Nesta semana, graças à pressão da imprensa, da opinião pública, da oposição, a CPI da Petrobras foi finalmente instalada no Senado, o Conselho de Ética foi nomeado e os 663 atos secretos foram anulados. Maravilha! Nem tanto. É preciso estar bem alerta.
Na CPI, a patrulha do governo impôs a tucanos e demos um comando chapa branca (assumiu os três cargos de comando) que seguirá orientação do Planalto, de controlar investigações com mão de ferro a CPI da Petrobras. Apesar de instalada dia 14, só se reunirá novamente em 6 de agosto, após o fim do recesso parlamentar. O presidente Lula fez uma defesa veemente da estatal, criticando a oposição: golpista, antipatriótica, desestabilizadora, irresponsável etc...
Também o novo Conselho de Ética será chapa branca, com a cara de Renan, nascendo com a missão de blindar o presidente José Sarney. O governo mostrou que tem total controle da CPI da Petrobrás e tentará barrar qualquer punição ao aliado e presidente do Senado, acuado por uma série interminável de denúncias mal explicadas. Lula aposta que a sua popularidade o autoriza a assumir a irrestrita defesa de Sarney, o sitiado presidente de uma Casa em processo de desagregação (“casa dos horrores” segundo jornal inglês). Parece mesmo que José Sarney abriu mão do respeito conquistado como condutor do primeiro governo civil da transição democrática. O que fez antes pela democracia, Sarney desfaz agora.
Pressionado, dia 13 Sarney anulou 663 medidas administrativas (de nomeações, exonerações, aumento de benefícios, entre outros) não publicadas entre 1995 e janeiro de 2009. Como a medida é polêmica e tem diversas dúvidas jurídicas, (há caso que deverá resultar em ressarcimento aos cofres públicos), muito vai se falar dela. A comissão formada por cinco servidores para aplicar o ato de Sarney, decidiu que objetivo inicial é exonerar todos os funcionários sem concurso público que estão em atividade por meio de atos secretos. Mas, a pedido dos senadores, eles poderão ser recontratados. O grupo também quer anular os atos que permitiram o aumento de benefícios, a divisão de cargos em até oito (por exemplo, um salário de R$ 10 mil é fracionado em até oito assistentes parlamentares). Aguardemos para ver o que acontece de verdade.
Num mundo cada vez mais desequilibrado o grupo dos países ricos, o G8 concordou em “tentar” limitar o aumento do aquecimento global a 2 graus centígrados e cortar suas emissões de gases do efeito estufa em 80%, mas não estabeleceram para quando, com que, como. Os ricos finalmente admitem que G-8 tem de ser ampliado e que desafios globais exigem participação dos “emergentes” China, Índia e Brasil, como diz Obama. Mas não conseguiram convencer a China e a Índia a apoiarem a proposta de reduzir as emissões mundiais pela metade. O G8 apoiou a criação de um mercado mundial de negociação de carbono e de um fundo financiado pelos países ricos para custear mudanças tecnológicas, mas o montante ficou aquém dos 100 bilhões de dólares por ano defendidos por organizações não-governamentais.
O “cara” Lula também criticou as pressões dos países ricos, que "responsabilizam os países pobres pela poluição do planeta", durante as negociações. "O primeiro compromisso que tem de ser assumido, se a gente quiser tratar a sério a questão climática, é os países ricos tomarem a decisão de diminuir a emissão do gás do efeito estufa". "Os continentes mais pobres e, sobretudo, seus povos, têm direito de ter acesso a bens materiais tanto quanto os ricos já conquistaram. Nós não queremos ser cidadãos de segunda classe. Nós queremos subir para o andar de cima", afirmou.
Mas se todo indiano, chinês ou brasileiro quiser “subir para o andar de cima”, copiar o jeito de ser norte americano, e “ser como eles” vamos precisar de outros três planetas terra para acomodar tantos carros, bens descartáveis, entulhos, plásticos, lixo... Vai faltar contêiner para mandar tanto lixo ao Brasil como os europeus andam fazendo... E vai faltar matéria prima, água, alimentos... Como diz Eduardo Galeano não dá para “Ser como eles”!!!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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