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10 de mai. de 2009
ENTREVISTA DE DOMINGO: Edilaine Castro
A professora e atriz Edilaine Maria de Castro é a homenageada neste domingo Dia das Mães aqui no BLOG DO ILIVALDO DUARTE na ENTREVISTA DE DOMINGO. Ela conta um pouco da sua historia e do início da sua vida profissional. Muito simpática, autêntica, envolvida e apaixonada pela arte, Edilaine se realiza a frente da sua empresa "Sou Arte" e das apresentações que levam esperanças, alegrias, sonhos e dignidade a muitas e muitas pessoas em várias cidades e regiões. Confira o que pensa Edilaine sobre Arte, Cultura, Campo Mourão, com a experiência de quem fez um bonito trabalho como secretaria Municipal de Cultura, e acredita nesta terra e em sua gente para uma cidade próspera e cada vez maia destaque principalmente na Cultura.
Quem é Edilaine Maria de Castro ?
Sou filha de Antonia Maria e João Batista de Castro, casada com Roberto Cardoso, mãe de Emanuel de Castro Cardoso. Meu pai era serralheiro e minha mãe professora, tenho 36 anos e dois irmãos - Eni e Delcides. Nasci em Campo Mourão, me criei na serraria Klabin - uma comunidade formada por pessoas simples. Sou uma pessoa que adoro trabalhar e conviver com pessoas inteligentes e esforçada.
Gosto de assistir filmes em dia de chuva com minha família - isto inclui todos os artistas do Espaço Sou Arte.... família grande!, de uma boa música, ir ao Teatro.
Odeio a falsidade, a inveja e a diplomacia exagerada.
Onde a Senhora estudou e iniciou sua vida profissional?
Durante a infância estudei na Klabin e no Colégio Estadual Adauto Silva Rocha, em Luiziana. Vim para Campo Mourão com 10 anos, estudei no Colégio Dom Bosco e no Colégio Estadual. Fiz faculdade de Letras e especialização em Lingüística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa na Fecilcam. Sou atriz profissional com DRT - registro na Delegacia Regional do Trabalho- fiz muitos cursos que me orientaram na área artística.
Com relação a minha vida profissional, posso dizer que trabalho desde muito cedo, porque sou meio “workaholic” , fanática pelo trabalho. Adoro trabalhar e desde pequena era minha brincadeira favorita. Eu comecei a trabalhar inspirada no trabalho da minha mãe. Já fui atendente de creche e professora em algumas escolas.
O que faz hoje profissionalmente?
Sou funcionária pública municipal desde 1991, sou atriz profissional, diretora de teatro e circo. Tenho uma empresa que é a Laine Assessoria e Treinamento - Espaço Sou Arte, que trabalha com assessorias, treinamentos, palestras performáticas, eventos, oficinas, espetáculos artísticos, temáticos e empresariais, além de dezenas de outras ações que podem ser vistas pelo nosso site http://www.souarte.com.br/ .
Devido ao trabalho a frente da empresa, estou envolvida também com o núcleo que organiza a Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios de Campo Mourão, que será efetivada a partir de junho em nossa cidade.
Como surgiu a ideia de criar a empresa Sou Arte?
Sempre estive muito envolvida com a comunidade artística de Campo Mourão e uma das minhas característica é a identidade de grupo. Em 1993, estreamos a Companhia Téspis de Teatro, que veio dar origem a Sou Arte. Inclusive, alguns membros da Cia. Téspis estão até hoje conosco, como a Daniela Caria, Raquel Cruz e a Patrícia Feitosa. A Sou Arte surgiu da necessidade de pensar enquanto empresa no nosso trabalho, o que é uma dificuldade para nós artistas. A gente se preocupa com o lado da pesquisa, da sensibilidade, da descoberta, da criação, mas também precisamos nos preocupar com a circulação e venda da obra, que é importante saber como levar este nosso produto ao público. Precisamos aprender a sobreviver da nossa arte que é nossa profissão, nossa vocação.
