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24 de jan. de 2012
COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: A tese pró-tese, acinte vergonhoso
"Não achas que a igualdade, tal como a entendem, é sinônimo de injustiça?”
(anônimo)
Agora no início do ano os meios de comunicação noticiam as despesas que o brasileiro terá. Em síntese o noticiário é o seguinte, “preparem o bolso”. Na lista o IPVA, o IPTU e a matrícula com a compra do material escolar.
Mas em 2012 tem mais uma conta que todos nós iremos pagar, a prótese de silicone. O governo federal, numa velocidade espantosa e incomum, anunciou a medida, tão logo as próteses francesas e holandesas apresentaram problemas de vazamento, pondo em risco a vida das mulheres que possuem silicones dessas marcas. Todos os custos para os exames e substituição das próteses que apresentarem problemas serão pagos com dinheiro público! As mulheres devem procurar o SUS – Sistema Único de Saúde ou os planos de saúde particulares. Diante dos muitos problemas na área da saúde de enorme gravidade que se arrastam sem que o governo federal mova uma palha sequer para enfrentá-los, quanto mais resolvê-los, pagar próteses é no mínimo um absurdo.
Qual é verdadeiramente o motivo para resolver o problema das próteses?
Não carece recorrer às estatísticas, o fato é que a maioria das mulheres implantou silicone nos seios para atender uma exigência delas mesmas em termos de estética, pretendendo enfim a beleza corporal. E quem são essas mulheres? As madames, pertencentes à elite econômica do Brasil. Ou tem alguém que ache que seria alguma mulher do povão, dos tipos assalariadas como diarista, balconista, costureira, frentista, arrumadeira etc.?
Não se trata de discriminação nem o simples fato de considerarmos que por princípio o SUS é para atender a todos quando se trata de saúde preventiva ou não. A questão maior é a própria situação desgraçada do citado Sistema em todo o Brasil, as notícias até parecem repetidas, quando na verdade fazem parte do triste e caótico cotidiano dos locais de atendimento: consultas que demoram meses, exames idem, pessoas desassistidas inclusive a padecerem nos corredores pela absoluta falta de leitos ou de médicos e medicamentos para salvarem vidas estioladas pelo abandono que não é de hoje, mas cujo quadro de penúria está muito longe de acabar, sobretudo pela morosidade, falta de recursos ou dos desvios de verbas quando graça a corrupção impune, que é também um cancro.
É evidente que a rapidez “nunca antes na história deste País”, frase famosa do ufanar lulista, tem uma razão de ser: encobrir a incompetência da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cabia a ela realizar a aprovação e fiscalização de tais produtos, mas a ANVISA não o fez por incompetência, desleixo ou quem sabe conluio, fatores que podem ser levantados em razão dessa pressa em logo atender as madames.
O que torna mais revoltante e merece indignação, é o fato de existirem milhares de mulheres que não fizeram ou tiveram grande dificuldade para a realização da mamografia, uma vez que muitas cidades brasileiras sequer têm o aparelho ou ele está quebrado. Mulheres do povo, humildes simples e mesmo aquelas que têm esclarecimentos, que fizeram protestos para terem assegurados os seus direitos. Além das filas físicas que se alongam em locais que deveriam prestar atendimento decente, brasileiros compõem filas chamadas de lista de espera, como daquelas que precisam de intervenção cirúrgica para não morrem por causa da obesidade mórbida. Outra fila é dos transplantes, embora existam progressos, é preciso ampliar, diversificar e aperfeiçoar toda a logística para a retirada, coleta e colocação de órgãos para que muitos brasileiros possam viver e viver melhor, inclusive produtivamente em termos econômicos.
O Brasil é o velho ditado, aliás, o que somos: “calça de veludo, nádegas de fora”.
Fases de Fazer Frases
Falar e ouvir; ouvir e falar: não importa a ordem, o indispensável é sempre meditar.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Um concurso para escolher o maior corrupto do Brasil foi realizado por um sítio que faz campanha virtual contra a roubalheira. A votação pela internet teve como vencedor do troféu “Algemas de ouro”, o presidente do Senado José Sarney (PMDB), que obteve 59,5% dos votos e na segunda colocação, com 18,9%, o ex-ministro Zé Dirceu (PT). O resultado não surpreende e serve para lembrar o fato de o PMDB e PT terem se coligado nas últimas eleições presidenciais.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
É ótimo iniciar o ano com comentários para o escrevinhador aqui. Cidinha Coletty, conceituada colunista social, escreveu sobre a Coluna: “Gostei Maciel. Está diferente, irreverente e inteligente”. Agradeço a ela, que é jornalista e responsável pela conceituada publicação da Cidade em Revista, para qual tenho a honra de colaborar com textos exclusivos. Agradeço também ao empreendedor Ivânio José Baldicera, atualmente morando em Palotina e muito vinculado a Campo Mourão. Tanto é assim que, leitor assíduo deste Jornal pela internet, ele me escreveu para reclamar que não encontrava esta Coluna. Expliquei que durante a semana ela não aparece em destaque (com a foto) por não ser diária, mas apenas no domingo. Afirmando não deixar de ler ele aproveitou para zombar da foto, “Maciel, eu não encontro mais aquela foto gordinha e “caruda” que você tem”. Para ironizar, não foi por ele que comecei 2012 com uma foto atual.
Reminiscências em Preto e Branco
Vereador mourãoense (1976-1981), Eudes Sartor foi fundamental para o MDB – Movimento Democrático Brasileiro, quando o Partido iniciava as atividades na cidade, no tempo em que a ditadura militar não hesitava em jogar o braço forte contra quem ousasse discordar dela. A máquina pública era usada para beneficiar a ARENA – Aliança Renovadora Nacional, quando das poucas eleições que existiam no País. Mesmo assim, dado ao prestigio da família Sartor, do número de amigos e correligionários, Eudes foi eleito vereador. Aos 75 anos, residindo há décadas no Mato Grosso, deixou um legado, o de atuar na política com idealista e serenidade.
José Eugênio Maciel é mourãoense, filho de pioneiros, professor, escritor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras. Escreve aos domingos sua coluna no jornal Tribuna do Interior e durante a semana neste Blog.
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