"MULHERES, BIOGRAFIAS, POLÍTICA E PODER", é o título da coluna do professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras, José Eugênio Maciel, publicou ontem no jornal Tribuna do Interior e que está postada hoje para deleite dos leitores do BLOG.
Quem medirá o chapéu e a violência do coração dos poetas quando
capturados e aprisionados no corpo de uma mulher? Virgínia Woolf
Na última quinta, no horário eleitoral gratuito, o Partido Verde enalteceu a mais importante filiação do PV, a senadora e ex-ministra Marina Silva. Ela é o fato novo da política nacional, ao deixar o PT após os escândalos do Senado patrocinados por José Sarney e a caterva dele, com a complacência de muitos petistas. A bela biografia da senadora mereceu destaque. Alfabetizada aos 16 anos pelo antigo Mobral e posteriormente ter feito curso superior, formando-se em História.
É possível que o Brasil eleja uma mulher na presidência da República? Cabe relembrar da história e da atual presença das mulheres na política.
A padroeira da França é a heroína Joana d’Arc. Ela lutou na Guerra dos Cem anos por idealismo e destemor. No entanto, foi jogada viva numa fogueira em praça pública depois de um julgamento pelos assassinatos e heresia. A condenação sumária, patrocinada pela Igreja Católica era para ser exemplar. Mesmo diante do anunciado e inapelável fim trágico, ela manteve a altivez que lhe era peculiar. Anos depois foi canonizada e reconhecida como heroína.
Politicamente, sem dúvida é crescente a participação da mulher. Ângela Merkel, Michele Bachelet e Cristina Kirchener ocupam atualmente o cargo mais importante do poder dos seus países, respectivamente na Alemanha, Chile e Argentina. Em comum elas têm a militância política legitimada em muitos embates eleitorais vitoriosos que refletem o elevado grau de liderança que adquiriam. Todas elas têm curso superior e dominam com desenvoltura o exercício do poder.
O voto feminino no Brasil existe há 77 anos, quando o presidente Getúlio Vargas decreta a lei que instituía o Código Eleitoral Brasileiro. Vargas percebera o crescente movimento social e político em favor do voto feminino e de candidaturas das mulheres, uma experiência que começou em 1928 em Mossoró, Rio Grande do Norte quando elas conseguiram comparecer as urnas e votar. E lá naquele Estado foi eleita a primeira prefeita, da cidade de Lajes, Alzira Soares. A eleição da primeira deputada federal aconteceria em 1933, se tornando parlamentar a médica Carlota Pereira Queiroz. A primeira a chegar a um governo estadual é bem recente, 1994, Roseana Sarney é eleita para comandar pela primeira vez o Maranhão em (hoje ela ocupa o cargo novamente).
No Paraná ainda nenhuma mulher ocupou o Palácio Iguaçu, presidiu a Assembléia Legislativa ou governasse alguma cidade grande. Somente em 1951 é que uma das cadeiras da Assembléia foi ocupada por uma mulher, Iraci Ribeiro Viana. A última expressão feminina paranaense ocorreu com Emília Belinati, eleita como vice quando o governador era Jaime Lerner, vindo a ser interinamente governadora em 1994. Ela chegou a ser cotada para o governo ou ao Senado. Contudo, ao perder espaço, ficou ausente da política. O ex-marido dela é o deputado estadual Antônio Belinati.
A julgar pelas movimentações político-partidárias, salvo melhor juízo e fatos novos que venham a surgir, é de se crer que a participação da mulher no Paraná será pequena em termos do pleito do ano que vem. E não se trata de uma constatação machista. Será lamentável, pois os partidos políticos são obrigados por lei a garantirem o registro de candidaturas femininas, e a sociedade tem deixado de lado – pelo menos acentuadamente – a visão preconceituosa e excludente ante a participação feminina na política.
As últimas eleições presidenciais contaram com a participação notável para o debate daquele momento, da então senadora Heloísa Helena, concorrendo pelo PSOL. Ela tinha deixado o PT à época em que somente começara a surgir os escândalos do “mensalão”. Aceitou o desafio de construir um partido, deixando de lado as benesses do poder lulista e mesmo uma reeleição para o Senado por Alagoas que seria relativamente tranqüila. Hoje ela é vereadora mais votada em Maceió.
