ENTREVISTA DE DOMINGO: José Pochapski

Nascido em 1946, na cidade de Prudentópolis (PR), o ex-prefeito e atual vereador José Pochapski veio morar com a família ainda criança em Campo Mourão no ano de 1952.

Pochapski é o homenageado desta semana na ENTREVISTA DE DOMINGO, 10/10/10, em que Campo Mourão comemora 63 anos de emancipação político-administrativa.

Ele conta como foi sua infância, onde estudou e como começou sua paixão pela educação.

Lecionou no Ginásio Botelho Mourão em 1968 e no ano seguinte no Colégio Estadual Professor João de Oliveira Gomes.

Foi inspetor de ensino médio; fundador e primeiro diretor do Colégio Agrícola; secretário e diretor da Fecilcam; fundador, secretário e professor do Colégio 10 de Outubro (hoje Cies), e primeiro diretor do Colégio Unidade Pólo.

Além de prefeito na gestão 1982/88, foi diretor da Secretaria de Educação na gestão do prefeito Tauillo Tezelli, candidato a vice-prefeito em 2004 na chapa do deputado Douglas Fabrício e um dos vereadores mais votados na atual legislatura de Campo Mourão.

Nas imagens abaixo, o professor ex-prefeito José Pochapski ao lado dos ex-prefeitos Renato Fernandes Silva e Taullo Tezelli, no programa Tocando de Primeira - edição 895- na Rádio Colméia, no sábado 9 de outubro de 2010, que destacou os 63 anos de Campo Mourão.

Confira a ENTREVISTA DE DOMINGO com o professor José Pochapski.

QUEM É JOSÉ POCHAPSKI? Sou filho de Conrado Pochapski e Rosa Golhanoski Pochapski. Nasci em Barra Bonita, Prudentopólis (PR), em 16 de janeiro de 1946.
Cheguei a Campo Mourão em abril de 1952, com apenas seis anos de idade. A Antonina Santana é mãe da Márcia Thays e Marcelo José, nossos filhos.

Meus pais vieram para Campo Mourão porque se falava bastante daqui. Diziam que era um município de futuro.

Na década de 1940, meu tio Miguel e meu avô Valdomiro Pochapski veio de carroça, mas não permaneceram por acharem que Campo Mourão não tinha futuro. Meu tio Miguel está vivo, completou 93 anos de idade em maio último. Sempre procuro visitá-lo. Tenho quatros irmãos: Áudio (já falecido), Teófila, Cláudio e Irene.

ONDE E COMO FOI SUA INFÂNCIA? Em duas partes: inicialmente em Prudentopólis e a outra parte em Campo Mourão. Tanto lá como aqui, foi praticamente igual. Tinha contato com a natureza, nadava em rio, colhia frutos, brincava de pião, soltava pipa, entres outras brincadeiras da época. Aprendi a nadar no Rio 119, pelado, diga-se de passagem. Na região do cerrado tinha muito gabirova e butiá nativo. Ia muito à piscina do bispo. O Cláudio, meu irmão, era pequeno e a minha mãe só deixava irmos, se o levássemos. Ele ia carregado nas minhas costas da nossa casa na Avenida Goioerê até lá. (A piscina do bispo se localizava nas imediações do atual jardim Pio XII).

COMO O SENHOR SE DEFINE? Um ser humano em busca da verdade.

José Pochapski, recebendo em sua terra natal a medalha do Mérito Municipal, nas comemorações dos 103 anos de Prudentópolis.

ONDE O SENHOR ESTUDOU E QUE CURSOS FEZ? Estudei na atual Escola Santa Cruz. Depois no Seminário dos Padres Brasilianos em Prudentópolis e Ivaí (PR). Fiz o curso superior na Universidade Católica do Paraná – Licenciatura em Ciências no período de 1966 a 1968. Tive a felicidade de ter como colegas de escola o José e Osvaldo Soltoski, João e Diógenes Teodoro de Oliveira, Jaime Sidinei, Maria Enilda de Oliveira, com eles fiz o primário. Participei também da Fanfarra da escola, que era composta por três instrumentos. Fui coroinha quando a Igreja São José era de madeira. Ao seu lado ficava o imponente Instituto Santa Cruz, construção de madeira, que se localizava onde hoje é a Praça São José.
Na época de estudante universitário morei na república estudantil, chamada de “Puleiro dos Anjos”, junto com o Ileontino Balabuch e o Vitório Seratiuk. Lá lavamos roupa e passávamos. Não via a hora de terminar os estudos.

QUAL FOI A SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Voltei para Campo Mourão em de dezembro de 1968. Comecei a lecionar no Mini Colégio Botelho e Mourão, juntamente com o Prof. Wilson Ubialli e no Colégio Estadual. Lecionava matemática, ciências e desenho geométrico. Ali foi na parte do magistério.
Fui primeiro diretor do Colégio Unidade Pólo. Fundador e primeiro diretor do Colégio Agrícola. Secretário e Diretor da Fecilcam, e posteriormente Diretor do Departamento de Educação do Município na administração Augustinho Vecchi (1977-1983).
Sempre gostei de História, fiz Ciências por ter sido o primeiro curso noturno da PUC, daí optei por ele.

O QUE O LEVOU A OPTAR PELA POLÍTICA? O QUE É MAIS FÁCIL: SER VEREADOR OU SER PREFEITO? A participação minha na política foi de dar a minha contribuição como cidadão. As pessoas criticam e não concordam com o que acontece na política. As criticas das pessoas somente permanece na teoria. Com todo este trabalho que fiz na educação, surgiu a oportunidade de dar a minha contribuição na política. Nunca tive pretensão de entrar na política. Tentar fazer a melhor administração e voltar para a Educação. Dar a minha contribuição ao invés de criticar.
Ser Prefeito é muito mais difícil. É o cargo mais espinhoso da política brasileira. Porque o cidadão pode encontrá-lo na casa, na Prefeitura, enquanto os outros estão longe, de difícil acesso. E os problemas estão nos municípios.
Vereador é uma função compartilhada. No caso de Campo Mourão somos em 10. Legislar, fiscalizar, o vereador não tem o poder de executar. A execução é algo mais difícil.

POR QUE O SR ACHA QUE FOI ELEITO SENDO UM DOS MAIS VOTADOS EM CM? Acredito que pelos amigos do magistério, ex-alunos, pelos servidores municipais, que trabalhamos juntos na Prefeitura. Dos nossos pioneiros que conhecem desde criança. Pelo pessoal da área rural, e com eles sempre tivemos uma forte ligação. A minha votação veio destes setores, das pessoas que me conhecem. Foram elas que ajudaram nesta minha trajetória na política. E não posso deixar de citar dos meus “irmãos da fé palmeirense”.

COMO É O SEU DIA-A-DIA? Gosto de acordar cedo e de ir a pé ao local que começo meu dia de trabalho. Seja numa creche, num bairro. Gosto de caminhar, e até por ser uma forma de fazer exercício. Gosto de conversar com as pessoas, de ouvir as reclamações. Tento participar ao máximo das atividades que sou convidado, como por exemplo, das inaugurações da Prefeitura, até para acompanhar de perto a atuação do Executivo. Também me dedico no trabalho da Câmara. Em casa, quando fico nela, gosto muito de ler.
QUAIS SÃO AS BOAS COISAS DA POLÍTICA? Destacaria duas: ter contatos com as pessoas, ouvir as histórias delas, enfim ficar mais próximo possível do povo. Agindo desta maneira, penso é a melhor possibilidade de desenvolver ações positivas para a comunidade.

O POLÍTICO DE HOJE É BEM DIFERENTE DE QUANDO O SENHOR COMEÇOU NA VIDA PÚBLICA? No passado havia na política mais idealismo, sonhos, amor a camisa. Até mais calor humano. O vereador era um servidor da comunidade. Estava perto deste tempo. O contato pessoal tinha uma força muito grande. Hoje é o marketing, a propaganda que fazem a política e o político.

QUAL O CONSELHO DARIA PARA QUEM PENSA EM SER POLÍTICO? Dois conselhos: as pessoas que estão entrando num partido ter bem claro de não achar que nele não estão somente os santos. Que no meu partido estão somente os certos. A pessoa tem que ter a noção clara que não é bem assim. A outra que nenhum partido do mundo vai resolver os problemas da sua comunidade. Que isso é uma questão de consciência política. E que nós estamos a “anos-luz” desta consciência política: de a pessoa entrar na política voltando suas raízes para servir a comunidade.

QUEM SÃO OS POLÍTICOS MAIS EXPERIENTES EM CM? Rubens Bueno, Augustinho Vecchi, Francisco Irineu Brzezinski, Darcy Deitos, Tauillo Tezelli, Márcio Nunes, Nelson Tureck e João Douglas Fabrício.

QUEM EM CM É POLÍTICO EXEMPLO E POR QUÊ? Vou citar três: Dr. Milton Luiz Pereira, Renato Fernandes Silva (foto) e José Pedroso Fabri. Tem uma curiosidade entre eu, o Dr. Milton e o Dr. Renato. Eles tomaram posse em 1963 e 1973, e eu, em 1983. O Renato tem suas raízes em Prudentópolis, até brincamos: “Prudentópolis, dois a zero”. O José Pedroso Fabri foi meu leal vice-prefeito e um valioso amigo.

Os três deram sua contribuição e voltaram para suas atividades profissionais. Foram exemplos de honestidade. Se neste País tivesse honestidade em todas as camadas da política, o Brasil seria a melhor Nação do mundo.

O SENHOR TEM TRAJETÓRIA ESPORTIVA? DESDE QUANDO É APAIXONADO PELO ESPORTE E QUEM FOI O “CULPADO”?.
A minha trajetória poderia ter sido notável. Eu jogava no campinho dos Tagliari. Eles evoluíram e eu fiquei no tempo. Na quadra acima da Rua Mato Grosso, jogavam bola juntamente com o Carlão, Itamar e o Vanderlei Tagliari. O técnico era o Itacir. Lembro-me que o Luizinho era bebê de colo. Tenho uma longa trajetória esportiva como “torcedor” do glorioso Palmeiras, desde 1953.
QUAL O SEU ESPORTE PREFERIDO E TIME DO CORAÇÃO, E ÍDOLO?
É o futebol. O meu ídolo é o Ademir da Guia, que foi muito injustiçado na seleção brasileira.

O QUE O SENHOR AINDA NÂO FEZ QUE AINDA GOSTARIA DE FAZER? Gostaria de conhecer a Amazônia, o Nordeste, a região norte do Brasil. A Ucrânia, que meus descendentes vieram de lá. Também a Grécia, Portugal, Egito que são os berços da civilização.

QUAL JOGADA OU DECISÃO QUE, JAMAIS TERIA FEITO SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO? Como decisão, não teria deixado o trabalho como prioridade na minha vida. Fui uma máquina de trabalhar. Jamais daria tanta prioridade a ele. Tem outras coisas mais importantes do que somente o trabalho. Cito por exemplo, a família, as amizades, a espiritualidade, todos são mais importante que o trabalho.

QUAL DECISÃO FICOU NA HISTÓRIA DE SUA VIDA? O que mudou a minha vida em todos os sentidos foi a de entrar na política. A decisão de não fugir de participar da política, que acabou mudando a minha vida em todos os sentidos: pessoal, profissional, financeira e busca espiritual.

QUAL FORAM OS MOMENTOS MARCANTES DA SUA TRAJETÓRIA POLÍTICA? Muita coisa bonita aconteceu na minha última campanha, mas teve algo que quando lembro me emociono. Numa reunião na casa da Eva, no Jardim Paulista, a Jandira, que trabalha na creche Pingo de Gente, pessoa muito humilde, disse uma coisa que mexeu muito comigo e pedi até que ela escrevesse para que eu guardar por todo o mandato. Ela disse: professor, eu tenho orgulho de morar numa cidade que tem um político como o senhor. Aquilo me marcou porque realmente fiz uma campanha com o maior respeito, pedindo votos para mim e quando achava votos de outros candidatos até dava o número se a pessoa precisasse. Pedia votos para o Tauillo e o Osni, mas com o maior respeito com a Regina e o Nelson. É uma coisa que vou guardar para mim e quero corresponder ao que a Jandira me falou.

Outro momento foi na campanha para prefeito. Na reta final fizemos um comício na comunidade do KM 128. Estava anoitecendo e quando voltamos vi as luzes da cidade. Daquele momento para frente permaneci em silêncio e a emoção dominou a minha alma. Lembrei do meu pai, da minha mãe, dos meus filhos, da minha família. E da responsabilidade de ser prefeito da cidade que me viu crescer. Aquele momento foi indescritível.

ÉTICA EM UMA FRASE É... Ética são aqueles valores validos em Campo Mourão, no Paraná, no Brasil, no mundo. São aqueles valores eternos. Tem validade em qualquer lugar e em qualquer ponto ou circunstância. Tem valor sobre qual regime político, religioso. Ética é um valor universal.

O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É...Quando entrei na vida pública dizia que “vamos preferir, em todo tempo a angustia da busca do que a paz da acomodação”. Ultimamente, estou caminhando para a paz da acomodação, do que para a angústia da busca.

QUAL O MELHOR TIME DE FUTEBOL OU FUTSAL QUE VIU OU ASSISTIU JOGAR? Melhor time de futebol, apesar de ser palmeirense, foi o Santos de Pelé e companhia. E o de futsal os do Tagliari que vi jogar.

CITE TRÊS PERSONALIDADES ESPORTIVAS EM CAMPO MOURÃO?
A família Tagliari, Idevalci Ferreira Maia e Gilmar Fuzetto (foto).

CITE TRÊS PERSONALIDADES (FORA DO ESPORTE) EM CAMPO MOURÃO? Adelaide Teodoro de Oliveira (na foto, sendo homenageada no programa Tocando de Primeira na Rádio Colméia, ao lado de Nelsinho e Eraldo Teodoro),

Ater Cristofoli, e Anísio dos Santos Moraes.

E gostaria de citar mais uma: Edilaine Maria de Castro, por seu trabalho no setor cultural.

QUAIS ATRIBUTOS FAZEM DE UMA PESSOA UM PROFISSIONAL DE EXCELÊNCIA? Competência, conhecimento, iniciativa, persistência, dinamismo, honestidade, ética, visão, transparência.

A CAMPO MOURAO DO PRESENTE É: uma cidade de médio porte, que possui vantagens de cidade grande.

Estádio Roberto Brezzinski, em Campo Mourão. Foto Mariana/Carlos Rodrigues

EXISTE UM OUTRO “PROF. JOSÉ”?: Sim, aquele que hoje, acima de trabalho, política, educação, etc., coloca como prioridade Deus, Vida, a busca da autentica espiritualidade. Na imagem, o professor José Pochapski autor da homenagem de Cidadania Honorária de Campo Mourão ao professor Edson "China" Hirata.

A CAMPO MOURAO DO FUTURO SERÁ?: Será aquilo que cada um nós plantarmos de bom no presente.

O POVO BRASILEIRO SABE VOTAR? O povo brasileiro está anos-luz de uma verdadeira consciência política.

QUAL O SENTIMENTO DE RECEBER ESTA HOMENAGEM E PARTILHAR UM POUCO DA SUA VIDA E DE SUA HISTÓRIA? O primeiro sentimento de emoção, de lembrar fatos marcantes do passado. Fatos positivos e negativos, que mexem com você. A segunda, que uma oportunidade de agradecer a vida, a Deus, a todas as pessoas de uma forma ou de outra, fazem parte da minha história, que ajudaram a realizar. Eu sou grato ao Ilivaldo Duarte pela oportunidade.

QUEM GOSTARIA DE VER HOMENAGEADO AQUI NO BLOG? Milton Luiz Pereira, nosso ex-prefeito e que honrou o Paraná no Superior Tribunal de Justiça.

QUAL O RECADO PARA OS LEITORES DO BLOG? Teria muitos recados para dar. Mas, gostaria de deixar um: diminuir a nossa tendência de julgamento e aumentar a nossa capacidade de perdão. Na minha vida esta entrevista foi resumida em poucas linhas e existem muitas outras coisas que não foram ditas aqui, tanto de acerto como de erros. E isso acontece com cada pessoa, por mais humilde que ela seja. Cada dia que você encontra alguém, este alguém tem uma história de alegrias, de tristezas, de acertos, de erros. Seja leve no julgar e grande no perdoar.
No programa Tocando de Primeira, de número 795, José Pochapski foi homenageado com o troféu Tocando de Primeira, sendo Celebridade no rádio mourãoense.

JOGO RÁPIDO
MÚSICA? - Danúbio Azul
UM LIVRO?- “Um Curso em Milagres”, da Foundation For Inner Peace.
QUE LIVRO ESTÁ LENDO NO MOMENTO?- “Uma Breve História do Mundo”, de Geoffrey Blainey.
UM AUTOR?- Joseph Benner, autor do livro “A vida impessoal”.
COMIDA? - Arroz, feijão e arroz doce.
SONHO? - Conhecer a realidade, a verdade, ter as respostas para as perguntas eternas do ser humano.
SAUDADE? DO QUÊ E DE QUEM? - De familiares, parentes e amigos que já se foram.
MOMENTO INESQUECÍVEL?- Ter pegado meus filhos na mão, logo após o nascimento, aquele bebezinho pequeno, uma emoção que não tem explicação. Um momento especial e um milagre da vida.
HOBBY?- Leitura
MANIA?- Guardo tudo, desde livros e revistas.
PROGRAMA?- De televisão, é o Globo Repórter, quando é sobre natureza.
JOGO?- Futebol.
TÍTULO?- Ser Cidadão Benemérito do Paraná e Honorário de Campo Mourão e Farol.
FRUSTRAÇÃO?- A gente tem muita frustração, à medida que a gente vai vivendo. Campo Mourão ganhou um razoável professor de matemática e perdeu um grande historiador.
FAMÍLIA É...- Por trás de grandes homens e mulheres, a base é a família. A família é o alicerce das pessoas realizadas.

Uma das belezas naturais de Prudentópolis, a "terra das cachoeiras gigantes".