Se para alguns a notícia é boa – afinal, aluno sempre gosta que suas férias sejam prolongadas inesperadamente – a decisão da maioria das escolas particulares e das secretarias municipais de ensino de algumas cidades paranaenses de suspensão das aulas veio para comprovar que a gripe AH1N1 já não é mais privilégio de nossos vizinhos argentinos ou dos americanos e europeus.
Algumas cidades como em Maringá, onde uma escola particular solicitou aos pais que, caso seus filhos tenham passado as férias em alguma cidade do Rio Grande do Sul, evitassem o envio dos mesmos à escola nas primeiras semanas de volta às aulas, já dão a clara noção de como a preocupação vem sendo crescente. Agora chegamos até a prorrogação do inicio das aulas em praticamente todas as escolas publicas e particulares.
Apesar das notícias que têm preocupado as autoridades educacionais e, principalmente, os pais, os responsáveis pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais de Educação preferem dar um discurso mais ameno sobre a doença, afirmando, inclusive, que ela é menos letal que a gripe comum.
O Secretário Estadual de Saúde, Gilberto Martin, enfatizou que os casos da gripe no Paraná não são motivo de pânico. No entanto, foram anunciadas três mortes pela gripe no estado, jovens entre 24 a 31 anos. Enquanto isso, estudos do próprio Ministério da Saúde indicam que o vírus poderia atingir até 67 milhões de brasileiros em menos de dois meses.
Já abordei nesta mesma coluna que a imprensa estava fazendo alarde desnecessário a respeito da gripe sendo que nem sequer havia casos no território nacional. No entanto, com a ampliação assustadora dos números de infectados e de vítimas, é impossível não ficar assustado.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 134 mil pessoas contraíram a doença no mundo, com 816 mortes. No dia em que esta coluna foi redigia (quinta-feira, 30), foram confirmadas 63 mortes no país.
A preocupação da população é tanta que os postos de saúde de Campo Mourão estão ficando super lotados, um aumento de 40% no volume de atendimentos em comparação ao ano passado.
Se de um lado afirma-se que não há motivo para pânico ou medidas exageradas de prevenção, de outro nos perguntamos se as unidades públicas e particulares de saúde estão bem equipadas e seus profissionais bem informados para atender a uma demanda crescente, além da necessidade de respostas mais objetivas a tantas dúvidas que rondam o assunto.
É inegável que o tema que nos preocupa a todos é terreno fértil para vários tipos de boato e precisamos estar atentos para filtrar o que é verdade e o que é de pura lenda urbana. Se não há motivo para pânico, também não devemos subestimar a importância da doença, principalmente por parte das nossas autoridades de saúde. As medidas divulgadas amplamente pela mídia, como práticas de higiene, não são nenhum novidade, mas úteis para evitar até outros males. Mais uma vez, precisamos desenvolver um olhar crítico ao que vemos, lemos e ouvimos, não apenas dos meios de comunicação, mas também das pessoas que nos rodeiam. Não podemos fazer do assunto um tema que possa levar ao pânico e até à histeria, mas prevenir-se para que não sejamos mais uma vítima da doença, e, caso sejamos, procurar o serviço médico imediatamente, é salutar, afinal, como diz o ditado popular, o ideal é ter um olho no peixe e outro no gato.
Nery José Thomé é engenheiro agrônomo e jornalista em Campo Mourão
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