Certa vez, ganhamos de presente de natal dos nossos pais um campo de futebol de mesa, o famoso futebol de botão. O presente foi compartilhado entre eu, o Enio e o Gudé. Era uma febre nos finais dos anos 70 e o campo era “oficial”, vendido pela Estrela, um baita passatempo. E não demorou muito para que as partidas ganhassem, digamos certa organização.
Criamos uma liga, uma espécie de federação que então organizava os torneios, com sorteio das chaves e tudo, com direito a árbitro e narradores. Alguns amigos (que traziam seus times – os botões) eram convidados a participar destes campeonatos. Eu não lembro qual time eu usava, acho que era São Paulo, e assim, sendo, o campeonato era nacional. Eliminatórias, semifinais, disputas de pênalti e tudo que um campeonato normal poderia contar, nós também tínhamos.
Em outra ocasião, chegamos a construir uma cidade, de pedra, chamada de Rio Negro (mais tarde ficamos sabendo que já existia uma homônima) e que tinha como prefeito o Gudé, é claro. Nesta cidade, também frequentada pelos nossos amigos, que traziam seus carrinhos para brincar, tinha um bom comércio, algumas plantações, criação de gado, asfalto e Estádio de Futebol é claro.
Nossos irmãos mais velhos gostavam de dizer que a gente enroscava os bigodes nos carrinhos, mas quem ligava, o negócio era juntar umas moedas, correr ao “Armarinhos Continental” e comprar a nossa frota. Às vezes tínhamos que fazer certas intervenções nas máquinas, como rebaixar, cortar, trocar rodinhas, ou então apenas deixá-los “originais” de fábrica.
E quando abandonamos os carrinhos, resolvemos acabar com um matagal que se formara nos fundos de casa, fomos lá e após dias e dias exaustivos, arrancamos tudo, limpamos e construímos um centro poliesportivo, com meio campo de futebol (apenas um gol, feito de madeira e uma rede feita de sisal), arquibancada e pista de atletismo. Não deu outra, com nossa vasta experiência em organizar grandes eventos, sediamos as nossas olimpíadas. Diversas modalidades, como corrida, futebol, arremessam de peso e tudo mais. Na verdade não lembro que foi o ganhador ou quantas edições tiveram as nossas olimpíadas, mas lembro de que vários amigos participaram também.
Mas nem tudo era diversão. Quando minha querida mãe viu o quintal com o mato arrancado e o poeirão que levantava das partidas de futebol, chamou um jardineiro e mandou plantar grama em tudo. Fomos despejados, sem direito a indenização, para lá surgir um jardim, mesmo que protestássemos em nada adiantava, a visão ecológica da mãe venceu.
Euro Maciel – corneteiro de plantão, sempre ao lado da galera.....
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