28 de mai. de 2016

ENTREVISTA DE DOMINGO: Gilson Mendes de Góis

O homenageado deste final de semana, na ENTREVISTA DE DOMINGO no Blog do Ilivaldo Duarte é o professor, escritor e auxiliar de Enfermagem Gilson Mendes de Góis. Ele conta um pouco da sua história, opina sobre cultura, educação e sobre nossa cidade. Participante ativo da Associação Mourãoense dos Escritores (AME) tendo sido presidente, foi tesoureiro, vice-presidente e presidente da Academia Mourãoense de Letras, ena gestão ora iniciada (2016/18) será diretor de Biblioteca. "A nossa academia e todas as academias de letras item o importante papel de zelar pelo vernáculo pátrio, nossa tão amada língua portuguesa, bem como incentivar a criação literária em nossa região." 
"Minha infância foi em Nova Cantu, na zona rural daquela cidade, num lugar conhecido por Rio do Peixe. Aliás foi lá mesmo que eu nasci. E até os 6 anos de vida, eu transitava entre a casa dos meus avós maternos e dos meus pais, quando viemos definitivamente morar em Campo Mourão, pois quando eu tinha 1 ano, meus pais moraram aqui durante alguns meses." 
Confira a história de vida do escritor, professor, fundador da cadeira número 11 da Academia Mourãoense de Letras e profissional da saúde Gilson Mendes de Góis.  
QUEM É GILSON MENDES DE GOIS? Nasci em Nova Cantu (PR), em 14 de Novembro de 1964, sou casado com Cecília Regina Sefrin de Góis há 24 anos e pai de Daniela Natália e Rafaela e avô do Gustavo.

COMO SE DEFINE? Ainda um sonhador.
ONDE E COMO FOI A SUA INFÂNCIA? Minha infância foi
em Nova Cantu, na zona rural daquela cidade, num lugar conhecido por Rio do Peixe. Aliás foi lá mesmo que eu nasci. Até os seis anos de vida, eu transitava entre a casa dos meus avós maternos e dos meus pais, quando viemos definitivamente morar em Campo Mourão, pois quando eu tinha um ano, meus pais moraram aqui durante alguns meses. Cresci lá na Vila Rio Grande (Rua Porto Alegre), Depois nos mudamos para o Jardim Tomazi, pertinho do Asilo, onde eu vivi até os 14 anos. Em 1978, nos mudamos para a Vila Urupês, local que vivo até hoje.

COMO FOI SUA ATUAÇÃO NA JUVENTUDE E ONDE? Na juventude, eu atuei em grupos de jovens da antiga
Paróquia Nossa Senhora Aparecida, hoje Santuário Diocesano. Também militei no movimento estudantil até os 20 anos de idade, vivíamos o fim da ditadura civil/militar que foi deflagrada em 1964.
Era uma época de sonhos todo jovem tem certeza que vai mudar o mundo para melhor; e eu não era diferente, era um idealista, um sonhador e tinha certeza de que o Brasil era o melhor país do mundo.

QUE HISTÓRIAS OU FATOS LEMBRA? Uma das histórias marcantes envolvendo a história mourãoense e a minha, foi o fato ocorrido quando da pretensão da empresa Kepler Weber em instalar em Campo Mourão uma fábrica. Me lembro nitidamente (só não tenho certeza do ano, se 1973 ou 1974). Mas o fato é que reuniram todas as crianças do município no Cine Plaza, mostraram-nos como era a empresa, como a mesma influenciaria no desenvolvimento da cidade e da região, distribuíram brindes, revelaram que a “pedra fundamental” da empresa estava inaugurada. Nos encheram de esperança, depois, por mistérios inexplicáveis, simplesmente não ocorreu a instalação da referida empresa. Mesmo eu sendo criança, lembro disso como uma grande frustração que marcou minhas lembranças.
DESDE QUANDO EM CM, POR ONDE PASSOU E O QUE
FAZ HOJE? Cheguei em Campo Mourão definitivamente em 1970. Nos primeiros anos, moramos em diversos lugares da
cidade, Vila Rio Grande, Lar Paraná, depois voltamos para o Jardim Tomazi e finalmente fomos para a Vila Urupês. Em 1997 eu e minha família fomos tentar a vida em Curitiba, foi uma aventura - inclusive fui pizzaiolo na Capital- que só serviu para aumentar o apreço por Campo Mourão.

COMO FOI SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Minha trajetória profissional se deu até hoje no serviço público. Inicialmente no Município onde comecei com Agente de
Saúde no ano de 1985. No ano seguinte fui para o Secretaria Estadual de Saúde, na qual permaneço até hoje, trabalhando no Hemonúcleo, como auxiliar de enfermagem.

