Meu carro é um modelo popular, motor 1.6, com ar condicionado, aquecedor, desembaçador, vidro elétrico, direção hidráulica e um excelente som – não viajo sem música. Está com dez mil quilômetros. É um bom carro. Atende-me perfeitamente bem nos percursos que faço a clientes nas regiões de Londrina e Maringá. Fora daí, vou de avião. Chegando lá, alugo um carro ou pego um táxi.
Outro dia eu estava em uma concessionária de uma marca diferente à do meu carro. O gerente de vendas aproximou-se e me perguntou: “Você tem um carro da marca X?”. Eu respondi: “É o símbolo que vejo na chave”. Ele quis saber o modelo. Quando revelei e ele constatou tratar-se de um carro popular, seu espanto foi tamanho, que não se contendo, exclamou: “Você anda num carro desses?”
Não me surpreendi tanto com a reação invasiva e mal educada. De certa forma eu previa. Trata-se de um vendedor em fim de carreira, que nunca conheceu o sucesso, derrotado no trabalho e na família, e que faz qualquer coisa para vender – incluindo magoar clientes potenciais.
Eu particularmente acho interessante deparar-me com gente cujas convicções são desviadas, como é o caso deste pobre homem, que pensa e age em conformidade à crença de que um carro reflete o que a pessoa é. Rio, primeiro. Depois choro. Não têm discernimento para perceber quanto são vítimas de propagandas perniciosas que transformaram marcas e modelos de coisas – carro, relógio, apartamento, e um sem número de objetos – em meios para preencher o imenso vazio na autoestima e no autovalor que perdura em seus corações. Gente que efetivamente trocou o ser por ter.
Um desses infelizes, outro dia, precisando assinar um documento, sacou pomposamente do bolso uma caneta de trezentos dólares, e ela não funcionou. Desconcertado, guardou-a no bolso e pediu uma esferográfica com que cumpriu a obrigação. Triste foi constatar que nem ele e nem ninguém à sua volta abstraíram a lição por trás do fato. E é simples. “Mais que a caneta é a carga; é com ela que se escreve”.
Uma trágica história. Um homem nada tinha. Quarenta anos se passaram e ele construiu um negócio de duzentos milhões de reais ao ano. Vieram os filhos e o alijaram dalí. Fizeram dele seu inimigo. De que valeu toda energia gasta? Patrimônio? Que sentido teve a vida para ele? O que, de fato, conseguiu? Amor, não. Sabedoria, não. Respeito, não. E a saúde declina. Amanhã, ele terá apenas o menear da cabeça das pessoas que dirão a seu respeito: “Coitado! Nem os filhos o honraram”.
Ter dinheiro e ter fome é uma combinação que dá certo. Dramático e triste é ter uma conta bancária gorda, e não ter apetite. Isto é miséria. Isto é pobreza.
Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473
Outro dia eu estava em uma concessionária de uma marca diferente à do meu carro. O gerente de vendas aproximou-se e me perguntou: “Você tem um carro da marca X?”. Eu respondi: “É o símbolo que vejo na chave”. Ele quis saber o modelo. Quando revelei e ele constatou tratar-se de um carro popular, seu espanto foi tamanho, que não se contendo, exclamou: “Você anda num carro desses?”
Não me surpreendi tanto com a reação invasiva e mal educada. De certa forma eu previa. Trata-se de um vendedor em fim de carreira, que nunca conheceu o sucesso, derrotado no trabalho e na família, e que faz qualquer coisa para vender – incluindo magoar clientes potenciais.
Eu particularmente acho interessante deparar-me com gente cujas convicções são desviadas, como é o caso deste pobre homem, que pensa e age em conformidade à crença de que um carro reflete o que a pessoa é. Rio, primeiro. Depois choro. Não têm discernimento para perceber quanto são vítimas de propagandas perniciosas que transformaram marcas e modelos de coisas – carro, relógio, apartamento, e um sem número de objetos – em meios para preencher o imenso vazio na autoestima e no autovalor que perdura em seus corações. Gente que efetivamente trocou o ser por ter.
Um desses infelizes, outro dia, precisando assinar um documento, sacou pomposamente do bolso uma caneta de trezentos dólares, e ela não funcionou. Desconcertado, guardou-a no bolso e pediu uma esferográfica com que cumpriu a obrigação. Triste foi constatar que nem ele e nem ninguém à sua volta abstraíram a lição por trás do fato. E é simples. “Mais que a caneta é a carga; é com ela que se escreve”.
Uma trágica história. Um homem nada tinha. Quarenta anos se passaram e ele construiu um negócio de duzentos milhões de reais ao ano. Vieram os filhos e o alijaram dalí. Fizeram dele seu inimigo. De que valeu toda energia gasta? Patrimônio? Que sentido teve a vida para ele? O que, de fato, conseguiu? Amor, não. Sabedoria, não. Respeito, não. E a saúde declina. Amanhã, ele terá apenas o menear da cabeça das pessoas que dirão a seu respeito: “Coitado! Nem os filhos o honraram”.
Ter dinheiro e ter fome é uma combinação que dá certo. Dramático e triste é ter uma conta bancária gorda, e não ter apetite. Isto é miséria. Isto é pobreza.
Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473
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