QUEM É ESTER DE ABREU PIACENTINI? Sou filha de João Francisco de Abreu, madeireiro, que partiu novo ainda em 1974 e de Odete Gonzaga de Abreu, hoje morando em Valença, na Bahia.
Nasci no dia 23 de Junho de 1950,
Sou viúva de Juarez Piacentini, a quem partiu com a vontade do Pai.
Tenho três filhos maravilhosos - Marco Aurélio Piacentini, casado com Elisane Cristina Scopel Piacentini que me presenteou com um neto lindo (Pedro Augusto Piacentini), advogado,
residente
ONDE E COMO FOI A SUA INFâNCIA? Muito
Getúlio Vargas. Tempos
difíceis, onde todos trabalhavam, às crianças menores sobravam as tarefas da
organização da casa.
Não havia escolas públicas aliás, nada era público. Quem
tinha poder aquisitivo, a vida era mais amena, mas para quem não tinha, eram
tempos árduos.
SEU PAI, ELE TEVE UMA IMPORTÂNCIA GRANDE
NA VIDA DE VOCÊS? Meu pai autodidata, homem íntegro, ético e cuidadoso com a
família trabalhando no ramo madeireiro. Primava com a educação dos filhos, eu sou
a terceira de sete
irmãos, na época escolar, fui alfabetizada na escola
particular Instituto Rex, em 1957. No ano seguinte surgiu a primeira escola
pública na cidade, Grupo Escolar Israel Pinheiro. Lá estudei até o quarto ano
primário. Em 1961, mudamos para Belo Horizonte, eu tinha 11 anos. Fiz o curso
de Admissão com professor particular, conquistei uma vaga para cursar o
ginasial no Colégio Operário Rufino, até a terceira série.
QUANDO VIERAM PARA CAMPO MOURÃO? Em Março
de 1966, mudamos para Campo Mourão, FIZ a quarta série estudei no Colégio
estadual Campo Mourão, hoje Colégio Estadual João de Oliveira Gomes.
Na infância, as férias eram passadas
na casa dos avós maternos, na zona rural de Dom Cavati. Eram boas as
brincadeiras e histórias que a vovó contava. Tempos inesquecíveis.
COMO SURGIU A MISSÃO DE ENSINAR? Em
Governador Valadares, ainda muito criança por volta dos dez anos de idade, me
incomodava as crianças pobres fora da escola. Aos sábados a tarde, reunia
outras crianças e íamos em um
bairro onde morava os pescadores, para ensinar as
crianças a ler e escrever. Como não tínhamos caderno nem como adquirir, levava
pedaços de compensado e carvão, e brincando, ensinava as crianças escrever e
ler. Hoje lembrando deste tempo parece utopia, mas frutos foram colhidos.
Quando mudamos para Belo Horizonte,
não levou muito tempo descobri no bairro onde morávamos uma comunidade carente,
e já comecei a atuar, sempre foi uma coisa meio independente. EU simplesmente
ia, agrupava crianças, contava histórias e aos poucos ia desenvolvendo meus
trabalhos sociais, Não tinha uma preparação, era puro instinto, costumo dizer
que sempre fui a frente do meu tempo.
E A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO? Dentro da
minha doutrina Presbiteriana, sempre exerci cargos de diretoria dentro da
organização. Tínhamos a Liga Juvenil, que era o departamento organizado de
crianças atuantes. Fui Secretária, Presidente,
relatora de
Departamentos. Cantei nos
corais, sempre fazendo a segunda voz.
Participava dos teatros nas festas de Natal, festas do Dia das Mães, dos
Pais, etc....
Quando viemos para Campo Mourão, aos
poucos fui me encontrando. Onde hoje é o Mufato, naquelas imediações tinha a
Madeireira Clauri e crianças, então era meu foco. No final de semana lá estava
eu contando histórias e procurando suprir as necessidades básicas da criançada.
Meu provedor era o meu pai, sempre me
apoiando nos meus sonhos voluntários de cuidar dos desprovidos de cuidados.
E A JUVENTUDE? Ficou marcado na
juventude foi o Golpe Militar de 1964. Estava no olho do furacão, morava em Belo Horizonte. Naquele
momento
alguma atitude tinha que ser tomada, a situação era tensa. Não tinha comida em
casa, porque não tinha o que vender nos armazéns e mercados. Filas
intermináveis para tudo que ia fazer, reuniões e mais reuniões clandestinas pra
tratar não se sabe o que.
Aquela noite foi simplesmente
terrível, a incerteza do que estava para acontecer era crucial. Primos, tios e
vizinhos desaparecidos e perseguidos. Isto mesmo, antes do desfecho final. Depois,
pelo menos os alimentos voltaram às prateleiras e o trabalho foi voltando ao normal.
