A cena é fácil de imaginar. Um repórter televisivo, destes de programas policiais, caminha por uma selva fechada, dizendo aos telespectadores que há cheiro de carne queimada no local. Mas adiante, a imagem de um corpo em chamas enche a tela da televisão. A vítima, um traficante de drogas assassinado por ordem do filho do apresentador do programa que levava ao ar tal “furo” de reportagem. Uma assustadora estratégia que une a prática de um crime em troca de alguns pontos da audiência.
Parece cena de um filme, certo? Errado. Trata-se de uma história real, que aconteceu na cidade de Manaus, através do programa Canal Livre que exibiu a imagem do corpo de um traficante queimado em 2008.
De acordo com o inquérito policial, Raphael Souza, filho do apresentador do programa Canal Livre, Wallace Souza, ao saber da possível apreensão de um carregamento de drogas no Porto de Manaus, reuniu policiais para matar o traficante, avisando, é claro, a equipe do programa de TV, que chegou a tempo de filmar a agonia da vítima, morta com quatro tiros. O filho e o apresentador foram denunciados, pelo Ministério Público, por seis homicídios.
Para “apimentar” ainda mais a história, Wallace Souza, é deputado estadual mais votado de Amazonas, votos que conseguiu utilizando a imagem de defensor das vítimas através de violência contra violência.
Esta é uma das facetas da busca desenfreada da mídia pela audiência, situação ainda mais agravada quando o resultado de tal programação pitoresca ainda é garantia de votos para “pseudos” defensores dos direitos dos mais oprimidos que utilizam dos veículos de comunicação para ludibriar seus eleitores.
Dizem que um povo tem o governo que merece. Eu me pergunto: e a audiência, tem os programas que merece ou os programas televisivos nos últimos anos nada mais são do que o reflexo dos desejos de seus telespectadores.
Todos os dias, sejam nos canais abertos ou fechados, há programas que, quando não nos chocam, nos envergonham por tal nível de baixaria ou de pura propaganda disfarçada de interesse jornalístico, que levam ao ar verdadeiras barbaridades. E não estou falando apenas dos programas com pouca audiência e muitas entradas de merchandising. Estou me referindo até aos grandes, que, em casos de comoção nacional, chegam a cometer verdadeiros abusos de invasão de privacidade, excesso de cobertura, apenas com o intuito de ganhar mais pontos de audiência.
O caso da menina Elóa, assassinada pelo namorado, é um exemplo da luta pela audiência a qualquer custo, já que apresentadores chegaram até a entrevistar Lindemberg, que manteve a namorada refém durante cem horas, antes do fim trágico. Especialistas debateram, na época, se o episódio duraria tanto tempo ou terminaria de maneira tão dramática se o sequestro não tivesse sido acompanhado avidamente pelas principais emissoras de televisão do país.
Tudo bem....você pode me dizer que basta apenas utilizar o poder que o controle remoto nos dá literalmente nas mãos, ou seja, selecionar o que assistimos. O problema é que está cada vez mais difícil fazer essa seleção e ainda mais complicado acreditar na veracidade do que chega aos nossos lares.
Parece cena de um filme, certo? Errado. Trata-se de uma história real, que aconteceu na cidade de Manaus, através do programa Canal Livre que exibiu a imagem do corpo de um traficante queimado em 2008.
De acordo com o inquérito policial, Raphael Souza, filho do apresentador do programa Canal Livre, Wallace Souza, ao saber da possível apreensão de um carregamento de drogas no Porto de Manaus, reuniu policiais para matar o traficante, avisando, é claro, a equipe do programa de TV, que chegou a tempo de filmar a agonia da vítima, morta com quatro tiros. O filho e o apresentador foram denunciados, pelo Ministério Público, por seis homicídios.
Para “apimentar” ainda mais a história, Wallace Souza, é deputado estadual mais votado de Amazonas, votos que conseguiu utilizando a imagem de defensor das vítimas através de violência contra violência.
Esta é uma das facetas da busca desenfreada da mídia pela audiência, situação ainda mais agravada quando o resultado de tal programação pitoresca ainda é garantia de votos para “pseudos” defensores dos direitos dos mais oprimidos que utilizam dos veículos de comunicação para ludibriar seus eleitores.
Dizem que um povo tem o governo que merece. Eu me pergunto: e a audiência, tem os programas que merece ou os programas televisivos nos últimos anos nada mais são do que o reflexo dos desejos de seus telespectadores.
Todos os dias, sejam nos canais abertos ou fechados, há programas que, quando não nos chocam, nos envergonham por tal nível de baixaria ou de pura propaganda disfarçada de interesse jornalístico, que levam ao ar verdadeiras barbaridades. E não estou falando apenas dos programas com pouca audiência e muitas entradas de merchandising. Estou me referindo até aos grandes, que, em casos de comoção nacional, chegam a cometer verdadeiros abusos de invasão de privacidade, excesso de cobertura, apenas com o intuito de ganhar mais pontos de audiência.
O caso da menina Elóa, assassinada pelo namorado, é um exemplo da luta pela audiência a qualquer custo, já que apresentadores chegaram até a entrevistar Lindemberg, que manteve a namorada refém durante cem horas, antes do fim trágico. Especialistas debateram, na época, se o episódio duraria tanto tempo ou terminaria de maneira tão dramática se o sequestro não tivesse sido acompanhado avidamente pelas principais emissoras de televisão do país.
Tudo bem....você pode me dizer que basta apenas utilizar o poder que o controle remoto nos dá literalmente nas mãos, ou seja, selecionar o que assistimos. O problema é que está cada vez mais difícil fazer essa seleção e ainda mais complicado acreditar na veracidade do que chega aos nossos lares.
Nery Thomé é engenheiro agrônomo e jornalista, e escreve sua coluna aos sábados na Tribuna e neste BLOG.
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