Todavia, sou professor de Língua Portuguesa e Inglês, pois me graduei em  Letras no ano de 1998, pela Fecilcam. Em 2014 me tornei professor de História pela Unespar, mas nunca exerci esta profissão admirável.

O QUE FEZ NO SEU TRABALHO QUE NÃO FARIA DE NOVO? Definitivamente: não trabalharia em desvio de função.
E A SUA ATUAÇÃO NA COMUNIDADE? Minha atuação na comunidade se deu e se dá essencialmente em voluntariado na Igreja Católica, colaboro com algumas instituições de assistência, assim como faço parte do Conselho Municipal de Cultura.
COMO ENTROU A CULTURA E EDUCAÇÃO EM SUA VIDA? A educação chegou um pouco tardiamente em minha vida, pois comecei a estudar aos nove anos. Penso que a
partir de então, a cultura veio como conseqüência, pois como desde o princípio, minha inclinação para literatura começou a se materializar, foi como uma trilha natural que não poderia deixar de ser seguida.
COMO ENTROU A ACADEMIA DE LETRAS EM SUA VIDA? Minha ida para a Academia Mourãoense de Letras (AML), foi uma das maiores surpresas da minha vida. Isto ocorreu no ano de 2003 e foi surpreendente, porque era um ilustre desconhecido como escritor (ainda sou), risos...
Mas eu tive meu primeiro romance (A coruja e a lagarta) escolhido num concurso da Secretaria Estadual de Cultura, do qual apenas dois foram selecionados no Paraná para publicação no memorável ano de 2002.
Lembro que neste ano, Campo Mourão mostrou uma grande força literária, pois tivemos outros dois selecionados em outras categorias literárias – o Osvaldoir Capeloto com Poesia e o saudoso Amani Spachinski de Oliveira com contos infantis.
Não posso afirmar com certeza, mas no meu coração, há uma quase certeza de que teve o dedo do Amani na minha indicação para a Academia.

QUAL A IMPORTÂNCIA DA AML EM SUA VIDA E PARA A SOCIEDADE? Depois que assumi a cadeira 11, cujo patrono é o professor Domingos José de Souza, posso dizer que fui um acadêmico muito dedicado, como sou com todos
meus compromissos e assim, logo na primeira eleição da nova diretoria,  passei a fazer parte da mesma sendo tesoureiro por dois mandatos consecutivos. Depois vice-presidente e por fim, tive a honra de ter sido presidente desta instituição no biênio 2010/12.

Como importância, destaco o amadurecimento através do contato com outros acadêmicos tanto da própria casa como de outras Academias do Paraná, o que sempre ajuda a aprimorar o nosso fazer literatura. E o fato de ser membro
da AML, sem dúvida traz um orgulho incomensurável ao escritor e membro que dela participa.
Para a sociedade, penso que as Academias de Letras em geral e a nossa tem o importante papel de zelar pelo vernáculo pátrio, nossa tão amada língua portuguesa, bem como incentivar a criação literária em nossa região.

COMO AVALIA A GESTÃO DO PRESIDENTE JAIR ELIAS A FRENTE DA ACADEMIA MOURÃOENSE DE LETRAS 2014/16? Sobre a gestão do ex-presidente da AML, Jair Elias, posso dizer, sem medo de ser injusto com as anteriores, que foi historicamente a melhor gestão que
tivemos frente a nossa Academia, senão vejamos, ele conseguiu, evidentemente, com o apoio de todos os acadêmicos, cumprir a quase totalidade das metas traçadas, as quais seriam: completar as 40 cadeiras, bem como fortaleceu a instituição do ponto de vista formal, mas penso que sua maior vitória, foi a de projetar a Academia Mourãoense de Letras a um patamar superior, inserindo-a na história mourãoense de forma sólida e com o devido reconhecimento da sociedade local.
QUAL SUA EXPECTATIVA DA PRÓXIMA GESTÃO DA AML TENDO ESTER DE ABREU PIACENTINI PRESIDENTE? Em relação à próxima diretoria, ora comandada por Ester de Abreu Piacentini, não tenho nenhuma dúvida que também será uma excelente administração, tendo em vista a experiência, a coragem e o empreendedorismo de nossa nova presidente. Penso que teremos outra gestão muito positiva e desejo a ela muita sorte na empreitada.

