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7 de set. de 2012
PROFESSORA MARIA JOANA: Começamos a "lavar a alma verde -amarela"
Apesar do julgamento do Mensalão não reviver o clima de comoção e interesse público como ocorreu em 2005, quando a denúncia veio a público, as condenações destas duas primeiras semanas reacendem uma chama de esperança no coração dos brasileiros conscientes e pode inclusive determinar o resultado das eleições municipais, principal medo dos petistas, que queria adiar o julgamento para depois das eleições.
Jornalistas têm realçado as posições claras, duras, contundentes, indignadas de ministros do STF:
“Agentes públicos que se deixam corromper e particulares que corrompem são, corruptos e corruptores, os profanadores da república, os subversivos da ordem institucional, os delinquentes, os marginais da ética do poder, infratores do Erário que trazem consigo a marca da indignidade, que portam o estima da desonestidade”. Ministro Celso de Mello.
“A cada desvio de dinheiro público, mais uma criança passa fome, mais uma localidade fica sem saneamento, mais um hospital, sem leitos”. “Se estamos preocupados com a dignidade dos réus, e devemos estar preocupados com a dignidade dos réus, também temos de nos preocupar com a dignidade da vítima, que é toda a sociedade brasileira”. Ministro Luiz Fux.
“A vida é como uma estrada. Não adianta você dizer que foi na reta certinho, por mil quilômetros, e depois entra na contramão e pega alguém. Você tem que ser reto pela sua vida inteira". Ministra Cármen Lúcia.
Sete anos depois, o STF (Supremo Tribunal Federal) julga “Mensalão” considerado pelo o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, como “o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro público realizado no Brasil”, ressaltando tratar-se de uma “sofisticada organização criminosa”, destinada a comprar votos de parlamentares no Congresso. Os advogados da defesa (entre os quais dois ministros...), tentaram sustentar que o caso se restringia ao recebimento de recursos não declarados em campanha eleitoral, prática conhecida como “caixa dois”.
O julgamento do “Mensalão” põe nos bancos dos réus, para além de pessoas e determinados partidos, o próprio sistema político brasileiro e seu modo de financiamento baseado em “contribuições” privadas. Durante muito tempo acreditou-se que empresas e bancos contribuíam com as campanhas eleitorais movidos unicamente pela valoração da democracia. O caso do “Mensalão”, ao contrário, desvela os seus reais interesses: a relação privilegiada e inescrupulosa com os governos.
O que desponta nessa trama é o envolvimento de dirigentes de um partido que dizia ser o defensor da ética e combater ao “mal feito” e do qual se esperava um novo padrão político, culminando com a vitória de Lula em 2002. O julgamento, em si, revela uma reprodução de práticas políticas de dirigentes do PT, os quais condenavam com veemência o que, na sua avaliação, faziam e ainda fazem os partidos tradicionais.
O julgamento do “Mensalão” demonstra a vitalidade e os limites das instituições democráticas e já produz seus frutos, visto as dificuldades que os partidos políticos têm encontrado para arrecadar recursos para a campanha eleitoral, o que leva crer que muitos financiadores encontram-se temerosos com as possíveis consequências a que estão sujeito.
Já entre os políticos, muitos começam a colocar as “barbas de molho”, receosos de que o julgamento signifique o rompimento da cultura da impunidade que permeia as relações políticas no Brasil, criando o efeito “orloff” (eu sou você amanhã!). Ou seja, os que hoje se deleitam pela condenação dos que são julgados pelo “Mensalão”, amanhã poderão responder por situações semelhantes. Assim, independentemente do resultado do julgamento, cresce na sociedade e nas instituições a repulsa à forma privada de financiamento de campanha eleitoral.
Para o jornalista Fernando Rodrigues “Políticos aceitam favores. Sabem que em algum momento terão de retribuir. Foi assim no "mensalão". Se o STF considerar tal compadrio um crime, um passo decisivo terá sido dado para reduzir esse tipo de prática”.
A postura de Lula tentando desacreditar a existência do" mensalão" tem sido motivo de muitas piadas na imprensa como o humorista José Simão: “Adorei a charge do Frank com o Lula fantasiado de Saci-Pererê: "O mensalão não existiu". "Concordo", gritou a Mula sem cabeça! O mensalão não existiu, só existiu o Saci, a Caipora, o Boitatá e a Mula sem Cabeça!”.
Ainda faltam muito para o final, para as penas serem dadas, os culpados punidos, os roubos devolvidos aos cofres públicos..., mas para quem achava que tudo ia virar uma enorme pizza novamente, que a tradição da impunidade vingasse, dá para sentir o coração VERDE AMARELO BATENDO FORTE e cantar o Hino Nacional de alma lavada! “E o sol da liberdade em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria"... "gentil PÁTRIA AMADA BRASIL"!
Maria Joana Titton Calderari - membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, Especialização em Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC - majocalderari@yahoo.com.br
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