“É uma
infelicidade que existam tão poucos intervalos entre o tempo em que somos demasiadamente novos e o tempo em que somos
demasiadamente velhos”. Barão de Montesquieu
Na abstração de
menino, chamava a minha atenção a pilha de jornais na sala de trabalho do meu
saudoso pai. “Seu” Eloy Maciel cultivava notável hábito da leitura, o cotidiano
incluía os jornais que assinava (Folha
de Londrina e O Estado do Paraná. Esta Tribuna só saía aos
domingos).
Depois de lidos, os
exemplares eram colocados naquela pilha rente ao canto da parede. O monte
crescia e me levava a imaginar que ele alcançaria o teto. Sei lá quanto tempo
depois, a pilha estava bem elevada, assim como era grandiosa a minha
curiosidade sobre o que seria feito com os jornais. De tanto observar, resolvi
perguntar ao pai qual seria a destinação. Ele disse, “o que você acha que deve
ser feito?”. A indagação bumerangue cravava, eu não tinha noção.
A pilha chegou ao
teto, constatei, mas nada disse, certo que o pai saberia o que fazer.
Num sábado de manhã
ele me chamou juntamente com outros dois dos meus irmãos, Euro e Enio, (éramos três últimos da prole de
12!). Finalmente a pilha começava a ser desfeita a partir do momento em que os
jornais eram levados por nós para o carro, cuidadosamente sob olhares
atentos do “seu” Eloy. Aí embarcamos no inesquecível Aero Willys
azul com o destino que só o pai sabia. No Mercado Municipal de Campo Mourão
descarregamos os jornais na banca de frutas e hortaliças (o papel jornal era
para embrulhar os produtos), dos saudosos Alberto e Marlene Tanigut, que,
aliás, fazem parte da história daquele “mercadão”. E outro “aliás” antes de
prosseguir com a história: eles se tornariam sogros do meu irmão Euro (casado
com a Silvana), que moram em Curitiba.
De volta ao
escritório, o pai e a minha saudosa mãe Elza comunicavam que o dinheiro da
venda dos jornais iria para a caderneta de poupança com o nome de cada um de
nós três. Creio que foi a primeira vez
que tivemos nossos respectivos nomes em um banco.
“Para tudo tem uma
serventia”, ditado comumente empregado pelo meu pai, que se somava a outro
usado pela minha mãe, “nada de desperdício”. No caso, jornais velhos não devem
ser jogados no lixo e, noutro dizer do “seu” Eloy, “passamos nos cobres”.
Aprender a não jogar
nada fora, tudo tem o seu valor, a concepção de poupar, o valor do trabalho,
digno, reminiscências repletas de ricas lições baseadas no exemplo, de um pai
sempre querido e de uma mãe sempre amada.
Fases de Fazer Frases (I)
Antes
de tudo. Antes tudo. Antes, tudo. Tudo antes.
Fases de Fazer Frases (II)
Quem diz ter resposta pra tudo, não sabe
perguntar.
Fases de Fazer Frases (III)
Quem diz só saber perguntar, achará resposta
em tudo.
Fases de Fazer Frases (IV)
Só quem está por baixo, pode dar a volta por
cima?
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
“Nos meus dados de eleitor consta o Ensino Médio”,
observa Davi Pereira Lopes. Ele se refere à Coluna (Tem Escola, Mas Falta
Escolaridade), domingo anterior. O texto cita e analisa o perfil atual dos
eleitores mourãoenses. Davi acertadamente apontou que hoje ele tem curso
superior completo, e, como não existiu a atualização de dados, ainda consta a
antiga escolaridade.
Olhos, Vistos do Cotidiano
(II)
Agora como presidente da Coordenadoria das
Associações Comerciais e Empresariais da Região Centro-Ocidental do Paraná, é
certo que Marcelo Chiroli irá realizar profícuo trabalho. A experiência dele é
positiva quando presidiu a ACICAM – Associação Comercial e Industrial de Campo
Mourão, gestão marcada pelo diálogo e dinamismo, bem típico do menino.
Reminiscências em Preto e
Branco (I)
O pai é quem bem conhece o filho, e o filho é aquele
que bem (se) reconhece (no) o pai.
Reminiscências em Preto e
Branco (II)
A propósito do texto principal da Coluna hoje, a
expressão “passar nos cobres” refere-se a dinheiro, ou pequena quantia,
trocados geralmente em moedas de pouco valor. “Passar nos cobres” é vender
algo. Foi o que fizemos, o pai, meus dois irmãos e eu.
José Eugênio Maciel, mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras e Centro de Letras do Paraná.
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