Neste tempo onde tantos vendavais, tornados, enchentes, alterações climáticas, filmes apocalípticos nos amedrontam, precisamos ler pessoas sábias que busquem a renovação da vida e das esperanças. E vem do papa em esta esperança e valorização de um grande sábio defensor de natureza. Em sua celebração no dia 24 de julho em Aosta, na Itália, como um sinal de revalorização do padre e de seu pensamento, cita a "grande visão" de Teilhard, e pede que consagremos "o mundo a fim de que ele se torne uma hóstia viva", uma frase reminiscente da teologia eucarística do jesuíta francês, em que toda a criação se torna uma oferenda a Deus.
A história nos mostra que a Igreja parece sempre abraçar aqueles que, uma vez, ela colocou em suspeita. Galileu Galilei, o astrônomo italiano, é o mais famoso dentre eles. Mas há outros também, como Tomás de Aquino, Joana D'Arc e Inácio de Loyola. O candidato mais recente para a reabilitação é o paleontólogo jesuítas, filósofo evolucionista e escritor espiritual Pierre Teilhard de Chardin.
Teilhard articulou essa sua visão durante uma expedição ao Deserto de Ordos na Mongólia Central em 1923. Sem ter os elementos do pão sem fermento e do vinho para celebrar a Missa, ele compôs uma oração poética, "Missa sobre o mundo" (publicado no livro "Hino do Universo", editora Paulus), oferecendo toda a criação em sua história evolucionária como uma hóstia a Deus, um cosmos que evolui ao longo do tempo e que cada vez é mais conhecido pela investigação científica; um processo espiritual que chega à consciência da humanidade, uma humanidade cuja espiritualidade se encontra em atividade assim como em passividade; e uma humanidade chamada não apenas a viver no mundo, mas também a transformá-lo, tornando-o melhor.
É nossa obrigação de "transformar o mundo", consertar os erros humanos, buscar o equilíbrio perdido. Assim como Teilhard, o Papa Bento nos lembra que o mundo que transformamos pelo nosso trabalho, pelo nosso aprendizado e pela nossa ingenuidade, indicando um conjunto de problemas que esperam por solução e transformação: a proteção da vida humana e do meio ambiente, a expansão da "responsabilidade de proteger", incluindo o fornecimento de alimento e água para as populações necessitadas, e a criação de estruturas internacionais que regulem a especulação nos mercados financeiros e governem uma economia global. O consumo tem seu lugar na criação de um piso de bem-estar material para todos e melhorias nas dimensões estética, intelectual, atlética, ecológica e religiosa.
Em qualquer campo que nos esforcemos para transformar o mundo - ciência, engenharia, comunicações, negócios, artes - devemos apontar para a promoção de um desenvolvimento totalmente humano e sustentável, em níveis crescentes de bem-estar para todos e para cada um. No fim, quando essa transformação alcançar sua totalidade, a” noosfera”, como Teilhard escreveu, "a presença de Cristo, que silenciosamente foi se acumulando nas coisas, de repente se revelará - como um facho de luz de pólo a polo. Será uma nova era de luz,de espiritualidade, de esperança para o mundo, profetizou.
Que os dirigentes do mundo entendam a seriedade do momento histórico em que vivemos e ajam com seriedade na Conferência Mundial do Clima de Copenhagem em dezembro. Não é culpa de Deus, nem falta de oração das irmãs do Carmelo, que tantos problemas climáticos estejam ocorrendo. É consequência da insensatez humana!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
A história nos mostra que a Igreja parece sempre abraçar aqueles que, uma vez, ela colocou em suspeita. Galileu Galilei, o astrônomo italiano, é o mais famoso dentre eles. Mas há outros também, como Tomás de Aquino, Joana D'Arc e Inácio de Loyola. O candidato mais recente para a reabilitação é o paleontólogo jesuítas, filósofo evolucionista e escritor espiritual Pierre Teilhard de Chardin.
Teilhard articulou essa sua visão durante uma expedição ao Deserto de Ordos na Mongólia Central em 1923. Sem ter os elementos do pão sem fermento e do vinho para celebrar a Missa, ele compôs uma oração poética, "Missa sobre o mundo" (publicado no livro "Hino do Universo", editora Paulus), oferecendo toda a criação em sua história evolucionária como uma hóstia a Deus, um cosmos que evolui ao longo do tempo e que cada vez é mais conhecido pela investigação científica; um processo espiritual que chega à consciência da humanidade, uma humanidade cuja espiritualidade se encontra em atividade assim como em passividade; e uma humanidade chamada não apenas a viver no mundo, mas também a transformá-lo, tornando-o melhor.
É nossa obrigação de "transformar o mundo", consertar os erros humanos, buscar o equilíbrio perdido. Assim como Teilhard, o Papa Bento nos lembra que o mundo que transformamos pelo nosso trabalho, pelo nosso aprendizado e pela nossa ingenuidade, indicando um conjunto de problemas que esperam por solução e transformação: a proteção da vida humana e do meio ambiente, a expansão da "responsabilidade de proteger", incluindo o fornecimento de alimento e água para as populações necessitadas, e a criação de estruturas internacionais que regulem a especulação nos mercados financeiros e governem uma economia global. O consumo tem seu lugar na criação de um piso de bem-estar material para todos e melhorias nas dimensões estética, intelectual, atlética, ecológica e religiosa.
Em qualquer campo que nos esforcemos para transformar o mundo - ciência, engenharia, comunicações, negócios, artes - devemos apontar para a promoção de um desenvolvimento totalmente humano e sustentável, em níveis crescentes de bem-estar para todos e para cada um. No fim, quando essa transformação alcançar sua totalidade, a” noosfera”, como Teilhard escreveu, "a presença de Cristo, que silenciosamente foi se acumulando nas coisas, de repente se revelará - como um facho de luz de pólo a polo. Será uma nova era de luz,de espiritualidade, de esperança para o mundo, profetizou.
Que os dirigentes do mundo entendam a seriedade do momento histórico em que vivemos e ajam com seriedade na Conferência Mundial do Clima de Copenhagem em dezembro. Não é culpa de Deus, nem falta de oração das irmãs do Carmelo, que tantos problemas climáticos estejam ocorrendo. É consequência da insensatez humana!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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