“Nesta noite, encerramos e abrimos mais um capítulo da história da
Academia Mourãoense de Letras. Foi extremamente honroso presidir a Academia Mourãoense
de Letras nos últimos quatro anos. Foi a maior honra e o maior privilégio que o
destino me proporcionou. Jamais imaginei, na hipótese de receber das vossas
mãos, Senhoras Acadêmicas e Senhores Acadêmicos, este legado e a missão de
prosseguir, na sucessão de nomes tão ilustres da nossa história, nesta seara
jubilosa, mas plena de responsabilidades, a de dirigir os trabalhos da nossa
Casa, na condição de seu sexto presidente.
Não diria nunca que o acaso me fez chegar até aqui. Seria zombar
demais do destino. Mas se aqui cheguei, mantive sempre a consciência de que se
algo de positivo e de bom foi realizado nestes quatro anos, para alcançar tal resultado.
Eleito e reeleito pela unanimidade dos meus pares, eu queria corresponder à
confiança em mim depositada e desejava ser um bom Presidente desta Casa. Minha
ambição, no caso, era trabalhar para cumprir um dever que excedia as minhas
forças, poucas para tão ingente tarefa, mas ao qual me dedicaria com todo o
empenho. E se alcancei algum êxito deve-se ao fato de ter contado com a colaboração
dos meus companheiros de diretoria, aos quais agradeço, de coração, pelo apoio.
Trabalhar com estes acadêmicos exemplares foi compreender a afirmação do poeta
alemão Schiller: “Quando acompanhado de boas conversas \ o trabalho corre
alegre”.
E, acreditai, assim passamos quatro anos. No correr deste tempo,
ouvi sempre a palavra amiga, o conselho perfeito, a achega oportuna, e o
comentário estimulante, muitas vezes salpicado dos meus queridos colegas de
diretoria, aos quais, neste momento, agradeço publicamente pelo muito que
fizeram neste trabalho em que o conjunto da obra dependia do esforço de todos.
É costume das despedidas dos presidentes a leitura de um farto
relatório de atividades. Porém, nesta tribuna quero rememorar alguns fatos que
entraram para a nossa história:
Primeiramente, a posse de 17
novos acadêmicos, estes que deram uma nova vida e solidificaram a entidade na
comunidade mourãoense e regional.
Ao longo destes dois mandatos choramos a partida dos nossos colegas
Francisco Irineu Brzezinski, Rubens Luiz Sartori e Amani Spachinski de
Oliveira, cujas ausências serão sentidas para sempre.
Criamos a comenda “vida e liberdade”, este ano em sua terceira
edição, homenageando o ilustre professor e colega Agenor krul, por suas
valiosas contribuições ao ensino superior da nossa cidade e na formação de
gerações de mourãoenses.
Em 1989, ainda menino, tive a oportunidade de conhecer Antônio
carlos Aleixo, que na época estava na diretoria da fundação cultural.
Outra vez o destino nos surpreende.
26 anos depois, o office-boy da fundacam, investido na presidência
da academia mourãoenses de letras, tem a honra de presidir a solenidade que
concede a comenda vida e liberdade ao professor Antônio carlos Aleixo, homem de
origem humilde, cujas contribuições na educação e na cultura de campo mourão o
fizeram credor desta honraria.
Mas, a maior ação da Academia nestes 14 anos de história, foi sem
dúvida, o lançamento da obra inédita do médico e escritor Aracyldo Marques- “os
desbravadores”, cujo romance desvela para nós a construção de uma cidade, feita
com o arrojo de sua brava gente.
Nos momentos decisivos, a Academia foi a porta-voz do seu povo.
Quando do trágico 29 de abril de 2014, ocasião que professores foram
massacrados no Centro Cívico em Curitiba, a academia foi a única entidade representativa
da sociedade civil de Campo Mourão que teve a coragem de se manifestar
publicamente o seu apoio aos nossos professores.
