“A passagem de comando desde já implica no trato civilizado
público entre quem entrega com quem receberá o cargo. Os eleitos não precisam
esperar o juramento que farão para então exercerem o mandato. Além da
transição, prefeito e vereadores devem seguir o preceito estabelecido (...)... Legalidade; Impessoalidade; Moralidade;
Publicidade e Eficiência”. José Eugênio Maciel (Aos eleitos, “prefeito não tem pai”,
trecho desta Coluna, 8.10).
O prazo estabelecido pelo Ministério Público terminou dia
quatro deste mês. Porém nada da prefeita Regina Dubay (PR) agir no sentido de
iniciar a transição. Dois integrantes do Observatório
Social de Campo Mourão prestaram as seguintes declarações: “A equipe de
transição pouco conseguiu fazer até agora”, informou a advogada Dâmares
Ferreira; e, segundo o presidente Roberval Ruscetto, “Algumas informações estão
no Portal da Transparência, mas, além de defasadas, não trazem dados sobre
diversas secretarias da prefeitura”.
Contas abertas? Contas que não fecham? Antes ou sem entrar
no mérito da real situação das contas da prefeitura de Campo Mourão é
inadmissível e sem qualquer cabimento o fato da prefeita não reconhecer que ela
tem sim obrigações de assegurar, facilitar, viabilizar a transição, pois é
sempre o interesse público que deve prevalecer. É possível antever, existe um
grande desequilibro nas finanças municipais, basta levar em conta as medidas
tomadas por ela tão logo terminaram as eleições: demissões, redução do horário
de expediente, corte de despesas e mais nenhuma autorização de gastos.
Contrasta com o antes propalado pela prefeita, tudo estava em ordem.
Não carece tecer maiores considerações e sim lembrar
fatos históricos e recentes que servem como fonte para a reflexão, sobretudo
sobre saber ganhar e saber perder o poder; curvar-se ao poder do povo manifesto
pelo voto. Embora existam outras, quatro situações cabem bem citá-las
resumidamente.
O último presidente do golpe militar foi o general
Figueiredo. Sem o voto do povo ocupou o cargo de 1979 a 1985. Principiava o fim
da ditadura com a eleição ainda indireta de um presidente civil, Tancredo
Neves, que morreu antes de tomar posse. Figueiredo não passou a faixa
presidencial para Sarney e saiu pela porta dos fundos do Palácio. Em Campo
Mourão, quando prefeito pela última vez, 1989-1992, Augustinho Vecchi deixou um
devastador retrato do abandono, basta listar duas das nefastas situações:
salário dos servidores públicos em atraso, sem 13º e o não pagamento de muitas
contas com fornecedores e prestadores de serviços contraídos pelo Erário.
Terminada a eleição para prefeito paulistano no primeiro
turno, o atual Fernando Haddad (PT) imediatamente tornou público o
reconhecimento da derrota e convocou o então adversário João Dória (PSDB) para
um encontro. Haddad iniciou a transição com transparência e celeridade. Logo
oficializada a vitória de Donald como presidente dos Estados Unidos e em que
pese a disputa acirrada que derrotou Hillary, apoiada por Obama, o atual
presidente telefonou para o eleito e iniciou a transição na Casa Branca.
Dos fundos ou da
principal, a porta pela qual sairá Regina tem como certo é que será em 31 de
dezembro. Ela já passa a fazer parte da história mourãoense como a primeira
mulher a ocupar o cargo. Restará saber o legado que transmitirá. Certo que em
nada lembrará as positivas transmissões do cargo, transição civilizada ao longo
da história de Campo Mourão. Será pouco menos, parecido ou muito mais que a
herança do Vecchi?
Fases de Fazer Frases (I)
Não confundamos: saber com quem contar, com não saber
contar.
Fases de Fazer Frases (II)
Todas as imagens são
imaginação?
Olhos, Vistos do Cotidiano
Só para citar notícia mais recente da prefeita Regina, a
Justiça sentenciou a anulação da lei que reduz pela metade a carga horária dos
médicos na prefeitura. Ainda, os bens dela foram bloqueados.
Reminiscências em Preto e Branco
Não confundamos: Sucessão e sucessão: O primeiro se refere a fatos ou pessoas que se sucedem
sem interrupção. E sucessão é
aumentativo figurado de grande sucesso.
José Eugênio Maciel, mourãoense, filho de pioneiros, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras e do Centro de Letras do Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário