"O JUIZ CEGO A ENXERGAR A JUSTIÇA CEGA" é o título da coluna do professor José Eugênio Maciel publicada ontem no jornal Tribuna do Interior.
Meu ser evaporei na lida insana. Do tropel de paixões que me arrastava; Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava. Em mim quase imortal a essência humana. De que inúmeros sóis a mente ufana. A existência falaz me não doirava! Mas eis sucumbe a natureza escrava. Ao mal que a vida em origem dana. Prazeres, sócios meus e meus tiranos! Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, ó Deus! Quando a morte a luz me roube, Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube (Bocage)
Existem gestos que valem essencialmente pela sua simbologia como a materialização da espiritualidade humana. A presença do presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, na última quinta-feira em Curitiba para participar da posse do desembargador Ricardo Tadeu da Fonseca no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) se caracteriza por um marco histórico que transcende bem além dos limites das cortes para servir como novo parâmetro em razão do próprio ser humano.
Junto com os profundos desníveis, notadamente os sócio-cultural-econômicos, o Brasil é marcado pelo preconceito e pela discriminação. Os portadores de deficiência física também se enquadram em tais condições, daí a importância da nomeação do primeiro juiz cego do Brasil, quebrando um tabu secular, criando um novo paradigma que não se circunscreve à Magistratura.
Ricardo Tadeu da Fonseca perdeu a visão quando ainda era estudante de Direito. Ele concluiu o curso ouvindo e gravando as aulas. Advogado, ingressou na carreira de procurador do Trabalho, cargo até então ocupado por 18 anos. Fazendo parte de uma lista sêxtupla, formada pela indicação de todos os procuradores do Trabalho do Paraná, sendo agora nomeado juiz.
Entre outros percalços, a grande barreira enfrentada por ele ocorreu em 1989, reprovado no exame médico de seleção, mesmo tendo ficado entre os dez primeiros colocados no concurso para juiz. A cegueira foi o motivo da exclusão dele por parte do Poder Judiciário.
Dado ao ritmo crescente da digitalização dos processos, o desembargador tem a convicção que “em dois ou três anos” não existirá dificuldade para se inteirar das ações, quando ele usará (como já vem fazendo) o programa que faz a leitura em voz alta.
Nem é necessário tecer maiores considerações, a conquista meritória de Ricardo Tadeu da Fonseca passa a ser, mais uma vez, um exemplo cabal, uma lição de vida, uma referência de que é possível, necessário e impostergável o ser humano pôr abaixo barreiras que ele mesmo impõe ante aqueles que possuem deficiências, não sendo uma questão de tratá-los por piedade, mas sim pela dignidade cidadã que o País ainda carece de edificar.
Fases de Fazer Frases (I)
Amor não se mendiga, esmola a pedir. Mas sem ele a pobreza vira miséria.
Fases de Fazer Frases (II)
Nem sempre quem conta a moral da história tem a moral que historia.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
E o chamado conto do bilhete premiado continua fazendo vítimas. Assim como tem quem continue caindo na encenação do maço de dinheiro “encontrado” na rua. Vira notícia, as vítimas comparecem para registrar o fato. Não se trata de fazer apologia do crime, mas, já aqui escrito outras vezes, não há motivo para se ter pena e ficar indignado com a vítima. Bem feito! Julgando esperta, ela também erra ao querer lucrar com a situação, se apropriando do que não lhe pertence. Novamente cabe citar o velho e bem atual ditado mineiro: “A esperteza quando é demais, vira bicho e come o dono”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Um restaurante, que serve comida japonesa em Campo Mourão, ainda exibe uma faixa informando ao público que atende “almoço e janta”. O correto é jantar. Tão boa quanto deve ser a comida, deve ser correta a escrita, no Português.
Reminiscências em Preto e Branco
Como se elas estivessem à beira do caminho, posto que sejam passadas, as lembranças dão jeito de pegar carona no presente almejando desembarcar no futuro. Como se elas já estivessem vivido tudo, até mesmo o que ainda não veio.
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