“Quando a noite parece sem fim... sei que o sol continua a brilhar...”.
É tempo de primavera. Por mais longa que seja à noite, o sol continua a brilhar... Por mais frio que seja o inverno, a primavera sempre vem com sua explosão de vida, teimando em renascer. Mesmo que não tenhamos invernos rigorosos, dias curtos, escuros como outros países, a força de vida dos novos brotos sempre é um alento de vida...
...A que estrela atrelaremos nossas esperanças, nossos sonhos? Em meio a tantos problemas um misto de sentimentos nos invade: perplexidade, indignação, decepção, angústia quanto ao futuro. Depois de meses de sucessivas e intermináveis denúncias, instala-se o cansaço, o começo de descrédito. As CPI$ perdem o rumo, parecem resinar-se à falta de um final esclarecedor para toda a dinheirama do valerioduto. Na briga pelo poder, os partidos repetem o amadorismo da disputa anterior para a presidência da Câmara (só faz 7 meses que esse filme passou e já esqueceram...), demonstrando que não aprenderam nada com a lambança anterior, com a profunda crise ética que vivem nossos representantes. O governo não se comunica com suas bases e com o povo e continua apostando na “compra” de apoio parlamentar (R$1 bilhão, mais cargos...). Partidos aliados não se entende m entre si, o PT não se entende, não chegam a uma conclusão, não pune os culpados, perde petistas históricos de renome, o título de maior bancada. Quando vai acabar esse processo depurativo, esse inverno? Falta descerem dos seus saltos altos, vestirem as sandálias da humildade, acabarem com este festival de privilégios, com esta velha política do “é dando que se recebe”, ”todo mundo faz porque não eu- caixa dois, doações não contabilizadas, nomeações de parentes sem concurso etc...”, a política do vale tudo para se manter no poder e CUMPRIR A TAREFA PARA A QUAL FORAM ELEITOS: BUSCAR O BEM COMUM DO POVO BRASILEIRO.
Não se pode brincar com a fé do povo, com a expectativa de transformação da realidade dentro da ordem democrática que Lula encarnou. A esperança não é de aço, mas de cristal. É muito frágil e não aceita a explicação de que sempre foi assim. O PT chegou ao governo como uma força nova, encarnando a esperança coletiva de não repetir a história, mas sim de MUDÁ-LA. ”Ninguém tem o direito de maltratar a esperança da qual é portadora”diz Eduardo Galeano.
Mas, “apesar de você(s) amanhã há de ser novo dia” como canta Chico Buarque. É a nossa crença que nos motiva as reflexões cheias de esperança, apesar da crise política, da corrupção em todos os níveis: o latifúndio do mensalão, do mensalinho, o festival de mentiras, da falta de punição dos corruptos e corruptores e devolução do dinheiro roubado, do dinheiro público indo para contas no exterior, pagando viagens de alguns “amigos do rei”..., da paralisia nas ações do governo e partidos que criam à sensação de impunidade e conivência...
O Brasil tem todas as condições ecológicas, culturais e técnicas para dar certo, para trilhar um novo caminho que encerre os nossos cinco séculos de sofrimento, suor e lágrimas. Talvez por não passarmos pela dureza de invernos rigorosos, ou pela falta de guerras, o nosso povo seja assim com é, alegre, cordial, jeitoso, meio malandro para inventar jeitinhos de sobreviver, tão acolhedor que acolhe todas as nações do mundo que vieram. Aqui a COMUNIDADE HUMANA mostrou que é possível viver numa GRANDE FAMÍLIA. Para cá vieram levas e levas de imigrantes, povos sofridos que abandonavam seus países dilacerados por guerras, fome, desemprego e para cá vieram em busca de LIBERDADE em uma TERRA chamada ESPERANÇA. Diziam não a todas as formas de imperialismos, nazismos, fascismos, comunismos e outros ismos. Muitos deixaram tudo e arriscaram a vida para aqui chegar, mas NÃO SE ENTREGARAM.
Somos hoje, um país multicultural, todos que para cá vieram foram acolhidos cordialmente (vem de cordis-coração) como brasileiros, trouxeram na bagagem suas experiências, seus costumes, tradições e principalmente seus sonhos de uma VIDA NOVA. Mas não podemos confundir cordialidade, marca registrada do povo brasileiro, com burrice, alienação, passividade, aceitação do INACEITÁVEL...
ESTAMOS TRAUMATIZADOS SIM, Senhor Presidente. “Por sabermos que “essa não é nem a primeira nem a última crise” é que não cremos que “as mentiras que foram contadas irão aparecer”, que “aqueles que tiverem culpa pagarão pelos erros que cometeram”, pois NÃO É” essa a lógica natural da política” aqui no Brasil. Toda vez que as denúncias ameaçam subir a rampa do Planalto ao chegar ao Ministério da Fazenda a investigação para... Já sentimos cheiro de orégano no ar... Há sinais de “entendimento” entre PT, PSDB e PFL... Não adianta abster-se de votar nas eleições do PT, como se não tivesse nada a ver com os problemas do partido do qual é o PRESIDENTE DE HONRA. Não adianta fazer discursos éticos como se estivesse longe da raiz dos problemas ético-finaceiro-eleitorais do PT.
Use o bisturi, simbolicamente recebido dos médicos do Einstein e faça os cortes e reformas necessárias, mesmo que “seja na própria carne”. E que a ESTRELA DE DAVI (não a do campo majoritário do velho PT colocada até nos jardins do Palácio do Planalto...) ilumine seus passos, sua consciência para que possamos sair deste inverno escuro das sucessivas revelações das artimanhas para se manter no poder e resgatar a ESPERANÇA NA DEMOCRACIA, a CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES. Queremos poder olhar a polícia sem medo, olhar os políticos e ver neles parlamentares, governantes, estadistas que pensem nas próximas gerações (e não apenas nas próximas eleições...). Queremos ver a presença maciça de parlamentares silenciosos, atentos, ouvindo as despedidas de seus colegas, Roberto Jefferson, Severino, os únicos capaz de silenciar a Câmara... Queremos acreditar que estamos vivendo os últimos dias do “inverno”, que a PRIMAVERA ESTÁ CHEGANDO!!! Que podemos exclamar com Pablo Neruda ”Caramba, a primavera é inexorável!”
E exclamar hoje, primavera de 2012: Caramba, valeu à pena esperar 7 anos!!!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
É sempre muito bom ler os textos da Maria Joana. Consistentes, críticos, embasados no senso de justiça e liberdade, tendo sempre a marca de seu espírito altamente cristão.
ResponderExcluirCida Freitas