Para quem é do tempo da educação chamada autoritária, quando os pais, os professores, as autoridades civis e religiosas tinham sempre a última inquestionável palavra e ponto final, ou do tempo em que os governos ditatoriais encobriam e manipulavam a verdade e os meios de comunicação segundo os seus interesses, as atitudes do governo em relação ao apagão, nos trazem a sensação de volta incômoda ao passado.
É certo que passamos de um extremo a outro, como na famosa teoria do educador Saviani que fala da curvatura da vara, que de tanto ficar puxada para o autoritarismo, ao ser solta, foi para o outro extremo do permissivismo, do tudo pode. Agora quem tem a última palavra são os filhos, os alunos e há um desrespeito geral da autoridade. Precisamos encontrar o caminho do meio, o equilibro e valorizar valores essenciais para uma sociedade como, Educação, Respeito, Liberdade com responsabilidade, Democracia...
E como anda a Democracia, governo do povo, para o povo aqui no Brasil? O presidente Lula, ancorado em sua popularidade anda esquecendo-se dos princípios democráticos. Ele e seus fiéis ministros estão dando por encerrado muitos casos sem o devido esclarecimento ao povo. É prática comum de seu governo dar por encerrado assuntos que lhe são politicamente inconvenientes, como o ainda não inexplicado apagão.
Outros casos polêmicos foram encerrados recentemente, como o das escutas telefônicas clandestinas feitas pela ABIN- Agência Brasileira de Inteligência, quando foi encontrado grampo telefônico no celular do presidente do Supremo Tribunal Federal. Alguns envolvidos foram afastados e o chefe ganhou um cargo na embaixada de Portugal e ponto final. Ou do dossiê sobre os gastos do gabinete do ex-presidente feitos a pedido de Dilma Roussef, chefe da casa civil. Acharam um culpado na casa civil e ponto final.
Mais recentemente o caso da secretária geral da Receita Federal Lina Vieira que diz ter sido pressionada pela ministra Dilma para “apressar”as investigações envolvendo a família Sarney, numa reunião no Palácio do Planalto. O governo negou o encontro, não apresentou as filmagens da entrada, exigiu que e ex-secretaria provasse e quando a ela achou a agenda, deu o caso por encerrado.
Agora, no caso do apagão, graças à imprensa, o desgaste da atitude autoritária dos ministros, especialmente para a imagem de Dilma, está fazendo o governo manter o caso aberto, em discussão para que se encontrem as reais causas, se faça a correção dos erros para evitar novos apagões.
Um governo democrático não pode decidir quando é hora de parar as investigações de seus atos. É preceito maior de uma democracia, onde o poder é exercido em nome do povo, que sustenta o poder com os impostos que paga e cujos representantes tem de prestar contas. Afinal foram 18 estados que ficaram as escuras por quase cinco horas. Por quê?
Mas a popularidade do presidente está levando-o impensável. Dia 15 de novembro, no programa É notícia, em entrevista a Kennedy Alencar diz que o mensalão foi fruto de uma armação de seus adversários, uma tentativa de golpe da oposição. Ressuscitou o mensalão para negar a sua existência. Punição não houve ainda, os envolvidos estão comandando os bastidores do poder e devido à lentidão da justiça o crime pode até a prescrever, mas negar que existiu? Só falta agora e poderoso chefão dar o “caso por encerrado e ponto final”...
E o presidente vai falando o que quer, levando sua candidata para todas as suas “inspeções de obras”, vamos rindo das tolices, calados, aceitando todos os seus casos encerrados, suas nomeações partidárias sem a devida experiência técnica... Até quando?
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.
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