Tanto na família materna como paterna,
tinha envolvidos nos dois lados. Determinadas ações até hoje continuam
inexplicáveis, mas enfim a história segue seu curso.
Sinto-me privilegiada, ouvi falar da
televisão e vi chegar, vivi sua evolução. Ouvi falar da informática e vi
chegar, assim como toda a tecnologia que hoje vivenciamos. Sonhei com o futuro
tecnológico e usufruo dele hoje.
COMO FOI SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Minhas
trajetórias profissionais sempre foram à frente do meu tempo. Fui uma das
primeiras mulheres a assumir o trabalho na área da contabilidade - as
precursoras foram Lurdes Paixão, até hoje atuando com o grupo Salvadori; a
Lurdes Três, que hoje mora no Mato Grosso e eu.
Formei em Técnico Contabilidade em
1971. Fui contadora da Cimauto revenda Volkswagen, estive a frente do grupo de
consórcio da revenda. Em 1974 me desliguei da empresa, tive um escritório de
contabilidade e atuava junto a Receita Federal, no tempo de Miguel Giane e o
seu Schen, pai da vereadora Elvira Schen.
O SENAC, COMO ENTROU EM SUA VIDA? Nesta
época, comecei atuar no Senac como instrutora independente, sem vínculo
empregatício. Trabalhei por longos anos, um trabalho gratificante de muito
aprendizado e
conhecimento. Deixei, porque vi que muitos profissionais estavam
chegando e estava no momento de oportunizar a sala de aula e o mercado de
trabalho a eles.
Em 1975 iniciei o Curso de Ciências
Contábeis na UEM, passei em 10º lugar - fui a única mulher em uma turma de 60
alunos. Nos anos vindouros foi surgindo outras meninas na turma oriundas
de outras matérias.
Fui contadora e procuradora do Grupo
Casali ao longo de 15 anos.
Em 1975, comecei o trabalho com
seguros -na época, Madepinho Seguradora, que foi incorporada pela Atlântica Boa
Vista Seguros, que com o passar do tempo foi incorporada pelo Bradesco dando
origem ao Bradesco Seguros, onde atuo até hoje com as concessionárias.
Desde este tempo atuo na área, no
escritório trabalhamos com as melhores seguradoras do mercado. Meu primeiro
contrato de seguro foi da Coamo e da oficina Beccari - uma empresa no ramo da
mecânica que atuava na nossa cidade.
QUAIS FORAM AS OUTRAS ATIVIDADES? Sempre tive
outras atividades. Na empresa atuei sempre na área Administrativa, a área de
produção ficava com o
Juarez. Minha concepção é de que em uma constelação só
tem uma estrela de primeira grandeza, então, sempre estive atrás jogando o
brilho na estrela de primeira grandeza, que era ele. Como hoje ele está em
outra dimensão - a dimensão celestial, assumi a empresa por inteiro. Dedico-me hoje somente à empresa, no
quesito profissional.
Participo da Câmara da Mulher Empreendedora
e Gestora do Comércio de Campo Mourão como vice-presidente. Com uma Diretoria de
mulheres brilhantes e destemidas, que fazem a diferença no setor empresarial.
O QUE FEZ QUE NÃO FARIA DE NOVO? Tudo
que fiz e faço no meu trabalho, se houver necessidade farei novamente, porque
foi aceitando desafios que aprendi e continuo aprendendo e crescendo como
profissional e ser humano.
NA COMUNIDADE, QUAL SEU TRABALHO? Na
comunidade, com todos os desafios que tive, acreditando sempre no ser humano,
desenvolvi o Projeto “Hadassa-Servir e Semear” – na comunidade do Jardim Pinheirais
e região. Foi desenvolvido do ano de 2001 a 2009, quando por questões óbvias parei.
Trabalhava com o resgate do cidadão, com reforço escolar, umaparceria
desenvolvida com a Fecilcam, departamento de Pedagogia, e hortas domiciliares
em parceria com o curso de Agronomia do Integrado. Consistia no plantio de
hortas nos quintais, as sementes eram doadas pelo Sindicato Rural de Pitanga e
Campo Mourão. Trabalho com artesanato, que ministrávamos aulas depois que
aprendiam, ajudávamos a colocar no mercado a produção de maneira que a
comunidade aprendia a pescar e vender seu peixe, foi marcante e eterno enquanto
durou.
Hoje o Projeto Hadassa – Servir e
Semear, continua, semeando a palavra de Deus, entregamos um presente especial,
uma Bíblia.
Acredito que temos o dever de devolver
à comunidade, um pouco daquilo que ela nos proporcionou ao longo da vida. Sempre que convidada ministro
palestras.