QUAIS, ENTRE TANTAS, SÃO EXPERIÊNCIAS QUE NÃO SAEM DA MEMÓRIA? Eu tenho muitas e memoráveis experiências: casamento, nascimento das filhas, do meu primeiro neto, alegrias em família. Mas tenho duas que são muito marcantes e relacionadas à literatura.
A primeira ocorreu em 1992 quando eu venci dois concursos literários da fundação cultural de Campo Mourão, o de contos e o de histórias infantis. Posso dizer que a certeza de que eu me tornaria escritor ocorreu com este fato.
Eu estava muito feliz e para coroar tudo, minha filha caçula,
Rafaela nasceu exatamente no dia da premiação. Lembro nitidamente de ter deixado minha esposa no antigo hospital Anchieta e ir receber a premiação naquele dia 22 de dezembro. Eu era a pessoa mais feliz do mundo.
O outro fato ocorreu quando de nossa viagem para o lançamento do meu primeiro livro em 2002. Foi quando eu conheci o Osvaldoir Capeloto (foto)  - um dos maiores poetas do Brasil e ponto-, e pude começar naquele dia uma convivência mais apurada com o Amani Spachinski de Oliveira, que já conhecia, mas até então não tínhamos relacionamento.
Pois bem, além da alegria do fato de irmos até Curitiba para um lançamento estadual de nossos livros, ocorreram alguns contratempos. A empresa de ônibus vendeu duas passagens duplicadas e a saída atrasou. Ocorre que aquele era o último
horário. Aí o Osvaldoir e eu decidimos que iríamos na frente na antiga salinha de estar que os ônibus leito ainda tinha. Pois bem, fomos “proseando” até perto de Palmeira, quando o sono nos venceu e dormimos no assoalho do ônibus.
Estávamos cansados, mas o dia que nascia, quando chegamos em Curitiba, naquele 02 de setembro, prometia ser memorável, como foi.

QUAL O ESPORTE PREFERIDO, ÍDOLO E TIME? Meu
esporte favorito, como o da maioria dos brasileiros é o futebol. Meu time, desde 1978 é o Santos. E por incrível que pareça, não tenho ídolos no futebol apesar de ter visto jogar grandes gênios. Meu ídolo esportivo foi Ayrton Senna.

COMO ANALISA A CULTURA ATUAL EM CM E NO BRASIL? Bem, como historiador, poderíamos analisar a cultura por diversos ângulos, já que a própria palavra ´cultura´ traz várias interpretações. Mas acho que não é o caso da pergunta.
No que diz respeito as manifestações artísticas culturais de Campo Mourão, penso que estamos bem, estas manifestações continuam ocorrendo ou acontecendo de
forma a nos premiar sempre com novos talentos e manifestações legítimas do modo de viver do mourãoense.
Todavia, penso que poderia ser melhor, apesar de estarmos entre as melhores gestões culturais do Paraná e do Brasil. Acredito que dá para melhorar e aqui estou falando pontualmente de mais investimentos tanto do setor público, como do privado, pois talentos temos muitos. Mas talentos, no meio artístico, não brilham por si, principalmente no inicio de uma carreira. Precisam de um suporte, de um apoio para conseguir voar sem ajuda e se firmar no mundo artístico até atingir o reconhecimento do público.

QUAL MANCHETE FICOU NA HISTÓRIA DE SUA VIDA? Uma coisa que marcou muito minha memória foi uma manchete mundial que chocou o mundo. Eu estava trabalhando com a equipe do Banco de Sangue em Barbosa Ferraz. Quando fomos almoçar, a televisão do restaurante não falava de outra coisa. Era  11 de setembro de 2001. Eu disse para meus colegas de trabalho, apesar de ainda não ser historiador: estamos diante de um fato que vai mudar a história.

Acredito que aquela ousadia monstruosa de uma organização terrorista, apesar de repugnante, deveria ao menos ter servido como alerta sobre valores que o mundo ocidental acreditava imutável, como a própria segurança da América, nosso modo de vida que não olha para o outro e nem dá o devido respeito (cultura, religião, opção sexual, cor, etc).
Mas parece que não serviu muito, pois o mundo continua da mesma forma, exceto pelo aumento de vozes que se calaram por séculos, que gritam por meio do terrorismo. Não há aqui um juízo sobre se está certo ou errado. Mas acredito que se há de buscar as razões para estas revoltas estarem aflorando agora de forma tão brutal.
QUAIS MOMENTOS FICARAM NA HISTÓRIA DE SUA VIDA? Geralmente os momentos bons estão relacionados a vida familiar: casamento, vitórias dos filhos, etc. E as tristezas, geralmente tem a ver com a perda de entes
queridos, que sempre nos machuca muito.
Em se falando de coisas boas, no campo individual, o que marcou muito minha vida foi o fato de vencer o concurso que publicou meu primeiro livro em 2001 (publicado em 2002). E mais recentemente, a aprovação de publicação de mais dois romances por uma editora do Rio de Janeiro. Penso que estas vitórias estão consolidando minha carreira de escritor.
NB: No dia 1º de junho,  Gilson lançará a obra "O Destino da Cecília".
QUAL JOGADA QUE, SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, JAMAIS TERIA FEITO? Ninguém é perfeito, cometi alguns erros no campo pessoal, que me arrependo profundamente, contudo, também tenho a convicção de que se não os cometesse, não saberia dessa amargura. Isto parece ironia, mas é uma verdade cristalina.
ÉTICA EM UMA FRASE É... Para um individuo ter sua ética testada ele precisa passar por uma situação de conflito.
Filosoficamente, ética tem uma definição diferente, mas para mim eu adotei a seguinte diretriz: faço para os outros, aquilo que acredito que para mim seria bom, em todas as situações de conflito, assim, sempre durmo tranqüilo e creio que minha atuação na sociedade, apesar de imperfeita é satisfatória.
Então, deixando de ser prolixo, em uma frase: Dar aos outros aquilo que gostaria de receber.

