“Se dependesse de decisão minha termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa”. Carta de Thomas Jefferson (1743-1826) a Edward Warrington
Lula parece preferir a primeira hipótese. Nesta quarta, na solenidade que tratou do programa Territórios da Cidadania, mais uma vez atacou a imprensa que age de ”má fé”, diz “mentiras”, “não retrata a realidade”, “escrevem a coisa errada”, “prioriza a desgraça” em detrimento das coisas boas. Já disse outra vez que o noticiário lhe dá “azia”...
Presidente que se queixa do noticiário é como comandante de navio que reclama da existência do mar. Os jornais por vezes parecem, de fato, rascunhos do dia. Mas quem os passa a sujo não são os repórteres. Quem fornece a lenha para a fogueira interminável de denúncias é a classe política que continua agindo ao arrepio da lei, certos da impunidade, perdoados e reconduzidos aos cargos pelo eleitor...
Há erros no noticiário? Claro que sim. Há exageros? Evidente que sim. Porém, é melhor conviver com o noticiário imperfeito, do que ser privado da informação de que sob Lula, nasceu e prosperou o mensalão, que, se não fosse a imprensa livre, continuaria ( ou continua???) distribuindo seus “auxílios de campanha’, suas “doações não contabilizadas”.
Melhor a “má-fé” que vê os malfeitos do que a “boa fé” que enxerga biografias inatacáveis onde não há senão um Sarney, que não merece ser atacada apesar das contas milionárias do filho Fernando Sarney na Suíça (treze milhões de dólares bloqueadas pela justiça), na China (um milhão de dólares). Dinheiro não declarado no Brasil, foi retido quando Fernando Sarney tentava transferi-lo da Suíça para o principado de Liechtenstein, um paraíso fiscal.
Mas, quantas vezes o trabalho da Polícia Federal é questionado e impedido por manobras políticas! Também a ação do Tribunal de Contas levantando irregularidades nas obras públicas é condenada pelo presidente, alegando que vai atrasar obras (superfaturadas), vai desempregar pessoas...
Quantos empregos a mais daria se o suado dinheiro dos nossos impostos fosse bem administrado e não escapasse por tantos “ralos”da corrupção em todas as suas mil facetas e jeitinhos bem brasileiros de levar vantagem em tudo... ERRADO!!! ( Chega de “o negócio é levar vantagem, certo?)
Agora, em mais um “ato de bondade”, Lula ataca o cadastro do Tesouro,classificando seu rigor em liberar verbas de “estupidez burocrática”. O projeto do governo quer “driblar” a Lei de Responsabilidade Fiscal e liberar verbas para prefeituras de cidades de até 50 mil habitantes que poderão continuar recebendo recursos federais mesmo que estejam inadimplentes. Isso a sete meses das eleições...
O presidente dividiu os prefeitos inadimplentes em três categorias. Há os que não honram os compromissos “porque não podem”....Há os que “estão em dificuldades”. E existem “outros que querem ser malandros e não querem cumprir”. Mas mesmo assim prefere apostar que todo mundo é honesto... no meio político...
A Democracia brasileira tem que defender seus instrumentos de controle da administração pública: Polícia Federal, Ministério Público, Cadastro do Tesouro... assim como a imprensa séria e livre. Quem governa com seriedade não tem “azia” ao ler os noticiários, mas aproveita dos olhos e ouvidos dos jornalistas para acertar os passos de seu governo e administrar com seriedade, justiça, imparcialidade, honestidade... pensando no bem do povo e não apenas em garantir o resultado das próximas eleições, os altos cargos dos seus companheiros e as contribuições partidárias...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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