Somente essas ações mostram o quanto que fizemos nestes quatros
anos.
E neste momento festivo, devemos refletir também o futuro de Campo
Mourão.
Daqui alguns meses, o povo, em sua sabedoria, vai eleger novos
inquilinos para os Poderes Executivo e Legislativo.
Chamo-os de inquilinos, pois o poder é transitório e uma vez
conquistado, foge das mãos como grãos de areia.
Tudo passa.
E o que fica em permanente da passagem pelo poder é somente um
quadro nas galerias das personalidades que estiveram à frente dos poderes
públicos.
Torço para que o povo seja capaz de reconhecer que Campo Mourão
precisa de audácia e coragem. Digo sempre que ao construirmos o futuro, devemos
olhar no retrovisor da história e nos exemplos daqueles fizeram ao seu tempo à
nossa história. O novo mandatário da cidade deve guiar-se nos exemplos do
passado, e criar uma nova receita de gestão pública, baseadas nos seguintes
pontos e exemplos:
Grandeza e no legado deixado por Milton Luiz Pereira.
Milton venceu as eleições de 1963. Ao findar da apuração dos votos
teve a grandeza de reunir um grupo de estudantes para conduzir o candidato
derrotado até a sua casa. Ao despedir do grupo, Ivo Mário Trombini, reconheceu
no vencedor a figura de um estadista. Mais ainda, passado o calor das eleições,
Milton foi até a casa de Ivo, convida-lo para assumir a presidência da
Associação Comercial.
Grandeza e espirito público.
Visão de futuro – Horácio Amaral construiu este prédio, sem um
centavo de recursos do Estado e da União, somente com recursos próprios.
Entendia que o maior legado que um gestor pode deixar para sua gente, é a
Educação. E por isso não teve medo de construir uma faculdade, numa terra em
que muitos diziam que não dariam frutos. E este sonho nasceu forte, pois trouxe
para sua inauguração, nada menos que o maior intelectual que o Paraná teve,
Bento Munhoz da Rocha Neto.
Grandeza, visão de futuro, espirito público e honestidade. Elementos
imprescindíveis para a construção da Campo Mourão do futuro, da cidade que
daqui três décadas vai comemorar seu Primeiro Centenário de Criação.
Senhoras e Senhores,
Não quero alongar-me nesta despedida da presidência da Academia.
Deixo-a, ao lado dos meus companheiros da diretoria que aqui também se
despedem, com a consciência do dever cumprido. Deixamo-la certos de termos
contribuído, na medida das nossas forças, na defesa da língua e da literatura, como
ordena nosso estatuto e, ao lado disso, na ampliação do campo da cultura alcançando
o vasto território das humanidades.
Deixamo-la entregue às mãos competentes e experientes de Ester de
Abreu Piacentini e dos seus companheiros de diretoria, todos vocacionados para
a defesa dos perenes interesses da Casa, que já provaram, em diretorias
anteriores, dedicação e competência.
Por fim,
expresso o mais sincero agradecimento aos membros das duas diretorias que tive
a honra de conduzir; aos Acadêmicos; aos meus amigos, cujas presenças honram-me
nesta noite, e em especial, a minha querida esposa Márcia e a minha filha Ana
Elisa.
Nesta
despedida, retomo uma afirmação do Papa João Paulo II que diz: “Urge ter
coragem de caminhar em uma direção na qual ninguém andou até hoje”. Estou certo
de que o mais seguro não é optar pelo passado e pelo caminho já trilhado. É
preciso escolher o futuro, o caminho que ainda se deve abrir.
E com os
olhos neste futuro, posso com o Apóstolo Paulo: “Combati o bom combate.
Terminei minha carreira. Guardei a fé”. Fé que guardarei hoje e pelos caminhos
do amanhã. Um amanhã de esperança. Muito Obrigado.” Jair Elias dos Santos
Júnior - discurso proferido na noite de 21 de maio de 2016, no encerramento da gestão 2014/16.
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