Novamente a pergunta, chegou a vez de o Brasil eleger pela primeira vez uma mulher como presidente? Que um dia tal fato se dará é possível seguramente crer, dada à presença delas na política.
O quadro sucessório presidencial poderá ter duas mulheres na disputa, a própria Marina Silva pelo PV e pelo PT a atual ministra Dilma Rousseff, nome tirado do bolso do colete do presidente Lula.
Independentemente de preferências ou simpatias, respeitar pessoas e suas respectivas biografias não significa votar nelas. Marina merece respeito por sua biografia, coerência e lisura nos cargos que exerceu. O problema não estaria nela, mas na falta de estrutura política do seu partido, pois o PV não tem quadros e suporte para administrar o País. Ela propõe “refundar” o PV e terá que fazê-lo, pois lá estão figuras oportunistas da chamada causa ambiental, como o Zequinha Sarney.
Dilma jamais passou por qualquer experiência eleitoral, ela dependerá da popularidade de Lula e da máquina pública que possam alavancar a sua candidatura. E ainda sobre biografia, Dilma colocou no currículo ser doutora em economia, embora sequer tenha se matriculado, fato denunciado e comprovado pelos meios de comunicação. Mentir sobre si mesma é agredir a própria tida consciência, assim como a dos outros.
Mesmo sendo uma qualidade na politização dos debates e de programa de governo, apenas enaltecer a condição de mulher não pode, por si só, ser qualidade capaz de credenciar qualquer candidatura feminina. Como também não se deve desmerecê-la de maneira alguma.
Fases de Fazer Frases
Não se confunda dá na mesma com dá na mesa.
Olhos, Vistos do Cotidiano
“Eu ganho para escrever e pago para não falar”, disse o jornalista Sid Sauer, do sítio Boca Santa, ao ser entrevistado quando completou dia onze três mil edições, digno de nota e de cumprimentos.
Reminiscências em Preto e Branco
Alhures, olhares alheios. Alheios são os olhares alhures.
Quem medirá o chapéu e a violência do coração dos poetas quando
capturados e aprisionados no corpo de uma mulher? Virgínia Woolf
Na última quinta, no horário eleitoral gratuito, o Partido Verde enalteceu a mais importante filiação do PV, a senadora e ex-ministra Marina Silva. Ela é o fato novo da política nacional, ao deixar o PT após os escândalos do Senado patrocinados por José Sarney e a caterva dele, com a complacência de muitos petistas. A bela biografia da senadora mereceu destaque. Alfabetizada aos 16 anos pelo antigo Mobral e posteriormente ter feito curso superior, formando-se em História.
É possível que o Brasil eleja uma mulher na presidência da República? Cabe relembrar da história e da atual presença das mulheres na política.
A padroeira da França é a heroína Joana d’Arc. Ela lutou na Guerra dos Cem anos por idealismo e destemor. No entanto, foi jogada viva numa fogueira em praça pública depois de um julgamento pelos assassinatos e heresia. A condenação sumária, patrocinada pela Igreja Católica era para ser exemplar. Mesmo diante do anunciado e inapelável fim trágico, ela manteve a altivez que lhe era peculiar. Anos depois foi canonizada e reconhecida como heroína.
Politicamente, sem dúvida é crescente a participação da mulher. Ângela Merkel, Michele Bachelet e Cristina Kirchener ocupam atualmente o cargo mais importante do poder dos seus países, respectivamente na Alemanha, Chile e Argentina. Em comum elas têm a militância política legitimada em muitos embates eleitorais vitoriosos que refletem o elevado grau de liderança que adquiriam. Todas elas têm curso superior e dominam com desenvoltura o exercício do poder.
