Apesar do governo se intitular de continuidade, mas sem continuísmo, as diferenças do jeito Dilma governar vão aparecendo. Ela passou o primeiro mês de mandato quase silenciosa e afeita a reuniões reservadas, um contraste com Lula, que fazia até quatro discursos por dia. Em Buenos Aires na sua primeira (e única. Não foi nem para o Fórum Social Mundial em Dacar...) viagem internacional na semana passada, chegou a impor um acordo mostrando que a Presidência em que "nunca se falou tanto" mudou para a Presidência em que "nunca se falou tão pouco". Mas viajou até o estado do Rio, não se omitindo diante de tamanha calamidade...
Na cerimônia pública onde anunciou a distribuição gratuita de remédios para hipertensão e diabete, o ambiente do Planalto em nada lembrava as apresentações do ex-presidente, quando provocava risos, palmas e certos embaraços. Usando metáforas futebolísticas, quebrando protocolos e normas da língua culta, improvisando ele abusava de seu carisma e melagomania...
A discrição deve ser a marca de seu governo. Além da pouca satisfação sobre seus atos no Planalto, a presidente cobra também ministros e assessores, silêncio de diante dos holofotes. No gabinete do terceiro andar do palácio, tem sido dura com os auxiliares, não admite dúvidas e respostas que começam com "eu acho", relatam ministros. É enfática ao cobrar números e detalhes de projetos e ações. E soluções...
Parlamentares têm reclamado que, diferentemente da época de Lula, não conseguem brecha na agenda presidencial para uma rápida conversa. Hoje, deputados e senadores se contentam em conversar com seu braço direito Palocci. No primeiro mês de governo, ficou claro para assessores do Planalto que o ministro da Casa Civil é o braço direito da presidente, especialmente nas negociações políticas.
Também tem sido dura diante dos problemas, dos pedidos, dizendo que “fará o que tem que ser feito”, como nos cortes no orçamento, nas medidas para frear a volta da inflação, no aumento de imposto para a importação - IOF, na cobrança sobre os apagões, nas manifestações das centrais sindicais por maior salário mínimo, dos afetados pela usina de belo Monte...
O governo decidiu encerrar as negociações com as centrais sindicais e tentará votar já na semana que vem o salário mínimo no valor de R$ 545,00, antecipando o que vem sendo considerado o primeiro teste de fogo da presidente no Congresso. Uma votação de vida ou morte, que vai mostrar quem está com Dilma ou não... E a escolha dos cargos para segundo escalão fica para depois...
Aqui no Paraná também os noticiários estão cheios das boas novas deste novo governo, especialmente na Assembléia Legislativa. Estávamos precisando mesmo de gerentes que falem menos e ajam para o BEM DO POVO!!!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.
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