Apesar de sermos bombardeados diariamente por notícias de tanta desesperança, de tanta crise no mundo, nas famílias, temos que acreditar, ter esperança de um futuro melhor para a humanidade. E o tempo que estamos vivendo nos aponta para isto.
Novamente estamos no Advento nos preparando para o nascimento de Jesus. Mas o que ouvimos é mais uma preparação para o final do ano, para os tempos de festas, o apelo consumista para as compras, os amigos secretos, as trocas de presentes, as férias, o verão, o descanso, as viagens... E o verdadeiro Advento vai perdendo o sentido mais profundo, em sua dimensão de real preparação para o acolhimento do Salvador entre nós
“O tempo do Advento é tempo de preparação: preparar o coração para acolher a novidade radical que é o próprio Deus irrompendo no mundo. O que requer de nós uma espera vigilante, uma esperança operosa e uma expectativa ativa. Uma espera que é preparação.” André Langer, sociólogo e teólogo.
Como cristãos acreditamos na mensagem bíblica: “Alegrem-se os céus e a terra, porque o Senhor nosso Deus virá e terá compaixão dos pequeninos” (Is 49, 13). São Paulo nos ajuda a entender e viver o espírito alegre deste tempo de preparação: “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não se inquietem com nada. Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças.”Fil 4,4-6
Mas não é a alegria dos risos e gargalhadas fáceis, que escondem muitas vezes as tristezas da alma... A verdadeira alegria brota do coração, como dom de Deus, por todas as maravilhas que Ele realiza, inclusive a encarnação de seu Filho Jesus. Alegria que brota da certeza da presença de Deus no meio do seu povo. A alegria que expulsa o medo.
Jesus, em várias ocasiões, precisa reconfortar os seus discípulos, dizendo-lhes: “Não tenham medo” (Jo 6, 20). O medo e a alegria não têm a mesma origem, nem produzem os mesmos frutos em nós. Enquanto o medo vem do espírito do mal e deixa o coração do cristão tímido e calculista, a alegria, vinda de Deus, faz explodir em bondade, generosidade, abertura e criatividade.
E assim com o coração alegre e sem medo, estamos prontos para abrir nosso coração aos irmãos e fazer a nossa parte na construção de um mundo melhor, onde a justiça, a paz, a alegria, a esperança sejam presentes concretos para toda humanidade. Para tanto temos que viver “uma espera vigilante, uma esperança operosa e uma expectativa ativa” que nos ajude a encontrar meios para nos comprometer com as grandes causas do mundo de hoje e que dizem respeito à vida plena de todos na Terra.
Que possamos assumir o compromisso com a transformação do mundo, isto é, proporcionar a todas as pessoas e a cada uma “a passagem de condições menos humanas a condições mais humanas”, como disse Paulo VI na Encíclica Populorum Progressio, sempre em sintonia com a preservação da vida na Terra.
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-Pr
Nenhum comentário:
Postar um comentário