Devido ao grande número de horas que as pessoas passam trabalhando nas empresas, é comum que seus relacionamentos virem amizade. Parece normal. Eu, por outro lado, aconselho a se lidar com amizade no trabalho como se manejam explosivos.
Empresa é lugar para se ter colegas, não amigos. A amizade pode converter-se em cumplicidade, quando não em “rabo preso”.
Cúmplice é aquele que colabora com o parceiro incondicionalmente e leva para si alguma vantagem. Já “rabo preso” é uma expressão popular que significa “dever favor a alguém e não ter como denunciá-lo por algum desvio por causa da dívida moral”.
Em uma das empresas a que presto consultoria é possível observar a relação de proteção dos diretores sobre alguns gerentes, e de gerentes sobre supervisores. Isto resultou do excesso de sentimentalismo com que o dono tratou os funcionários nos primeiros anos da história de seus negócios. Tornou-se o modus operandi da casa. Hoje, os chefes costumam sair com subordinados para a cervejinha após o expediente, fazem festas de aniversário particulares no ambiente da empresa e permitem outras regalias que, em organizações sérias, são faltas graves. A intenção pode até ser elevada. Mas na cabeça de gente despreparada ou recheada de maldade, tem tudo para virar coisa malcheirosa.
Sem que se imponham limites, qualquer relacionamento pode extrapolar a ética e chegar à corrupção. O subordinado faz algo errado, por exemplo, e o chefe o encobre para não atrapalhar a amizade. Ocultar a incompetência do outro é o mesmo que manter um câncer velado na esperança que se cure. Acabará em morte.
Comece a mudar o incentivo à amizade na sua empresa para o coleguismo ou sinergia respeitosa. Mexa neste item de comportamento e você estará cooperando para melhorar a cultura.
Outras ações importantes são:
- Deixe claro a todos os papéis do colega e suas diferenças com amizade no trabalho.
- Fortaleça o conceito de chefia e sua vivência prática para que os gestores saibam como inspirar respeito em seus subordinados.
- Relacione-se respeitavelmente com todos, e não amigavelmente com alguns.
- Não compartilhe assuntos sigilosos com pessoas dos escalões abaixo ao seu a fim de evitar que os envolvidos pensem que estão ganhando poder.
O gestor que aprende sempre e se cuida, sabe se comportar. A confusão de conceitos na empresa é o indicador inequívoco da necessidade de treinar lições básicas. E todos nós estamos expostos a isso!
______________________ Abraham Shapiro é consultor e coach. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é "simplicidade". É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome". E-mail: shapiro@shapiro.com.br Fone: 43. 8814.1473
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