5 de jul. de 2013

ENTREVISTA ESPECIAL: João Paulo Koslovski

No primeiro sábado do mês de julho de cada ano comemora-se o Dia Internacional do Cooperativismo – movimento que congrega cerca de 1 bilhão de pessoas em todos os continentes. Um dos líderes do cooperativismo no Brasil é o engenheiro agrônomo, João Paulo  Koslovski, que, há quase 40 anos, vive, luta, defende e vibra com o cooperativismo paranaense. Curitibano de nascimento – 21 de agosto de 1949, é filho do casal Paulo e Catarina Koslovski, casado com Zulmira e pai de Monalisa e Marilisa.
João Paulo é presidente do Sindicato e da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR) e da Federação das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecoopar). É diretor da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e mais recentemente assumiu a presidência do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR.
Na pessoa do cooperativista João Paulo Koslovski, que nesta ENTREVISTA ESPECIAL conta um pouco da sua trajetória, homenageamos todos os milhões de cooperativistas do Paraná, Brasil e do mundo.
COMO O SENHOR INICIOU SUA VIDA PROFISSIONAL?  Comecei cedo, meu primeiro trabalho, ainda menino, foi com o meu pai. Lembro com saudades desse tempo em que fazia o serviço de acabamento em banheiros e cozinhas das construções que meu tinha como mestre de obras. Quando me formei no curso de Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1972, fui aprovado em dois concursos públicos. Na antiga Acarpa (atual Instituto Emater) e na Acar/Minas (sistema de extensão rural dos mineiros). 
QUAL FOI A SUA ESCOLHA? O salário oferecido pela Acar de Minas Gerais era bem melhor, mas acabei optando por ficar no Paraná e nunca me arrependi.  Depois de passar por treinamento e  ter sido aprovado em primeiro lugar, pude escolher o local onde iria desenvolver minhas atividades profissionais. Optei pela Cooperativa Bom Jesus, da Lapa, e foi ali que dei meus primeiros passos no cooperativismo, segmento pelo qual tinha já, na época, grande admiração.

ENTÃO, FOI NA LAPA ONDE TUDO COMEÇOU NO
COOPERATIVISMO? Sim, foi na cidade da Lapa, onde fui designado pela então Acarpa ao cargo de chefe do escritório local e assessor da cooperativa local. Naquela época, a Acarpa tinha um técnico em cada entreposto da cooperativa. Nós fazíamos as previsões de compra de insumos e, no meu caso, era o responsável pelo Comitê Educativo, onde sistematicamente reunia o grupo para discutir os interesses maiores da cooperativa.
COMO FOI ESSE TRABALHO NA LAPA? Nos dois anos e meio em que morei na cidade da Lapa desenvolvi o trabalho de assistência aos agricultores locais e o que realmente me deixava feliz era o assessoramento que fazia à cooperativa. Em 1975, fui promovido ao cargo de coordenador regional de cooperativas, quando então passei a atender às regiões de Curitiba, Ponta Grossa e Guarapuava. Durante um ano o meu trabalho foi dar suporte aos assessores de mais de dez cooperativas dessas regiões.
COMO SURGIU A OCEPAR EM SUA VIDA? Foi em 1976, quando o engenheiro-agrônomo Benjamin Hammerschmidt foi eleito presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Fui convidado para ser o diretor-executivo da entidade. Pedi licença sem remuneração da Acarpa e permaneci no cargo durante 20 anos, período em que a Ocepar teve cinco presidentes.”

QUANDO O SENHOR FOI ELEITO PRESIDENTE DA OCEPAR? Em 1996 fui eleito presidente da Ocepar, cargo que ocupa estou até hoje. Naquele período, a Ocepar realizou  mudanças em seu estatuto passando o presidente a ter dedicação exclusiva. Houve mudanças na governança e o presidente poderia ser contratado ou eleito desde que fosse associado a uma cooperativa. Sou associado da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão Planalto das Araucárias – Sicredi Planalto das Araucárias.

