12 de mar. de 2014

SAIU NA FOLHA DE LONDRINA: Do sonho ao exemplo

Saiu na edição de 11/03 na Folha de Londrina, caderno Folha Cidades, matéria sensacional com a mourãoense Raquel Cruz, a nossa artista "Pipoca".
Confira:
Uma das poucas em atuação no país, a palhaça paranaense Raquel Aparecida da Cruz tem seu trabalho reconhecido em concurso nacional
No picadeiro, surge a figura do palhaço, branquinho e banguela. Ele é a sensação da noite, pelo menos para uma garotinha de oito anos, que só tinha um lugar garantido embaixo das arquibancadas porque a mãe trabalhava de camareira no circo. 
Hoje, mais de 30 anos depois, a figura do palhaço Saca-Rolha ainda é muito viva nas lembranças de Raquel Aparecida da Cruz, de Campo Mourão (Centro-Oeste). Ela, que representou o Paraná na etapa nacional do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria Microempreendedora Individual, conquistou o terceiro lugar entre mais de 200 concorrentes. A premiação é um reconhecimento das histórias de empreendedorismo feminino. 
Com a conquista, Raquel, assim como outras vencedoras, contará com uma ajuda na divulgação de sua microempresa individual que oferece serviços de arte circense. Ela também é parceira da Associação Sou Arte, de Campo Mourão, e atende eventos por todo o Estado. 
Raquel conta que foi motivada por uma consultora do Sebrae para se inscrever. "A seleção era muito difícil porque havia muitas mulheres concorrendo, com empresas bem estruturadas e chego eu lá, sozinha, de palhaça? Não acreditava muito que iria ganhar", revela, buscando uma resposta para a conquista. 
"Acho que é um trabalho diferente, que não é voltado confecção ou salão, que são áreas mais comuns. Tenho uma empresa que presta serviço de palhaço e, felizmente, muitos dos meus alunos acabaram se tornando microempreendedores também", diz. 
Porém, o merecido destaque também pode estar relacionado ao fato dela ser uma das poucas mulheres afro-descendentes que atua como palhaça no país. "É o reconhecimento de uma vida toda. Já fiz muita coisa, mas esse trabalho é meu grande sonho. Enquanto instrutora, vejo que posso oferecer uma oportunidade, uma escolha ou até mesmo uma melhora na autoestima de crianças que crescem na periferia, assim como eu cresci", declara. 
Longo caminho
Aos 39 anos, Raquel já é conhecida como palhaça "Pipoca", nome que justifica seu pique e animação, além de combinar perfeitamente com a data de seu aniversário: 24 de junho, Dia de São João. Apesar de tudo parecer uma grande festa e só alegria quando Pipoca surge, na vida real, ela protagonizou um longo caminho até o reconhecimento. 
Quando nasceu, Raquel foi levada até um casal que havia perdido um bebê recém-nascida. Sua mãe biológica não tinha condições de criá-la, pois já tinha outros oito filhos. "As pessoas acharam que não daria certo porque sou de cor e o resto da família é bem branquinha, mas minha mãe não se importou e ainda mamei oito meses nela", relembra. 
A mãe, sendo analfabeta, as oportunidades de emprego não eram as melhores. "Ela fazia alguns bicos e havia se separado do meu pai. Eu tinha que ajudar no sustento da casa e comecei a trabalhar cedo, com 12 anos, porque meu sonho desde criança era ajudar minha mãe", conta Raquel, que chegou a cortar cana, ser babá, diarista, auxiliar de cozinha, entre outros. 
Mesmo com uma rotina bem corrida, Raquel não se esquecia da figura do palhaço e continuava sonhando alto com o circo. Nas horas de folga, foi procurar trabalhar com arte e conheceu uma diretora que estava à frente de um projeto cultural de circo itinerante. 
"Fiz uma audição em 2001 e passei a integrar a trupe de circo de Campo Mourão. Três anos depois, montamos um grupo paralelo de estudo e pesquisa junto com Companhia Sou Arte, da qual sou integrante até hoje", comenta ela, que neste período teve que aprender um pouco sobre administração de empresas, controle financeiro e relatórios de produtividade. 
Atualmente, Raquel dá aulas de circo para cerca de 500 crianças, nos municípios de Mandaguari, Mandaguaçu e Campo Mourão, com contratos firmados com as prefeituras. "Tento levar as brincadeiras para o lado mais lúdico, ensinando o respeito ao próximo e também com as mulheres", completa ela, que não se contentou só com a realização de um sonho. Foi adiante, transformando-o em um grande exemplo.

Micaela Orikasa - Reportagem Local Folha de Londrina- edição 11 de março 2013. Folha Cidades 

Nenhum comentário:

Postar um comentário