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5 de out. de 2011
COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: O espírito tão atual de Assis
Celebramos ontem, dia 4, a vida de Francisco de Assis que viveu há mais de 800 anos a maior radicalidade do Evangelho, despojando-se de tudo para receber tudo de Deus, vivendo no amor que levava aos seus irmãos que o chamavam o irmão-sempre-alegre. Considerado como o patrono da ecologia da atualidade, o grande exemplo para todos aqueles que procuram um novo acordo com a natureza e que sonham com uma confraternização universal. Seu modo de ser vem de encontro com o espírito ecológico de nosso tempo, tão carente de união, diálogo, paz, encantamento e magia.
Em Francisco de Assis encontramos valores que perdemos como o encantamento face ao esplendor da natureza, a reverência diante de cada ser, a cortesia para com cada pessoa e o sentimento de fraternidade com cada ser da criação, com o sol e a lua, o céu e a terra, com o lobo feroz e o hanseniano que ele abraça enternecido. Ele realizou uma síntese feliz entre a ecologia exterior e a ecologia interior a ponto de se transformar no arquétipo de um humanismo terno e fraterno, capaz de acolher jovialmente todas as diferenças, essencial nestes tempos de todas as formas de divisões em que vivemos
Com Francisco descobrimos um cristianismo de jovialidade e canto, de paixão e dança, de coração e poesia, de uma inocência infantil, de frescor, pureza e encantamento à penosa existência nesta terra. Nele as pessoas não são "filhos e filhas da necessidade, mas filhos e filhas da alegria" (G. Bachelard). Abertura aos outros e ao universal, mas, também pobreza, contemplação da Criação, fraternidade, alegria, são as palavras-chave para aqueles, religiosos ou leigos, que vivem da espiritualidade do “Poverello”, seguem o espírito de Assis e compõem a família franciscana.
O carisma franciscano prega uma vida de oração e de contemplação no mundo. São Francisco dizia: “Nosso claustro é o mundo”. Prega uma vida de missionário que busca “tornar o Reino de Deus acessível a todos, em particular aos mais frágeis, o que pressupõe que sejamos humildes e acessíveis”. Uma vida de fraternidade, e isto significa procurar ser irmãos de todos os homens e de todas as criaturas, o que nos leva, por exemplo, a interessar-nos por problemas como a salvaguarda da Criação ou o diálogo inter-religioso. Francisco deixou-nos um programa de fraternidade universal. Quis ir ao encontro de todos: pobres, poderosos, enfermos, cristãos, muçulmanos, procurando sempre uma relação autêntica, um caminho fraterno para o outro, além das pressões e dos medos.
Para Hermann Hesse: "Francisco casou em seu coração o céu com a terra e inflamou com a brasa da vida eterna nosso mundo terreno e mortal". Que ele inflame os participantes do encontro entre representantes das diversas religiões que será realizada em Assis no próximo dia 27 de outubro de 2011, na presença do papa, celebrando o 25º aniversário do primeiro encontro inter-religioso do gênero, buscando o diálogo de todos os crentes crente em Deus ou com o Absoluto, cada um com sua própria tradição religiosa ou a sua busca da verdade. “Irmãos, minhas irmãs, vamos cantar esta manhã, pois renasceu a criação das mãos de Deus...”
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-
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