11 de abr. de 2012

COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: Gralhas Azuis de Barbosa Ferraz

“Onde é que se pode encontrar o teu próprio eu?
Sempre no mais profundo encantamento
que experimente”
Hugo Hofmannsthal
Existem momentos em nossas vidas que são muito especiais. Verdadeiramente a amizade é a base e o espaço propiciadores de tais momentos, guando estabelecemos laços, fortalecendo-os fundamentalmente no que cada ser humano representa por si mesmo e a sua importância para os seus amigos.
E o que dizer de um primeiro encontro entre uma ou mais pessoas com um determinado grupo social, quando a sensação é como se todos já nos conhecêssemos de há muito?
Foi assim que me senti em Barbosa Ferraz quando lá estive na última quarta-feira. Como convidado dos professores, através da professora e pedagoga Silvia Machado Oliveira, fui simpaticamente bem recebido, não me faltaram atenções e gentilezas espontâneas. Tinha sim uma razão pré-existente, o fato de sermos todos professores e o tema da minha palestra ser a motivação em educação.
Durante a minha fala descobri nos olhares atentos olhos que lacrimejaram, olhos a expressarem reflexão e também manifestações de sorrisos, conforme a abordagem dos temas, manifestações caracterizadas pelo ávido interesse e interação em torno das atribuições do professor como profissional da educação e da cultura, o papel de cada um de nós como cidadão, dentro e fora da sala de aula.
Já comparei o professor – acredito que prosseguirei a fazê-lo – ao semeador, na realização de seu mister professoral cotidiano. O professor semeia conhecimento, cultiva cada lição, contribuir no florescimento do saber que se transforma e que é transformador em todo o ser humano, daí resultando a evolução pelo aprendizado. E nesse semear existem sementes que não vingarão ou terão estágios de crescimento interrompidos, que necessitarão de mais atenção e auxílio, como colocar água, escora. Mas também outras germinarão e chegarão ao seu ápice de maturação. Semear é colher vitórias e fracassos.
Sem que eu até então não utilizasse da ilustração, chamei os professores de Barbosa Ferraz de gralhas azuis. A gralha é oficialmente ave-símbolo do Paraná. A gralha enterra a pinha para se alimentar depois. Porém, ela esquece onde enterrou e da pinha brota e cresce vertiginosamente a araucária, árvore-símbolo deste querido Estado. E ainda conforme o folclore, todo aquele que mirar uma arma para ela, é a arma que espatifa, assim o machado que tente cortar o tronco, a cunha é retorcida. A gralha, além de semear, é a guardiã da mata.
Quando ocorre, na maioria das vezes o reconhecimento do ato de ensinar profícuo do professor se dá quando o próprio estudante já deixou os bancos escolares e, mesmo dispondo do conhecimento obtido em sala, talvez não se lembre quem o ensinou, tal qual a vistosa araucária que desconhece ou se esqueceu da gralha que semeou a pinha.
Deixei Barbosa Ferraz com o convite de retornar e, no caminho de volta, percebo que tudo é tão pertinho e a distância inexiste quando o coração se entrelaça com outros, percebo a importância de pensar na educação e no papel que nos cabe, da necessidade constante não somente em atualização do conhecimento e dos métodos de ensinar, mas na troca de experiências do nosso modo de pensar, sentir e agir.
Vaidade à parte, o afeto de todos os professores que participaram com singular entusiasmo, me faz crer, aliás, sem dúvida, que em Barbosa Ferraz existem pessoas do bem, comprometidas com o processo educacional e cultural e que sabem a cada momento renovar a esperança, superar as adversidades comuns do professor.
Fases de Fazer Frases (I)
Mesmo que não seja possível vivermos tudo que desejamos, viver sem desejar não é nada.
Fases de Fazer Frases (II)
Os que não dão valor a honra, há muito a venderam a troco de nada.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
A propósito da palestra em Barbosa Ferraz, a professora pedagoga Silvia Machado Oliveira escreveu, “professor Maciel o senhor tem o dom de encantar as pessoas com o seu conhecimento, sensibilidade”
Além professores presentes na Casa da Cultura, compareceram os vereadores Moacir Ferreira que, ao ler o meu currículo declarou ser leitor assíduo desta Coluna, e Edenilson Migliosi, também atuante na área da educação na Câmara. Torno público o agradecimento pela atenção ao me receberem naquele encontro, ambos tendo participado o tempo todo.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O rapaz sergipano que como torcedor evitou o gol certo contra o time dele, foi notícia nacional que transcendeu o meio esportivo. O árbitro seguiu a regra, o gol não foi feito e, portanto não foi assinalado. Não foram poucos os que acharam tudo muito engraçado. Perdemos a noção da ética, já que aquela interferência é um acinte e não poderia ter a menor graça, ainda que possa parecer como tal.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
O Sítio Boca Santa completou na semana passada onze anos de existência. Leitura obrigatória na internet, cada vez mais acessada, a data é digna de registro e elogios, dirigidos ao jornalista Sid Sauer Walter, um dos mais primorosos textos jornalísticos da nossa terra, além de ser muito bem informado. Parabéns!
Reminiscências em Preto e Branco (II)
O abridor de latas está com os dias contados. Na medida em que as fábricas de latinhas vão colocando aquela “argolinha” fácil e segura de retirar a tampa. E pensar que quando as latinhas de “ervilhas” surgiram foi preciso mais de 80 anos para ser inventado o abridor. Antes era preciso habilidade para usar a faca e abrir aquelas latas.

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