A Primavera chega nesta semana ao hemisfério Sul, pelo menos é o que nos mostra calendário. Mas o que nos mostra a natureza? Os ipês já floriram em agosto, alguns já perderam suas flores roxas, amarelas, brancas, e seus galhos já estão cobrindo-se de folhas de um verde cheio de esperança.
É a natureza que nos convida a refletir sobre a fugacidade das coisas, sobre a rapidez com que as mudanças acontecem tanto na natureza como em nossa vida. A beleza dos ipês floridos é sempre tão rápida, tão efêmera como a nossa vida... Se não nos apressarmos a ver, observar, fotografar, já perdemos o encanto do momento.
É certo que outras primaveras virão, outra vez os ipês florirão, mas será outro tempo... O de hoje já esta escapando como grãos de areia pelos nossos dedos. A cada dia, mês, ano que passa temos a sensação de estarmos vivendo num tempo de aceleração histórica, onde tudo está girando cada vez mais rapidamente... Parece que foi ontem o Natal e já estamos no final de setembro novamente e logo, loguinho, teremos que puxar a árvore de Natal do armário. Logo inventarão uma arvore de rodinha para facilitar a nossa vida.
Afinal a roda esta entre as grandes invenções da humanidade, com os seus infindáveis usos. É a roda da vida, a roda do tempo que vai nos levando sempre para frente, para o futuro. É a roda das máquinas que nos transportam pelo mundo, desde a roda das bicicletas, motos, carros, trens, ônibus às turbinas dos aviões. Tudo gira e cada vez mais rapidamente. E seguimos correndo pela vida, puxando nossa mala (e que seja de rodinha, grande invenção) de saudades, esperanças, desejos, sonhos.
E vamos aprendendo com a natureza, com os companheiros de viagem especialmente com aqueles que vão desembarcando nas estações da vida e nos deixando com muitas saudades. “ Todos os dias é um vai e vem, tem gente que chega e quer partir tem gente que vai e quer ficar. Assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. À hora do encontro é também despedida. A plataforma desta estação é a vida, é a vida deste meu país, é a vida”.
Estar na melhor idade tem suas vantagens. Mais do que pagar meia entrada, ônibus de graça, a idade nos ensina muitas coisas, especialmente a relatividade de tudo. Pena que muitos, especialmente os políticos parecem que não entendem o quanto são transitórios e continuam lutando pelo poder usando todos os meios possíveis. E nós, contribuintes, continuamos pagando a conta. Nos últimos dias as grandes discussões que aconteceram no meio político e foram noticiadas pela imprensa nos fazem pensar:
- Taxação da poupança, mais impostos para quem produz e economiza. E a tão sonhada reforma política, contenção de gastos vem quando?
-Divisão dos lucros (royalties para os estados) do pré sal que nem começou a produzir. E a conta para produzir quem paga?
- A maior compra bélica da história do país, feita pelo gosto político do presidente. Para que analisar critérios técnicos, preços???E quem precisa de aviões, submarinos…???
- Alteração dos índices de produtividade da terra, para ter mais terra para distribuir ao MST. E as áreas de assentamento são produtivas, atendem esses índices de produtividade?
- A crise do Sarney foi vista como “ um mal menor” e ele até prepara uma cartilha para limpar seu nome. E nós pagamos, é claro. O mordomo da filha, o ex- namorado da neta, todos estão lá de novo, “recontratados”.
- A corrida eleitoral já esta a todo vapor e com a nova lei eleitoral aprovada vamos ver muita roupa suja ser lavada, muitos candidatos com ficha suja concorrendo, muitos doadores escusos, muitos acordos feitos na calada da noite até outubro de 2010...
Mas não há mal que dure para sempre, não há inverno que não termine, e a Primavera vai chegar também para nossas instituições... Um dia...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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