“(...)... Ando com saudades de homens que usavam apenas o assobio como galanteio. Fiu-fiu! De namorados comportados dando beijinhos no portão; de longos olhares reveladores
das sérias intenções... (...). Saudades de pedir bênção a pai e mãe (Deus te abençoe)
e escutar os seus conselhos; do sinal-da-cruz que fazia quando passava na frente
da igreja;... de café com pão caseiro, cuca da minha mãe; de ver um varal
cheio de roupas branquinhas. (...).
Maria Joana Titton Calderari – professora e escritora
Ela escreve tendo buscado na fonte de águas cristalinas, borbulhantes, com palavras simples, suaves e claras, que vão seguindo o curso nos seus textos emanados de ricos conhecimentos, refletidos e não apenas dados. Sem afastar-se de uma conduta ética, aliás edificante, se necessário as palavras corporificam enunciados contundentes voltados para a evocação idealista humanitária, tais como da liberdade, da justiça, da fraternidade das pessoas e povos. Dizeres a percorrer leitos, moldando com tranquilidade cabível chamada corretamente de serenidade e equilíbrio. Palavras indispensáveis que caem em queda livre, com a intensidade das ideias provenientes da calmaria ou das cachoeiras, todas forças da expressão típica de ser humano.
Os rios parecem ser os mesmos, ainda muito tempo depois, mas não são os mesmos, haja vista que as águas que correm neles são outras, como são outros os tempos e os olhares, segundo versos líricos dos poetas e nas indagações dos filósofos. Os textos da educadora Maria Joana Titton Calderari são como os rios, são como as águas, aparentam ser iguais – em referência à coerência argumentativa norteada pelos princípios que guiam a também dedicada religiosa e intelectual – e são ao mesmo tempo águas renovadas a cada instante, com enfoques novos e fatos para os quais ela se debruça com capacidade de observação e interpretação singulares.
Os numerosos leitores do Jornal Diocesano Servindo ou do Jornal Gazeta do Centro Oeste contemplam nas respectivas colunas assinadas por ela, textos primorosamente saborosos que o público primeiramente contempla o rio e depois lava o rosto e bebe a água, saciando a sede do pensar e do agir a partir dos horizontes e caminhos que se descortinam.
Maria Joana reuniu vários textos publicados e os colocou no livro Retalhos costurados no fio da fé e da esperança. Estive no lançamento em 2009, numa bela noite de autógrafos, seis de junho. Tendo o exemplar autografado e pouco tempo depois eu li toda a obra. Guardei-o na estante destinada aos autores da nossa terra, aguardando a ocasião mais propícia para discorrer a respeito. Como sempre – falha minha – descubro que a ocasião pode jamais se apresentar ou até vem sem que a perceba. Então é preciso criar a oportunidade, que fiz agora, sobretudo para enaltecer o vívido talento dela, inegável e inspirador.
Fases de Fazer Frases (I)
É rasa a razão rasante, rascante como rasgo.
Fases de Fazer Frases (II)
Refulgir? Refundir? Refutar? … O melhor é fugir (?).
Fases de Fazer Frases (III)
Olhos se cansam de ver mas não de enxergar.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Depois dos absurdos inomináveis das redações do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, inicialmente o ministro da educação tentou explicar o indefensável, mas, certamente por causa da enorme repercussão nos meios acadêmicos – aqui abordado recentemente - Mercadante anunciou que em vez de dois serão três os professores que farão a correção e que os critérios serão mais rigorosos. É o mínimo que se espera.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Ainda sobre o ministério da educação, Mercadante declarou que não atenderá aos pedidos para autorização de curso de Direito. Além disso, as instituições de ensino que formam bacharéis se não cumprirem as obrigações serão fechadas.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
O trabalhador rural Valdecir Bernardo dos Santos, 34 anos ganhou, em primeira instância, a causa na qual pedida indenização por ter sido barrado e humilhado ao comparecer a audiência trabalhista em Cascavel. O juiz à época Bento Luiz de Azambuja Moreira não o deixou entrar. O caso ganhou repercussão nacional com uma série de manifestações indignadas pela atitude. Caso não haja interposição de recursos, Valdecir irá receber 10 mil reais, valor determinado como condenação à União. O tema também foi objeto de tema nesta Coluna, em 2007.
Reminiscências em Preto e Branco
Ricardo Calderari, esposo da professora Joana, ela hoje tema principal da Coluna, diretor da COAMO - AGROINDUSTRIAL e engenheiro agrônomo de formação é uma pessoa boa de prosa, atento, culto e ao mesmo tempo afeiçoado ao modo simples, orgulha-se da mulher, dos filhos e netos. Sem falar – não pode ser esquecido – de ter nascido na histórica e heróica Lapa. Vale salientar, todo paranaense pode não ser lapeano, mas todo lapeano só pode ser sempre um paranaense.
José Eugênio Maciel, professor, sociólogo, advogado e membro das Academia Mourãoense de Letras e do Centro de Letras do Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário