“Está faltando diálogo entre a superfície e o interior da Terra. Nós, da crosta, estamos claramente sendo atacados pelas profundezas, sem meios para revidar” – Luís Fernando Veríssimo, escritor – Zero Hora, 22-04-2010.
Dia 22 de abril comemoramos o “Dia da Terra”, aniversário do movimento que há 40 anos levou às ruas cerca de 20 milhões de americanos, pedindo por um ambiente saudável e sustentável. Nessas quatro décadas a busca se tornou cada vez mais difícil, globalizada, como as cinzas do vulcão Eyja... (de nome impronunciável) da distante e pequena ilha Islândia, que vão espalhando conseqüências por todo mundo, sem prazo para terminar. A última erupção começou em dezembro de 1821 e terminou em janeiro de 1823, mas naquele tempo os aviões não cruzavam os ares e o enxofre e carbono de suas cinzas fertilizou a terra...
Se um vulcão de pequena proporção como este tem o poder de provocar o caos aéreo na Europa e paralisar o mundo, imagina o que pode ocorrer se o vulcão Katla (ou outros tantos pelo mundo...) acordar. Situado na mesma cordilheira, tem dez vezes mais potência que o Eyja..., produziria uma nuvem que poderia encobrir toda Europa por muito mais tempo... Segundo os geofísicos isso baixaria a temperatura da terra, como já foi observado em erupção na Indonésia em!815 e 1883, nas Filipinas em 1991. Há estudos mostrando que a era glacial ocorridos há 70.000 anos atrás, que causou extinção de animais, plantas, seres vivos, foi causada pela erupção do vulcão Toba, na Indonésia.
Assim como os efeitos dos tsunamis e suas ondas de mais de 40 metros vão se espalhando pelas praias do mundo, assim também as cinzas vulcânicas e seus gazes tóxicos espalham-se pela atmosfera, podem alterar o clima planetário e afetar toda a vida, revelando a fragilidade do ser humano diante das forças da natureza que estão muito além do seu controle.
Nestes últimos tempos natureza nos tem dado muitos sinais de sua força contrastando com a nossa pequenez: vulcões, terremotos (provocados por vulcões, movimentos nas placas tectônicas), chuvas torrenciais, inundações, tornados, desequilíbrios climáticos... É um sério momento de reflexão sobre a nossa pequenez, fragilidade. É tempo de pôr no centro do debate a vida, a humanidade e a sustentabilidade da terra. Que as cinzas do Eyja fertilizem a consciência humana...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
O vulcão Tambora, na Indonésia em 1815 (1825?), citado no post, foi responsável pela manutenção do inverno durante o verão no hemisfério norte do ano seguinte, tanto que nevou em junho nos EUA...
ResponderExcluirUma situação parecida nos dias atuais provocaria um caos alimentar no planeta, visto que quase 70% dos alimentos do mundo são produzidos no hemisfério norte...