O voto feminino no Brasil existe há 77 anos, quando o presidente Getúlio Vargas decreta a lei que instituía o Código Eleitoral Brasileiro. Vargas percebera o crescente movimento social e político em favor do voto feminino e de candidaturas das mulheres, uma experiência que começou em 1928 em Mossoró, Rio Grande do Norte quando elas conseguiram comparecer as urnas e votar. E lá naquele Estado foi eleita a primeira prefeita, da cidade de Lajes, Alzira Soares. A eleição da primeira deputada federal aconteceria em 1933, se tornando parlamentar a médica Carlota Pereira Queiroz. A primeira a chegar a um governo estadual é bem recente, 1994, Roseana Sarney é eleita para comandar pela primeira vez o Maranhão em (hoje ela ocupa o cargo novamente).
No Paraná ainda nenhuma mulher ocupou o Palácio Iguaçu, presidiu a Assembléia Legislativa ou governasse alguma cidade grande. Somente em 1951 é que uma das cadeiras da Assembléia foi ocupada por uma mulher, Iraci Ribeiro Viana. A última expressão feminina paranaense ocorreu com Emília Belinati, eleita como vice quando o governador era Jaime Lerner, vindo a ser interinamente governadora em 1994. Ela chegou a ser cotada para o governo ou ao Senado. Contudo, ao perder espaço, ficou ausente da política. O ex-marido dela é o deputado estadual Antônio Belinati.
A julgar pelas movimentações político-partidárias, salvo melhor juízo e fatos novos que venham a surgir, é de se crer que a participação da mulher no Paraná será pequena em termos do pleito do ano que vem. E não se trata de uma constatação machista. Será lamentável, pois os partidos políticos são obrigados por lei a garantirem o registro de candidaturas femininas, e a sociedade tem deixado de lado – pelo menos acentuadamente – a visão preconceituosa e excludente ante a participação feminina na política.
As últimas eleições presidenciais contaram com a participação notável para o debate daquele momento, da então senadora Heloísa Helena, concorrendo pelo PSOL. Ela tinha deixado o PT à época em que somente começara a surgir os escândalos do “mensalão”. Aceitou o desafio de construir um partido, deixando de lado as benesses do poder lulista e mesmo uma reeleição para o Senado por Alagoas que seria relativamente tranqüila. Hoje ela é vereadora mais votada em Maceió.
Novamente a pergunta, chegou a vez de o Brasil eleger pela primeira vez uma mulher como presidente? Que um dia tal fato se dará é possível seguramente crer, dada à presença delas na política.
O quadro sucessório presidencial poderá ter duas mulheres na disputa, a própria Marina Silva pelo PV e pelo PT a atual ministra Dilma Rousseff, nome tirado do bolso do colete do presidente Lula.
Independentemente de preferências ou simpatias, respeitar pessoas e suas respectivas biografias não significa votar nelas. Marina merece respeito por sua biografia, coerência e lisura nos cargos que exerceu. O problema não estaria nela, mas na falta de estrutura política do seu partido, pois o PV não tem quadros e suporte para administrar o País. Ela propõe “refundar” o PV e terá que fazê-lo, pois lá estão figuras oportunistas da chamada causa ambiental, como o Zequinha Sarney.
Dilma jamais passou por qualquer experiência eleitoral, ela dependerá da popularidade de Lula e da máquina pública que possam alavancar a sua candidatura. E ainda sobre biografia, Dilma colocou no currículo ser doutora em economia, embora sequer tenha se matriculado, fato denunciado e comprovado pelos meios de comunicação. Mentir sobre si mesma é agredir a própria tida consciência, assim como a dos outros.
Mesmo sendo uma qualidade na politização dos debates e de programa de governo, apenas enaltecer a condição de mulher não pode, por si só, ser qualidade capaz de credenciar qualquer candidatura feminina. Como também não se deve desmerecê-la de maneira alguma.
Fases de Fazer Frases
Não se confunda dá na mesma com dá na mesa.
Olhos, Vistos do Cotidiano
“Eu ganho para escrever e pago para não falar”, disse o jornalista Sid Sauer, do sítio Boca Santa, ao ser entrevistado quando completou dia onze três mil edições, digno de nota e de cumprimentos.
Reminiscências em Preto e Branco
Alhures, olhares alheios. Alheios são os olhares alhures.
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