25 de jul. de 2009

MURICY: "Eu visto a camisa do verdão!


O site www.lancenet.com.br publicou reportagem com a apresentação do técnico Muricy Ramalho (foto) que recebeu honraria que nem grandes jogadores têm quando são apresentados na Academia de Futebol. O novo técnico ganhou uma camisa do Verdão com seu nome gravado nas costas.
O presente foi dado pelo presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, que apresentou Muricy a um batalhão de jornalistas, neste sexta, antes do treino da tarde. A identificação com o São Paulo, onde ficou três anos e meio e foi tricampeão nacional, faz parte do passado para o técnico.
A palavra São Paulo, aliás, Muricy citou apenas duas vezes em uma hora e cinco minutos de entrevista. A meta do técnico é conquistar a torcida do Verdão, como conseguiu no período em que ficou no rival.
– Foram três anos e meio de gente tentando me tirar, sempre os mesmos. Mas a torcida reconheceu. No Palmeiras vai ser igual, vou conquistar a torcida do Palmeiras com trabalho – afirmou Muricy.
O lema “Aqui é trabalho, meu filho!” virou até adesivo no Morumbi. A torcida são-paulina gritou o nome de Muricy mesmo após a demissão. O técnico diz não guardar mágoas, mas é direto na resposta.
– A palavra traidor não existe, porque eu fui mandado embora. Simplesmente mandado embora! Torcedor não é bobo, você não engana – afirmou o palmeirense.
Isso mesmo, palmeirense. O técnico confirmou a origem alviverde da família e comemorou o retorno ao clube onde jogava futebol de salão na infância. Muricy teve o primeiro contato com o grupo antes do treino e viaja com a delegação a Presidente Prudente neste sábado.
Ele não ficará no banco no clássico contra o Corinthians, no domingo.
Acerto após ‘não’ ao clube
"Não houve o primeiro acerto, pois o que mais pegou no meu caso era ter mais tempo para descansar e reunir forças. A pegada é muito forte, ainda mais no meu caso, como eu trabalho. Não houve mudança em relação à parte financeira, que por sinal se falou muita bobagem. Eu não tomo decisão rápida, porque pode me prejudicar. Preferi ficar mais um tempo desempregado, mas a porta não se fechou. Depois, rapidamente se acertou. Tive algumas propostas com lado financeiro muito alto, e o que me fez escolher o Palmeiras foi o contato com as pessoas. Para mim, as pessoas são muito importantes. Isso chamou atenção, além da história, torcida e da camisa. Se você não conquista, não permanece. Aqui tenho a chance de conquistar novamente. Tive convite em termos financeiros muito maior do que o Palmeiras."
A impressão da equipe
"O time está muito forte e tem condições de brigar pelo título, com certeza. Sobre esquema, não tenho preferência por nada. Eu armo de acordo com as características dos jogadores. Não sou menino, não sou novato. Não preciso mudar para mostrar. Mudar é loucura. O Palmeiras está jogando, se dedicando e isso chama atenção. Tem de dar sequência. Agora, é o dia-a-dia. É um campeonato longo. Se não mantiver os jogadores no foco você não chega nem perto."
Rivalidade pode influir?
"Sou um profissional do futebol. Em todo lugar que eu vou, as pessoas gostam do meu trabalho. A minha vida continua. Não aceitei antes porque tem de mudar essa relação: tira um e anuncia nas costas, isso não é legal. Eu aceitei na hora certa. Nesse tempo, eu senti nos lugares onde eu andava, no telefone e em enquetes que eles (palmeirenses) iam me receber muito bem. Isso pesou na minha vinda para o Palmeiras. Em todo lugar que eu passo, eu visto a camisa mesmo. É trabalho duro mesmo!"
Pressão da torcida
"Não é torcida do Palmeiras. Até na China tem pressão. Eu não entendia nada o que falavam (quando treinou o Shanghaï Shenhua, em 1997). Eles me xingavam e eu não entendia. Mas sabia pelo gesto. A palavra mágica é vitória. O torcedor não aguenta mais discurso, historinha. Não tem essa, meu! A saída é se dedicar e ganhar. O Palmeiras agora está na minha vida. Quando eu visto uma camisa, é difícil eu sair. Tenho certeza que vou durar bastante tempo aqui."
