Só quem já viveu intensamente a experiência da “voternidade” pode compreender a emoção que balança o fundo do nosso coração quando vemos dois bracinhos estendidos para nós, entregando um abraço cheio de carinho que nos conquista incondicionalmente: “Um abaaaço vovóóó...”
Realmente, ser avó é algo que não se explica, se vive simplesmente. E ser avó, ser mãe, pai pela segunda vez então é muito melhor. A ansiedade que cerca o nascimento do primeiro filho, neto, dá lugar à serenidade, a tranquilidade, fruto da experiência. E podemos então curtir melhor a beleza desta tão esperada chegada, deste tempo mágico.
Desde os primeiros meses de gestação esta criança tão “amadinha” provoca sucessivas reflexões, lembranças, saudades. São tantas as memórias reavivadas da nossa própria experiência de gestação, do nascimento das filhas, do seu crescimento, as alegrias, dificuldades... As experiências vividas teimam sempre em vir à tona e nos tornamos aquelas avós que tentam ajudar os pais a viverem esta fase tão especial da vida de uma família: o nascimento de uma criança, um filho (a), um neto (a).
Como é bom poder registrar esses momentos mágicos que marcam a história da continuidade da vida, poder acompanhar o crescimento desta família através dos filhos, netos. Continuidade, pois, como diz a escritora Ana Maria Machado no seu livro Bisa Bia Bisa Bel, somos “trança de gente”. Os nossos antepassados moram em nós, “Bisa Bia mora comigo” e nossos descendentes vão nos carregar com eles, cruzando o presente com o passado e o futuro. A tão esperada Isabelzinha que dorme ainda tranquila na sua primeira semana de vida um dia vai ser, quem sabe, a “Bisa Bel”...
Olhando nossos netos procuramos recuperar o passado, relembrar no seu jeito de ser os traços de seus pais, avós, antepassados. E ousamos sonhar com o futuro vislumbrando seus passos, suas conquistas. E não pode haver maior magia que descobrir essa beleza da vida que vai se trançando entre as lembranças e lições das avós, passadas aos filhos, retransmitidas aos netos e bisnetos, dando real sentido a nossa história.
Esses momentos nos fazem deixar de lado, mesmo que por instantes, os problemas da vida, as incertezas, angústias, pessoais ou coletivas e nos mostram que apesar de tudo, a vida vale à pena e merece ser vivida intensamente, especialmente nestes momentos especiais, profundamente mágicos, como já escrevi quando soube da chegada do primeiro neto. Mas a magia continua cada vez maior com a chegada da Isabel, menina forte que já nasceu gritando pelo seu direito de... mamar... por enquanto...Mas lembro da vida de luta das mulheres que construíram a trança da nossa história, minha mãe, avós, bisavós... e sinto que vem aí mais uma guerreira. E nós não podemos imaginar o que viverão os nossos netos, mas queremos deixar para eles o testemunho desta trança solidária de vida que ganha continuidade. Que Deus proteja, ilumine, guarde Isabel, tão pequenina ainda e já tão “amadinha” por TODA FAMÍLIA!!! Agradeçemos a Deus pela bênção recebida!!!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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