TEMPO, pela poetisa Cida Freitas

"Depois de certo tempo,

aprendi que a vida é o que fazemos dela e só fazemos o que aprendemos a fazer.
Aprendi a importância dos pais nos primeiros anos de nossa vida.
Em minha casa, quase não havia conforto, tínhamos apenas o básico, mas tínhamos respeito, dignidade. Meu pai jamais permitiu um palavrão e eu nunca o ouvi pronunciar um.
Minha mãe, para nos proteger da miséria, foi aprender uma profissão e trabalhou até não aguentar mais.
Em minha casa morava Deus, aprendi a orar para dormir, minha mãe nos ensinava, minha avó também. Aprendi que ter fé não é apenas frequentar igrejas, mas ter Deus dentro de si e revelá-lo através das atitudes e comportamento. Aprendi o apego à família, pais, irmãos, avós, tios, primos e a seus descendentes. Aprendi com isso a amar todas as pessoas, pelo menos até conhecer seu caráter.Nao suporto pessoas de caráter duvidoso. Alguém me disse um dia: Procure as aves de sua plumagem. Voe com elas. Assim faço.
Chega um tempo na vida quando a maldade já não nos atinge, somos resistentes a ela e o perdão fala mais alto. Nesse tempo a frase de Jesus ganha maior sentido: "Perdoa, Pai, eles não sabem o que fazem." Jesus falava da ignorância.
Chega um tempo na vida em que a alegria das crianças desperta a criança que existe em nós, a algazarra dos pássaros nos remete a algum lugar de nossa infância, que um pomar carregado diz mais que todas as frutas arrumadinhas no supermercado.
Chega um tempo em que observar o céu e sondar seus mistérios entre estrelas e nuvens, sol e lua, leva-nos para o alto, tempo em que a brisa que nos toca parece deixar algo e levar algo de nós.
 Chega um tempo em que o espírito fica maior que o corpo, maior que a ambição, que a pressa de chegar...os passos ficam mais lentos, o pensar já não aceita a superficialidade, mergulha nas profundezas buscando a verdade, o sentido.
Chega um tempo em que percebemos nossa limitação e que ainda há muito o que aprender porque a vida é apenas um trecho de nosso percurso. "