Visão sobre o Brasileirão
"Eu senti que no sofá eu não perco nenhum jogo. Lá de cima, sou o Pelé. Estou invicto, não perdi nenhum jogo. A cervejinha do lado, se erra ninguém cobra. E como os caras erram, o que eu vi nesse mês... Os times estão aprendendo a jogar a competição. Está muito organizado. Ganha quem erra menos. Os times estão cada vez melhores. Os caras se preparam melhor. Está mais difícil. Não basta ter um time, tem de ter um bom plantel. É suspensão, contusão, janela... Quem não estiver atento não chega. Quem trabalhar mais forte e for mais inteligente tem chance."
Ligação com o Verdão
"Eu joguei futebol de salão no Palmeiras. Pouca gente sabe. Era um dos melhores times do país. Tive essa felicidade de jogar no Palmeiras. Meu pai é palmeirense, o Carabina foi criado na minha casa. Essa turma fazia churrasco, eu era garoto, comecei a ver o que era time. Eu gostava, havia esse ambiente com meu pai. Quando eu tinha oportunidade, ia ver o Palmeiras jogar. Depois comecei a jogar no São Paulo, do lado da minha casa. E hoje estou no time onde comecei a jogar futebol de salão."
Filhos são-paulinos?
"Meus filhos são Náutico, Inter, Figueirense...Eles são o time que eu sou. Hoje são palmeirenses, estão loucos para ir ao Palestra Itália."
Comissão técnica
"Eu dou certo nos lugares porque não tenho insegurança. Quando você leva um ônibus de gente, é insegurança. Claro que se você vê alguém que não é parceiro, tem de arrancar a cabeça do cara. Você tem de adaptar o lugar, conquistar as pessoas. Eu estou chegando agora. O Jorginho é uma pessoa que eu conheço. Não tem motivo para tirar o Jorginho daqui. Essa história de sombra é só para quem é inseguro. O Jorginho vai me ajudar muito no Palmeiras."
Relação com a Traffic
"Eu trabalho para o Palmeiras. Se tiver de indicar, indico para o Palmeiras. Não tem interferência no meu trabalho. Tudo que é para ajudar é bem-vindo. Se a Traffic ajuda o Palmeiras, ela está do meu lado."
Compromisso no Palestra
"Quando eu assino um contrato, vou até o final. A palavra e a assinatura são importantes. Vou dar a vida aqui no Palmeiras, como em todo lugar. Tenho de conquistar o lugar, estou com uma vontade boa, viu!"
Pegar o ‘time do Luxa’
"Fica mais fácil. É um técnico que deixa coisas boas. Ficou muito mais fácil. É uma comissão técnica competente. A comissão aqui é competente. Assumir um lugar que tinha um técnico como o Vanderlei, ajuda demais. É um time bem treinado, bem administrado e facilita demais."
Proposta do Santos
"Tive várias propostas boas. O que me chamou a atenção aqui foram as pessoas. Eu acompanhei o Palmeiras em todos os jogos. O que me chamou a atenção é ver a transição. Os caras (jogadores) não usaram isso como muleta, foram decentes, estão correndo muito. São muito profissionais. Não adianta ter grande salário e ver que não tem bom ambiente. Aqui vejo muita facilidade de trabalhar e isso faz a diferença."
Encarar o São Paulo
"Não pensei nisso. Em todo lugar que eu volto, as pessoas me recebem bem. Quem foi aos Aflitos no ano passado se assustou. Eu fiz o melhor lá, agora vou fazer o meu melhor."
Diretoria x técnico
"Os dirigentes têm de mudar. Os erros que eles cometem sempre jogam nas costas do técnico. Têm de mudar. Senão fica aquele carnaval a cada rodada. Por isso que aquele negócio de projeto não tem, sempre muda tudo. Você mexe com grandes clubes, mas com gente amadora demais."
Relação com os atletas
"Você conquista as pessoas sendo parceiro. Eu seguro a onda quando querem mandar embora, afastar. O jogador não é bobo, é inteligente. Não vou ter dificuldade nenhuma. Vamos nos entrosar, com certeza."

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