CITE TRÊS PERSONALIDADES ESPORTIVAS EM
CAMPO MOURÃO. Idevalci Ferreira Maia, Itamar Tagliari e
Ilivaldo Duarte.

CITE TRÊS PERSONALIDADES (FORA DO ESPORTE) EM CAMPO MOURÃO. Amani Spachinski de Oliveira (in memoriam), José Aroldo Galassini e Mara Cristina dos Santos Oliveira.
O QUE AINDA NÃO FEZ QUE, SE TIVESSE CONDIÇÕES, AINDA GOSTARIA DE FAZER?  Eu gostaria de viajar para outros países.

JOGO RÁPIDO
MÚSICA: Porto Solidão com Jessé.
UM LIVRO: Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa
UM AUTOR: Gilson Mendes de Góis (risos) o outro seria Cristóvão Tezza.
UM PROFESSOR: Vera Alice de Oliveira Basso.
UM SONHO: Ser Prêmio Nobel de Literatura (risos)
SAUDADE? DO QUÊ E DE QUEM? De todos os meus avós que se foram.
MOMENTO INESQUECÍVEL? São muitos (graças à Deus)
HOBBY: Praticar a arte do bonsai.
MANIA: Se tenho, os outros que digam!
PROGRAMA: Tocando de primeira. (Abaixo, com Jair Elias no Tocando de Primeira em homenagem a Gilmar Cardoso, fundador da cadeira número 01 da Academia Mourãoense de Letras) 

TÍTULO:Professor
FRUSTRAÇÃO: Ainda nenhuma.
FAMÍLIA É: O pilar mais forte de qualquer sociedade ou cultura.

RELIGIÃO É: Um apoio para qualquer sociedade ou cultura.
A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE É:  Eterna promessa de progresso.
A CAMPO MOURÃO DO FUTURO: Uma promessa a ser cumprida.
O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É... De mudança para melhor, de alegria e de muita esperança...
QUEM GOSTARIA DE VER HOMENAGEADO AQUI NO BLOG? Mara Cristina dos Santos Oliveira.
QUAL O SENTIMENTO DE RECEBER ESTA HOMENAGEM E PARTILHAR UM POUCO DA SUA VIDA E DA SUA HISTÓRIA? Feliz, mas tenho certeza de que não merecia.
QUAL PERGUNTA QUE NÃO FOI FEITA QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? Foram muitas, mas ainda bem que você não me perguntou sobre a política no país. Porque eu teria muita pouca coisa boa para falar.

QUAL O RECADO PARA OS LEITORES DO BLOG? Leiam muito, sejam felizes e dêem aquilo que acham bom para si.

NOTA DO BLOG: no próximo dia 1º de junho, quarta-feira, Gilson Góis irá lançar sua mais nova obra. Parabéns.

4 comentários:

  1. O Gilson é um dos maiores escritores que conheço; bem mais do que escritor, ele é uma das melhores pessoas que conheço. Grande parceiro das letras!
    É Permitido Sonhar...! Antonio José

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  2. Parabéns, Ilivaldo, por nos presentear com mais uma entrevista. A história de vida do amigo Gilson Góis é um exemplo de perseverança!

    Agnaldo Feitoza

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  3. Parabéns Gilson pela entrevista! Você é um cidadão do bem, sempre comprometido com a cultura da nossa terra. É uma honra fazer parte do seu círculos de amigos. E muito obrigado pela sua avaliação da gestão que juntos fizemos na Academia Mourãoense de Letras!

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  4. O Gilson merece todas as homenagens. Parabéns.

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