“Conciliar socialismo e liberdade é o desafio posto aos socialistas neste inicio de século XXI. A base é um estado de direito socialista”. Plinio de Arruda
O texto do pastor batista norte americano Adrian Rogers de 1931 incomodou muita gente, inclusive a mim. Porque então valorizá-lo e trazê-lo da internet para as páginas jornalísticas associando a realidade atual? Por que, apesar de sua radicalidade bem ao espírito capitalista norte americano próprio dos defensores da ”teologia da prosperidade”, da “predestinação” pregada por Calvino, ele nos faz refletir sobre a falência econômica dos ditos regimes socialistas” no mundo.
Quando Marx criticou a exploração do trabalhador pelo capital, que tira seu lucro da mais-valia em cima do trabalho do proletariado, pregou o fim da sociedade capitalista e o surgimento da sociedade comunista com as seguintes características: -abolição da propriedade privada; -igualdade: não haverá mais diferenças de classes, nem exploradores, nem explorados;- justiça: a sociedade exigirá de cada um de acordo com suas forças e lhe dara de acordo com as suas necessidades; -continuação do processo dialético...
Segundo essa definição de que socialismo é uma forma de sociedade sem classes, fica óbvio que nunca tivemos, até aqui, socialismo ou comunismo em nenhum lugar do Planeta. Nem mesmo na Rússia de 1917, na China de 1949 ou na Cuba de 1960 e outras ditaduras socialistas. Nada daquilo pode ser chamado de socialismo e muito menos de comunismo. Quando Lênin derrubou o império russo em 1917, tratou logo de dissolver as classes que até então ali predominavam e impôs o que chamou de “ditadura do proletariado” (a classe trabalhadora no poder, controlada por uma elite pensante que n a época formava o Partido Comunista, classe privilegiada). O mundo chamou aquilo de socialismo e comunismo, mas não tinha nada de socialismo nem de comunismo utópico de Marx.
Os regimes impostos pelo medo sucumbiram, a vanguarda do movimento foi perdendo o rumo, principalmente no período de Stalin, Mao, Fidel e outros ditadores ditos socialistas. Aboliram a força a propriedade privada, o direito de ir e vir, a consciência individual, o pensamento livre(”idéias são mais letais que armas”Lenin), a imprensa livre, a RELIGIÃO(“ópio do povo”Marx), instalaram o coletivismo, perseguiram e eliminaram os que se opuseram, incharam a máquina do governo com os fiéis seguidores que passaram a ser a nova classe dominante.
Ao eliminar o individual e o estímulo ao crescimento pessoal o partido acomodou os trabalhadores, a produção das indústrias, das fazendas coletivas foi diminuindo na medida em que aumentava a corrupção em todos os escalões. Foi isso que eu vi quando visitei Cuba num grupo paranaense de solidariedade ao povo e ao regime cubano na década de 90: prateleiras vazias dos postos de atendimento ao povo, pessoas nas ruas vendendo tudo que podiam tirar do governo- rum, charutos, remédio ppg, o brasileiro José vendendo de tudo e levando vantagem por lá e até pais vendendo suas filhas aos turistas... Prova do “sucesso da revolução- “prostitutas universitárias”, segundo Fidel,cerca de 1 milhão.
Visitamos escolas, universidades, comitês do partido, tivemos palestras mostrando a” eficiência do regime”, mas o que vimos nas ruas foram pessoas nas filas para pegar chá e uma massa com açúcar por cima... Ao perguntar se era bom escutei a dolorosa verdade: “Quando hai hambre...”
Professor universitário que nos acompanhou guardando a bala, o clicletes que lhe oferecíamos para levar para os filhos, pedindo para comer as sobras de nosso café no hotel para turistas... Somente podiam comprar nas lojas dos hotéis os que tivessem dól ares recebidos dos turistas ou enviados dos parentes nos EUA (a economia sobrevivia graças aos dólares do “”arqui inimigo”. Era a nova classe social em crescimento: a dos que tinham $$.
Nestes quase 20 anos tenho acompanhado as notícias de Cuba e outros países ditos comunistas com muito interesse procurando entender a grande transformação que está ocorrendo no mundo, a abertura econômica da China (o pior do capitalismo sem leis protetoras e o controle estatal e falta de liberdade do socialismo real), Rússia e outros países socialistas.
Como irão sobreviver os meio milhão que perderão seus empregos públicos, seus vales comida, a” bolsa família” de lá, geração que acomodou-se recebendo o peixe do governo e nunca aprendeu a pescar... E fico sempre relacionando com a realidade brasileira especialmente em época de campanha eleitoral... Mas esse tema é longo e mexe com a visão política de cada um...
Resta uma certeza que nem o coletivismo do socialismo real, nem o individualismo do capitalismo selvagem estão com a verdade. Ela deve estar no sábio caminho do meio, do equilíbrio...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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