12 de ago. de 2014

COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: Ganhamos uns "cobres"

É uma infelicidade que existam tão poucos intervalos entre o tempo em que somos  demasiadamente novos e o tempo em que somos demasiadamente velhos”. Barão de Montesquieu
            Na abstração de menino, chamava a minha atenção a pilha de jornais na sala de trabalho do meu saudoso pai. “Seu” Eloy Maciel cultivava notável hábito da leitura, o cotidiano incluía os  jornais que assinava (Folha de Londrina e O Estado do Paraná. Esta Tribuna só saía aos domingos).  
            Depois de lidos, os exemplares eram colocados naquela pilha rente ao canto da parede. O monte crescia e me levava a imaginar que ele alcançaria o teto. Sei lá quanto tempo depois, a pilha estava bem elevada, assim como era grandiosa a minha curiosidade sobre o que seria feito com os jornais. De tanto observar, resolvi perguntar ao pai qual seria a destinação. Ele disse, “o que você acha que deve ser feito?”. A indagação bumerangue cravava, eu não tinha noção.     
            A pilha chegou ao teto, constatei, mas nada disse, certo que o pai saberia o que fazer.  
            Num sábado de manhã ele me chamou juntamente com outros dois dos meus irmãos,  Euro e Enio, (éramos três últimos da prole de 12!). Finalmente a pilha começava a ser desfeita a partir do momento em que os jornais eram levados por nós para o carro, cuidadosamente  sob olhares  atentos do “seu” Eloy. Aí embarcamos no inesquecível Aero Willys azul com o destino que só o pai sabia. No Mercado Municipal de Campo Mourão descarregamos os jornais na banca de frutas e hortaliças (o papel jornal era para embrulhar os produtos), dos saudosos Alberto e Marlene Tanigut, que, aliás, fazem parte da história daquele “mercadão”. E outro “aliás” antes de prosseguir com a história: eles se tornariam sogros do meu irmão Euro (casado com a Silvana), que moram em Curitiba.   
            De volta ao escritório, o pai e a minha saudosa mãe Elza comunicavam que o dinheiro da venda dos jornais iria para a caderneta de poupança com o nome de cada um de nós três. Creio que  foi a primeira vez que tivemos nossos respectivos nomes em um banco. 
            “Para tudo tem uma serventia”, ditado comumente empregado pelo meu pai, que se somava a outro usado pela minha mãe, “nada de desperdício”. No caso, jornais velhos não devem ser jogados no lixo e, noutro dizer do “seu” Eloy, “passamos nos cobres”. 
            Aprender a não jogar nada fora, tudo tem o seu valor, a concepção de poupar, o valor do trabalho, digno, reminiscências repletas de ricas lições baseadas no exemplo, de um pai sempre querido e de uma mãe sempre amada.  
Fases de Fazer Frases (I)
            Antes de tudo. Antes tudo. Antes, tudo. Tudo antes.
Fases de Fazer Frases (II)
            Quem diz ter resposta pra tudo, não sabe perguntar.
Fases de Fazer Frases (III)
            Quem diz só saber perguntar, achará resposta em tudo.
Fases de Fazer Frases (IV)
            Só quem está por baixo, pode dar a volta por cima?
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
            “Nos meus dados de eleitor consta o Ensino Médio”, observa Davi Pereira Lopes. Ele se refere à Coluna (Tem Escola, Mas Falta Escolaridade), domingo anterior. O texto cita e analisa o perfil atual dos eleitores mourãoenses. Davi acertadamente apontou que hoje ele tem curso superior completo, e, como não existiu a atualização de dados, ainda consta a antiga escolaridade.  
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
            Agora como presidente da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais da Região Centro-Ocidental do Paraná, é certo que Marcelo Chiroli irá realizar profícuo trabalho. A experiência dele é positiva quando presidiu a ACICAM – Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão, gestão marcada pelo diálogo e dinamismo, bem típico do menino.    
Reminiscências em Preto e Branco (I)
            O pai é quem bem conhece o filho, e o filho é aquele que bem (se) reconhece (no) o pai.
Reminiscências em Preto e Branco (II)

            A propósito do texto principal da Coluna hoje, a expressão “passar nos cobres” refere-se a dinheiro, ou pequena quantia, trocados geralmente em moedas de pouco valor. “Passar nos cobres” é vender algo. Foi o que fizemos, o pai, meus dois irmãos e eu.
José Eugênio Maciel, mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras e Centro de Letras do Paraná.

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