COMO SURGIU O DOM DE ESCREVER? Sempre escrevi, convidada
pela Sonia e o Aroldo Tissot (foto), da extinta Gazetinha, passei a assinar uma coluna
semanal. Participei de um dos exemplares do livro “Mulheres que Fizeram
História”, das pioneiras de Campo Mourão, com a História da minha sogra Auxilia
Trice Marquesi Piacentini e da avó do meu esposo - a matriarca Romilda
Piacentini.
Fiquei surpresa com a minha indicação
para fundar a cadeira 29 do Patrono José Carlos Ferreira, me deixou muito
feliz. Hoje sou a Secretária e faço parte da chapa para o Biênio 2014/2015 como
Vice-Presidente.
Ester tomou posse na Academia Mourãoense de Letras na noite de 26 de junho de 2010 em sessão solene realizada no auditório do Senac, 2010, juntamente com Silvana Carvalho, Ilivaldo Duarte e Nelci Veiga.
Continuo escrevendo. Tenho dois Livros
lançados “Avelino Piacentini – Uma História” e “Lurdes Piana Piacentini”. Escrevo
na Revista Cidade.
Estou formatando um Livro sobre as
Mulheres da Bíblia, que influenciaram a história.
QUAIS SÃO SEUS DESAFIOS? Os meus
desafios
são continuar construindo e crescendo como pessoa e profissional. Os
meus projetos são procurar fazer a diferença na comunidade que transito como
cidadã.
QUAL ESPORTE E TIME? Não
tenho um esporte favorito, gosto de assistir um jogo com boa técnica, sem
violência. E o meu time é o Grêmio.
ESPORTISTAS EXEMPLOS EM CM? Itamar
Tagliari, Edson Hirata e Rosângela Koch.
PESSOAS EXEMPLOS? Entre tantos, uma
empresária Ivone Nazzari – da Marujo Esportes, e professores Heleni Dos Santos
Ferreira (foto)
Estruturou a escola dos seus sonhos, cumpriu seu papel; Egydio
Martelo – acreditou na cidade e dirigiu com mãos de ferro e solidificou o
Colégio Estadual em Campo Mourão; e Mariazinha Ferreira – acreditou no
potencial e deu sua contribuição na criação da FECILCAM.
ÉTICA é ser comprometida com seus atos.
O MOMENTO ATUAL NA MINHA VIDA é seguir
em frente.
PERSONALIDADES EM CM: Augustinho Vechi,
plantou a semente do crescimento
cultural para Campo Mourão – Casa da Cultura, Teatro, Sesc e Fecilcam; Aroldo
Gallassini – Acreditou no sonho e fez dele realidade;
e Delézia Luigi Slomp (foto) – Uma
força a ser seguida, ativa no alto de seus 95 anos.
CAMPO MOURÃO DO PRESENTE é um projeto
em execução.
CAMPO MOURÃO DO FUTURO SERÁ uma cidade
com qualidade de vida, com segurança, com ações políticas voltadas à educação,
saúde e estabelecer o crescimento do mercado de trabalho para que munícipes não
convivam com as desigualdades oriundas da dependência de programas
assistenciais.
JOGO RÁPIDO
MÚSICA? Eu Sei que vou te amar – Tom
Jobim.
QUE LIVRO ESTÁ LENDO NO MOMENTO? Dez
Mulheres – Marcela Serrado.
AUTORA: Cecília Meireles.
PROFESSOR: Egydio Martelo.
COMIDA: Tutu de feijão.
SONHO? Ver meus filhos realizados
SAUDADE: do tempo que não volta mais. DO QUE E DE QUEM?
Dos altos e baixos da vida a dois – Juarez
MOMENTO INESQUECÍVEL: Quando o Juarez
partiu, só nós dois, a vida se esvaindo e a sensação de impotência diante dos
desígnios de Deus.
HOBBY: cuidar da minha casa.
MANIA: flores
PROGRAMA: Roda Viva – TV Cultura.
FRUSTRAÇÃO: Não ter podido por
questões óbvias, prosseguir com o Projeto Hadassa Servir e Semear, no seu
contexto original.
Família é tudo, construção,
equilíbrio, realização de sonhos.
Obrigado meu amigo Ilivaldo, meu sentimento é de gratidão, todas as perguntas foram abrangentes e fiz um Raio X de quem sou.
Grande lição de vida da confreira Ester, que nos oportuniza neste trabalho fantástico de entrevista do confrade Ilivaldo, para que possamos conhecer um pouco mais da sua história. Parabéns! Deus continue lhe oferecendo paz e alegria no coração!
ResponderExcluirParabéns prima Ester de Abreu, você é um exemplo a ser seguido pela família Deus te abençoe sempre em todos os dia de sua vida., agradeço ao pai por fazer parte da mesma. Abraços sinceros de quem muito a admira !
ResponderExcluirInteressante
ResponderExcluirLinda história de vida
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