Nós esperamos porque não conhecemos o futuro. Não sabemos o que nos aguarda e abrimos espaço para a esperança. Deus, que está acima do tempo, sabe o futuro, mas tem esperança porque não quer realizar Seu plano de amor sem nosso consentimento.
A liberdade humana explica a existência da esperança em Deus Pai. Ele aguarda com vísceras de misericórdia a resposta humana! O Senhor tem sentimentos!
Em Deus existe a alegria! Já superamos a imagem carrancuda, muitas vezes, posta diante de nossos olhos, como se o Senhor estivesse vigiando, a modo de guarda de trânsito, nossas eventuais faltas a serem castigadas! O Pai do Céu viu que tudo o que fez é bom! O Filho amado, Deus feito carne, abraça crianças, nos convida a ser como as flores do campo, chama ao descanso Seus discípulos, exulta de alegria! E entre os frutos do Espírito está a alegria!
As chamadas parábolas da misericórdia (cf. Lucas 15, 1-32) têm a alegria como fio condutor. “Alegrai-vos comigo, pois encontrei a minha ovelha perdida”, diz o pastor que é figura do Pai do Céu. “Alegrai-vos comigo, pois encontrei a moeda perdida”, diz a mulher que gastou mais com a festa do que o valor da própria moeda! Nela também se entrevê um Pai exagerado! E na história do filho pródigo, quem sabe retornando à casa mais por causa da fome do que pelo amor ao próprio Pai, Deus quase não sabe o que fazer, de tanta alegria! Festa, roupas de luxo, anel com o brasão da família, banquete: “Comamos e façamos festa, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado”.
Ninguém jamais viu a Deus, escreve São João para dar maior relevo à verdade segundo a qual o Filho unigênito, que está no seio do Pai, é que o deu a conhecer. A revelação manifesta Deus no insondável mistério do Seu Ser Uno e Trino, rodeado de luz inacessível. Mediante essa revelação de Cristo, conhecemos Deus, antes de mais nada na Sua relação de amor para com o homem: na sua “filantropia”.
É aqui que as perfeições invisíveis do Senhor se tornam, de maneira particular, reconhecíveis, mais reconhecíveis do que por meio de todas as outras obras por Ele realizadas. Tornam-se visíveis em Cristo e por meio de Cristo, em Suas ações e palavras e, por fim, mediante a Sua morte na cruz e a Sua ressurreição.....
Dom Alberto Taveira CorrêaArcebispo de Belém - PA
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