeas Clara e Giovana.
PROGRAMA? Brincar com as netinhas.
FRUSTRAÇÃO? Perder a sede da Unespar.
FAMÍLIA É.... Tudo o que somos e temos!
ESPORTE E TIME? Futebol, Palmeiras, mas não me
pergunte quais são seus jogadores... Palmeiras de coração, como herança de
família.
CAMPO MOURÃO DO PRESENTE...Educação.
CAMPO MOURÃO DO FUTURO...Educação e desenvolvimento
sustentável.
QUAL JOGADA QUE, SE PUDESSE, JAMAIS TERIA FEITO? |Deixar o time da Unespar fora de hora.
ÉTICA EM UMA FRASE É...Cuidar das pessoas, do mundo.
QUAL O SENTIMENTO DE RECEBER
ESTA HOMENAGEM? Gratidão
e timidez.
QUEM GOSTARIA DE VER HOMENAGEADO NO BLOG? Wilson Moura, Mônica Sociofernandes, José
Passos, Gilberto Santana de Alencar, Luiz Mazuchetti, Edilaine de Castro. São
os integrantes da comissão de criação da Academia Mourãoense de Letras que não
ocupam cadeiras na academia.
IMPORTÂNCIA DA “ENTREVISTA DE DOMINGO” NO BLOG? Oportunidade de conhecer a história de
cada entrevistado ao mesmo tempo que entender a história de coletivos sociais,
como de Campo Mourão. História vivida de cada um e história viva de campo
mourão. E de outras regiões a que essas histórias pessoais reportam.
RECADO AOS LEITORES. Ler muito.
QUAL PERGUNTA NÃO FORMULADA QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? POR
QUE DEMOROU TANTO PARA ACEITAR O CONVITE DESTA HOMENAGEM? Pela timidez, mas tenho o maior
reconhecimento dele, do grande Projeto que o embasa, pelo seu criador, o idealista e escritor Ilivaldo Duarte. Grande
incentivador da cultura em nossa Campo
Mourão. Um sonhador.
O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É.... cuidar da família e dos indígenas.
O QUE AINDA NÃO FEZ, QUE GOSTARIA DE FAZER? Ajudar a acabar com o genocídio
indígena no país.
Obrigado confrade Ilivaldo Duarte por mais esta extremista com uma pessoa tão ilustre! Tive a hora de ser aluno da professora Sinclair no Ensino Fundamental!
ResponderExcluirProf. Agnaldo Feitoza
Uma bela história da professora Sinclair. Ela fez muito pela educação em nossa cidade e continua fazendo pela Academia Mouraoense de Letras.
ResponderExcluirProfessora Sinclair , que bonito e saudoso ler essa bela entrevista, lembro que acompanhei um período da sua lida com as letras , eu era amiga da Sa , sempre com os livros e estudos . A senhora é e sempre foi magnífica, bondosa e amorosa, um exemplo de pessoa humana. Forte abraço ♥️
ResponderExcluirQue bom ler sobre a Fecilcam e a professora Sinclair. Me inspirou sempre. Guardo com muito carinho um livro que ela me deu com uma dedicatória. Bom ver nas fotos outros professores que tive quando fiz letras. Saudade!
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