Além do som parecido entre as duas
palavras que integram o título acima – Ambição e Ambivalência
– elas possibilitam refletir sobre o significado de tais palavras, o
emprego de ambas, no cotidiano e no sentido pejorativo, ou não.
No dicionário, ambição significa:
“desejo desmedido pelo poder, dinheiro; bens materiais; glória; obstinação
intensa por algo; sucesso, pretensão; avidez”. Em termos de senso comum,
correta ou depreciativamente empregado (ou compreendido), sobre “ambição”
prepondera a concepção de um objetivo descomedido, desenfreado.
A palavra ambivalência, pelo
som parecido com a palavra ambição., apareceu aqui não sei bem
se: à toa; à-toa; ou atoa (para quem carecer esclarecimento, em Olhos, Vistos
do Cotidiano, tentarei explicar sobre quando se emprega os três). Ambivalência significa
“dois valores ou aspectos”; “vivência de sentimentos opostos”.
O ambicioso, a considerar os sinônimos acima
citados, caiba preponderar uma conduta destituída de ética, portanto maléfica.
Entretanto, ser ambicioso não pode comportar apenas tal emprego. É preciso
considerar ser ambicioso, notadamente objetivando alcançar a
glória, o sucesso ou uma conquista, o que não deixa de ser um propósito
positivo, meritório.
A ambivalência casa com ambição pela
duplicidade de propósitos, mais do que diferentes podendo ser tão
antagônicos que a longa distância que os separa possa torná-los rivais, sem
qualquer hipótese de conciliação.
O escritor francês Marcel Pagnol, ao
afirmar que “a ambição é a riqueza dos pobres” fez uma constatação sem
demérito, e tendo a ver com a única condição que pode restar ao ser humano, a
esperança, ela que afasta a pobreza de (e do) espírito, ainda que não provoque
o desfazimento imediato da carência material. Além da citação posta logo abaixo
do título de hoje, valho-me do dramaturgo irlandês e grande frasista, Oscar
Wilde afirma: “A ambição é o último refúgio de todo o fracassado”, é quando
alguém não atinge certo propósito de grande significação almejada, restou-lhe
dizer que “nada como um dia após o outro”, como renovação da esperança.
É o dilema, ter ambição “demais” pode
ser ruim para o próprio ambicioso, e para outras pessoas, sobretudo quando ele
não mede esforços e não se importa com escrúpulos. Entretanto, não ter ambição
alguma é ser árido, apático, acomodado e, a depender dos casos, tomado pela desídia.
A ambição pode ser uma pretensão
exagerada e não tê-la pode ser a ausência de utopia, o medo de
sonhar e de buscar tornar realidade o que se tenha descortinado.
Fases de Fazer Frases (I)
Despido da despedida pedida, tudo pendia
(se) dependia do dia que não se adia.
Fases de Fazer Frases (II)
A noviça na novena de novembro
com o novelo da novidade para o noviço.
Fases de Fazer Frases (III)
Quem é escorreito no uso do vocabulário
não escorrega com a língua.
Fases de Fazer Frases
(IV)
Secam primeiro as lágrimas por causa do
perdão ou do esquecimento? Perdoar é esquecer.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Retomando ao que está escrito no
texto principal da Coluna de hoje, eis aqui o emprego correto das três
situações, cada qual com a sua toada: “À toa” (sem hífen) diz respeito ao que
não tem rumo, a esmo; “À-toa (com hífen) significa o que não tem valor; inútil;
ruim; E finalmente, quanto “atoa” (escrito sem separação ou hífen) é
pouquíssimo usado atualmente e se refere ao que é levado a reboque.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O vereador de Londrina Gaúcho Tamarrado
(PDT) participou recentemente de um torneio de bilhar, no exato momento em que
era realizado uma sessão da Câmara daquela cidade. Ele lá não compareceu e,
para não levar falta, apresentou um atestado médico informando que ele passou
por uma cirurgia nos olhos. A notícia com imagens foi dada pela Folha
de Londrina e repercute em todo o Brasil. É, quem tem mesmo que abrir
os olhos é o povo contra este tipo de político que ela mesma escolhe.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
A Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo começará a testar em 28 macacos uma vacina contra o vírus HIV. Vai
aparecer quem tentará livrar os macacos da experiência? “Macacos me mordam”,
faz lembrar (embora noutros contextos) os enfáticos aforismos propalados pelo
aposentado Fraterno Maria Nunes – acho que ele nunca usou macacão - sempre
a exclamar que o homem é descendente dos macacos.
Reminiscências em Preto e Branco
As cinzas do fogão à lenha eram
colocadas no ferro de passar roupa, lá na roça. O tempo passado vira cinzas
que, no menor assopro das reminiscências, faz voltar o brilho da saudade feita
brasa, vestida em tudo aquilo que se passa como memória férrea.
José Eugênio Maciel, escritor, membro da Academia Mourãoense de Letras, socíólogo, professor e advogado.
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