14 de ago. de 2012

COLUNA DA PROFESSORA Cida Freitas: uma ideia meio maluca


Educar é uma arte que exige “dos artistas” (leia-se, professores) conhecimento, bom senso, empatia e, acima de tudo, criatividade.
Certa vez escrevi um projeto, no mínimo, ousado e apresentei à diretora em uma escola onde eu trabalhava. Era um projeto inovador, que mexia com as estruturas da educação.
Ela gostou e quase “embarcou” na minha maluquice. Só não o fez porque seus superiores não aprovaram.
Em que consistia o projeto? – Levando em conta que cada ser humano é único, não consigo conceber que todos tenham que ser educados da mesma forma. Ao colocar trinta, quarenta alunos em uma sala para lhes ensinar da forma como se faz hoje mata-se a vontade, o sonho, a criatividade da maioria deles.
Baseada nas ideias de Daniel Goleman sobre Inteligências Emocionais e de Howard Gardner sobre as Múltiplas Inteligências, comecei a pensar em uma escola que primasse por desenvolver a inteligência a partir das diferenças individuais.
Goleman fala sobre o autoconhecimento, controle emocional, automotivação, reconhecimento de emoções em outras pessoas e habilidades em relacionamentos interpessoais.
Gardner fala sobre em “pelo menos” sete inteligências:
Inteligência linguística, lógico-matemática, espacial, musical, sinestésica, interpessoal e intrapessoal.
Imaginei uma escola que funcionasse como oficinas do conhecimento. Os alunos, a partir dos dez ou doze anos, passariam por uma séria avaliação por profissionais habilitados para que se percebesse sua sintonia com determinada ou determinadas inteligências. Posteriormente iriam para a sala afim onde aprenderia a fazer fazendo, onde sua criatividade seria desafiada, onde o conhecimento, certamente, seria construído de forma mais contundente já que passaria pelo interesse que gera a vontade. A sala de aula não seria um espaço onde o professor tenta ensinar a alunos que nem sempre querem aprender. Em cada sala há alunos que poderiam se destacar como pessoa e, mais tarde, como empreendedor, como profissional, como cidadão. Entretanto a escola de hoje não proporciona oportunidade a esses estudantes. Os alunos- destaque precisam ser mais valorizados, mais desafiados, mais aproveitados. Os alunos rebeldes não podem ser tratados apenas como alunos rebeldes. Precisam ser vistos como alguém diferente, os desafios a eles também devem ser diferentes. Para isso é preciso que a escola tenha projetos ligados ao esporte, às artes, à iniciação científica (...) seguindo o pensamento das múltiplas inteligências.
Tantas coisas mudariam em nosso País se a educação focasse oportunizar o desenvolvimento das inteligências. Mas quem é quer que se desenvolvam inteligências se o objetivo dos mandatários é explorar a ignorância?
Meu projeto ficou no papel e também na minha cabeça. Pode ser mais uma de minhas maluquices... Ou não!
Cida Freitas, professora, empresária e escritora - membro da Academia Mourãoense de Letras.

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