ENTRE TANTOS FATOS, O SENHOR PODERIA DESTACAR ALGUNS MARCANTES  NESSES 16 ANOS DE PRESIDÊNCIA NA OCEPAR? Muitos fatos importantes marcaram o nosso cooperativismo. Em 1994 e 1995 as
cooperativas passaram por uma difícil crise como consequência dos sucessivos planos econômicos adotados pelo governo federal. O trabalho feito pelo sistema cooperativista brasileiro junto ao governo federal para a criação do Programa de Revitalização das Cooperativas (Recoop) foi marcante e decisivo para reestruturar e ajudar a sanar as dívidas das cooperativas. Outra proposta que saiu do Paraná foi o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), que permitiu ao segmento investimento no processo de agroindustrialização e uma linha específica para armazenagem e industrialização”, informa.
A CRIAÇÃO DO SESCOOP FOI IMPORTANTE PARA O AVANÇO DO COOPERATIVISMO? Sem dúvida, no final da década de 1990 foi criado o Sescoop/PR, serviço este que foi  o marco de conquistas do cooperativismo nos últimos 20 anos. A receita do Sescoop provém principalmente da contribuição mensal compulsória de 2,5% sobre o montante da remuneração paga pelas cooperativas aos seus empregados, que anteriormente à sua criação era recolhida pelas cooperativas a outras instituições.

QUANTOS TREINAMENTOS SÃO PROMOVIDOS COM APOIO DO SESCOOP? Com os recursos do Sescoop/PR serão realizados somente este ano 5,1 mil eventos e 135 mil pessoas receberão treinamento. O Sescoop também permitiu a execução de 44 cursos de MBA para colaboradores, diretores e associados das cooperativas do Paraná. Isso promoveu a melhoria da gestão e governança no setor. Só para se ter uma ideia 11 das 240 cooperativas que operam no Estado respondem por um movimento financeiro de mais de R$ 1 bilhão/ano.

OUTROS PROJETOS IMPORTANTES?  Posso afirmar que o fortalecimento das cooperativas foram determinantes pelos projetos PIC, Norcoop e Sulcoop. De 1970 a 1984 houve a estruturação básica das cooperativas. A partir de 1985, as cooperativas despertaram para a agroindustrialização, mas na década de 1990 o setor passou por dificuldades. Já a partir dos anos 2000 e com a estabilização da economia elas passaram a registrar crescimentos cada vez maiores, o que foi fundamental para o desenvolvimento do cooperativismo. E a partir da década de 1980 foi iniciado o processo para estimular as cooperativas de crédito. Hoje são 65 que atuam no Estado, com R$ 10,3 bilhões de ativos.

COMO O SENHOR AVALIA O CRESCIMENTO DO COOPERATIVISMO? crescemos de forma sustentável em todos os ramos do cooperativismo, com equilíbrio, com discernimento, com responsabilidade e com o comprometimento consciente dos cooperados, ente principal de toda nossa atuação. Estamos atuando forte para inserir cada vez mais pessoas no processo cooperativo.

O TRABALHO ESTÁ SENDO INTENSO NO COOPERATIVISMO? Sim, trabalhamos incansavelmente para oferecer às nossas cooperativas e, consequentemente, para os associados, condições para que a atividade individual possa, através da ação coletiva, obter melhor remuneração. Estamos gerando emprego, renda e mais que isto, promovendo a justa distribuição de resultados a milhares de pessoas e fomentando o desenvolvimento da sociedade como um todo. 
Se temos hoje nas cidades e no campo um cooperativismo que nos enche de orgulho, isto se deve ao forte investimento que dirigentes, colaboradores e associados tem feito junto ao ser humano.

COMO O SENHOR ANALISA AS MANIFESTAÇÕES RECENTES DO POVO PEDINDO POR REFORMAS? O clamor da sociedade que vem das ruas sinaliza para a necessidade do poder público atuar de forma mais efetiva na viabilização de políticas públicas que realmente possam contribuir para a melhoraria dos serviços e da vida do cidadão.  Reforma política, reforma tributária, reforma trabalhista, reforma previdenciária, reforma no judiciário, melhoria da infraestrutura urbana e rural, combate a corrupção são desafios que precisam entrar na pauta do mundo real, sob pena de termos graves consequências futuras para o setor produtivo e consequentemente para a população. Cobrar dos governos de forma responsável
solução para os nossos problemas é dever e obrigação de todos nós. Sabemos que como cooperativistas sempre queremos o melhor para a sociedade, para o país e para o nosso estado.
QUAL A MENSAGEM PARA OS LEITORES E EM ESPECIAL PARA OS COOPERATIVISTAS? Vamos participar deste novo momento, o cooperativismo pode, deve e tem muito a oferecer para que consigamos construir uma sociedade mais justa, solidária e cooperativa. Vamos comemorar este 91º dia internacional do cooperativismo, com energia renovada e com a certeza de que estaremos contribuindo para um país e um Paraná cada vez melhor. 
Feliz Dia do Cooperativismo! Uma singela homenagem a todos os cooperativistas - funcionários e cooperados do Brasil e do mundo. Viva o Cooperativismo.

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