26 de jun. de 2012

COLUNA DA PROFª CIDA FREITAS: O incrível mundo das emoções



Assistindo a um pedaço do jogo entre Corinthians e Santos mil pensamentos povoaram minha mente. Pelas imagens na TV, eu ia analisando o comportamento dos torcedores.
Comecei a ver o jogo quando as equipes já estavam empatadas por um gol, vantagem para o Corinthians. O Santos buscava desesperadamente fazer mais um gol para se classificar para a final da Libertadores da América enquanto o Corinthians tentava segurar o placar para alcançar o sonho de disputar o último jogo e levar o troféu para sua coleção.
Nas arquibancadas o sufoco das duas torcidas, imagens captadas e transmitidas pela TV. Imagens indescritíveis da emoção que assalta cada um de uma forma arrebatadora. Pensei nos corintianos e santistas da família. Preocupei-me com ambos, mas confesso que torci pelo Corinthians, time de meus filhos. Eu torço pelos meus filhos, não pelo time, mas naquele momento, para torcer pelos filhos eu tinha que torcer pelo time.
De novo imagens das torcidas. A diferença ficava por conta das camisas, pois a expressão era a mesma: lágrimas, um gesto de desespero de quem não podia sofrer o gol quando a bola chegava perto; um gesto de incontida esperança quando se criava uma possibilidade de gol para o time que precisava de mais um.
No final, choro convulsivo de quem perdeu, choro de alegria, de alívio, de quem venceu. Fiquei pensando em como essas emoções se processam no ser humano. Vencer um jogo, alcançar um título é tão importante para o torcedor como se realmente ele ganhasse alguma coisa. Foco na coragem de cada torcedor ao enfrentar o frio, a chuva, o trânsito pesado para chegar ao estádio e se amontoar no meio da multidão, acotovelando-se, expondo-se aos perigos da violência... Pais com seus filhos, mulheres se contorcendo na ânsia de ver seu time vencendo, crianças, adolescentes, jovens, todos se emocionam até as lágrimas!... Que incrível essa força do futebol brasileiro!!!
Não quero pensar, mas os pensamentos me traem e eu penso: Por que essa emoção não flui assim com força para defender as causas mais significativas do País? Por que essa emoção não determina gestos verdadeiros de indignação contra a corrupção que corrói o Brasil; contra os crimes hediondos, especialmente relacionados à pedofilia, a todo tipo de violência? Por quê?
Antes que esses pensamentos pudessem criar um clima pessimista, afastei-os e liguei para o Júnior, meu filho, que estava feliz comemorando a classificação do seu Corinthians! Emoção do filho é emoção da mãe e como ele diz: “Vai Corinthians!”.
Cida Freitas é professora, escritora e membro da Academia Mourãoense de Letras.

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