1 de out. de 2012

PROFESSORA MARIA JOANA: Podemos crer no fim da era da impunidade?


O ex-presidente Lula que tudo fez para desacreditar o mensalão, contestar as evidências, salvar seus companheiros, adiar o julgamento agora diz que o PT tem de ter orgulho por ter julgado e condenado pessoas envolvidas em escândalos de corrupção. Sete anos, três meses e 22 dias depois de revelar à Folha o mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva, confirmando a tese central da acusação, de que o esquema foi organizado pelo PT para corromper congressistas e partidos na primeira gestão de Lula. Outros sete réus foram condenados por corrupção e não apenas mero crime eleitoral, dito “caixa dois”.
Vale relembrar a crise, em setembro de 2006, após mais de um ano de denúncias. Parecia que a vida no Brasil estava meio nebulosa, pelo menos aos meus olhos... “Tudo que eu posso ver essa neblina...” Cidade Negra
“O mínimo que um escritor pode fazer em uma época como a nossa é acender a sua lâmpada” Érico Veríssimo
E nestes tempos “nebulosos” em que vivemos quando vemos uma “dilapidação do capital ético do povo brasileiro”, onde se usa Deus e a Igreja Católica para justificar o perdão, a traição, a podridão política atual, e vemos estarrecido, o próprio ministro da cultura dizer tranquilamente ao mundo, em Genebra, que esses problemas não particulares deste momento e que é “uma prática comum” e “tolerada, ainda que condenada”.
Temos a sensação de que, como dizia Euclides da Cunha em “Os sertões”, “Não é o presidente que subiu é o povo brasileiro que desceu.” Não podemos aceitar essa relativização de todos os erros, pecados, roubos como “todo mundo faz” “quem é que não põe a mão na...”. Isso seria a loucura de toda uma nação. ”Ta todo mundo louco, oba” canta algum músico popular. Seria verdade? Ou como diz uma charge que circula na Internet “A impressão que se dá é que até eticamente o Brasil anda para trás. O povo não faz mais protestos, engoliu os desonestos, aceitou o “rouba, mas faz”.
Antes “da “barbárie”, “loucura”, imbecilidade”, “insanidade” da operação dossiêgate feita por um “bando de aloprados” como reconheceu o presidente, ele já usava de metáforas eleitoreiras comparando-se a Jesus Cristo “Cada um de vocês é uma célula do meu corpo, cada um de vocês é uma gota do meu sangue” disse o candidato Lula em comício em Goiás. O poder parece que subiu à sua cabeça e age como o novo "Messias" da política, dizendo recentemente ter o "dom de falar direto com o povo". Encastelado na máquina estatal, pratica um assistencialismo de arrepiar os velhos e autênticos assistencialistas, deixando de lado as cores do partido (e os companheiros...) que o colocou no poder. (...)
A respeito deste novo escândalo provocado pelos seus assessores, Lula comparou a traição sofrida por Jesus Cristo e Tiradentes. "A história da humanidade é assim. Se pegar a história, vamos perceber que numa mesa de 12, um traiu Jesus Cristo e, na mesa dos Inconfidentes, um traiu Tiradentes", disse em comício em João Pessoa em 23/09/2006.
E os companheiros-ministros que sobraram não deixam por menos, como a ministra Dilma (atual “presidenta”) “O que seria o Brasil sem o PT? É de todo importante que o PT sobreviva. Como a Igreja Católica sobreviveu aos seus erros. Não se pode destruir uma instituição por causa de erros de seus integrantes”.
Assim o presidente vai deixando pelo caminho uma interminável lista de traidores, culpados, loucos, imbecis, aloprados, companheiros que erraram, colaborados que falharam (o último eleito a ser o costa larga é o Berzoini) e ele continua cada vez mais sozinho, como se nada tivesse a ver com ele, e não tivesse feito tudo para garantir sua eleição, governo, reeleição... Diz um velho ditado: Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Se eleito como, com quem governará? O seu partido deve eleger pouquíssimos governadores, deputados, senadores...
São tantas as dúvidas no ar. E o dinheiro afinal de onde veio... Em três dias acabaram com a vida e o sigilo da conta bancária do caseiro. E agora depois de 15 dias continuamos sem saber de onde veio tanto dinheiro. Polícia Federal vem sendo criticada pela demora em investigar e revelar a origem do dinheiro dito “legal”. Por trás disso, estaria o interesse do governo em não revelar atos que afetem a imagem do presidente Lula a poucos dias da eleição.
Infelizmente, seja no Paraná como no Brasil, esses escândalos não podem ser julgados politicamente porque os congressos estaduais e federais estão vazios. É um “recesso branco” pago pelo povo neste país do “faz–de-conta”, para campanha política. E demoraram tanto que nem os culpados podem ser presos em tempo eleitoral. O cenário político e social é desolador. Entre tantas denúncias de corrupção e de impunidade e novos delitos cometidos pela certeza da não punição, resta pouca fé nos homens públicos. O povo se espelha nestes tristes modelos e neles procura justificativa para seus próprios erros... A que ponto chegamos... Que Deus nos ilumine neste dia das eleições!!!”
Nesta primavera gelada de 2012, podemos crer no fim da era da impunidade? Será que agora estamos vendo uma luz no meio da neblina?Será que a primavera chegou mesmo? Ou o inverno pode voltar...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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