Qual a expectativa e a importância da Sou Arte em participar na próxima semana do Festival Curitibano de Circo?
O Festival Curitibano é um evento muito importante, que envolve várias companhias de todo o Brasil e algumas internacionais. É um festival interessante, com muitos espetáculos, oficinas, discussões. O mais interessante é que a nossa obra será levada para apreciação de um público formado por especialistas na área, ou seja, nosso trabalho fica a mercê da crítica de profissionais. É uma grande vitrine.
Este é o evento mais importante que a Sou Arte já foi?
Não, nós já participamos de outros eventos importantes como a Mostra Fringe (Festival Internacional de Curitiba), do Filo (Festival Internacional de Londrina), além de eventos fora do Paraná. Também destacamos o Fetacam (Festival de Teatro de Campo Mourão), pois é muito importante participar das coisas da casa. Como trabalhamos pouco na cidade, ficamos muito felizes quando temos a oportunidade de nos apresentar aqui. É a mesma sensação que temos ao participar de um evento nos grandes centros.
Aliás, todas as vezes que nos apresentamos em Campo Mourão temos casa cheia. Já faz dez anos que o espetáculo "Mais uma Folia de João Grilo e Chicó", está em cartaz, e as pessoas ainda cobram quando vai ter novamente o “João Grilo e Chicó”. O coitado do Chicó nem tem nem cabelo mais, mas ainda faz sucesso!
Como surgiu esta sua identidade com a arte? Alguém pode vir a ser, descobrir esta vocação depois de algum tempo?
Acho que todo mundo nasce com uma vocação, um chamado de Deus. É importante descobrir essa vocação pra ser feliz. A partir do momento que você descobre o que gosta de fazer, você nunca mais trabalha. Mas se você não tem muita vocação em algo, mas quer trabalhar isso, com certeza a partir da técnica, dos exercícios, das atividades seqüenciadas, você adquire habilidades. O ser humano é um artista por natureza, tem na sua essência a criação, a imaginação.
Como é o trabalho da Sou Arte?
Nós somos em torno de 30 artistas, que trabalham com diversas modalidades, como: música, teatro, dança, circo, literatura, entre outros. Além das caravanas e apresentações também realizamos palestras performáticas, cursos, diagnósticos de qualidade, assessoria em Gestão Cultural, agenciamento, performances, animações. Enfim, uma variedade de ações que garantem o ganha pão destes jovens que na sua maioria tem do Espaço a principal fonte de renda e auto sustentabilidade.
Temos hoje mais de 50 cidades cadastradas com as quais mantemos contatos e desenvolvemos trabalhos regulares, ora com treinamentos para professores, ora com palestras e cursos para funcionários na área motivacional, SIPAT’S, ora em eventos diversos ou espetáculos.
Temos quatro espetáculos empresariais em cartaz: EPI, eu uso e vc?, Pra sempre verde, Da cana a viola, e Proteção Divina. Allém dos espetáculos artísticos que estão em circulação: Mais uma folia de João Grilo e Chicó, Flor, Pimenta e Água Benta, Cotidiano, o tempo todo..., Era uma vez,..., Praiaçada, espetáculos de Contações de histórias: O Gigante Egoísta, O Segredo do Lobo Mau, Chuva de Cores.
Realizamos atividades em espaços alternativos que muitas vezes precisam ser adaptados como empresas, cooperativas, usinas, prefeituras, praças, escolas, enfim.
De acordo com o desenvolvimento de cada projeto nós também convidamos alguns artistas de fora, e de forma indireta, o Sou Arte tem possibilitado emprego para mais de 40 pessoas. É um projeto maravilhoso, acredito muito na nossa força de trabalho.
Nós "vendemos" uma caravana, mas se for preciso decorar e adaptar uma praça inteira antes do evento a gente não tem preguiça não. Gostamos de ver o prazer nos olhos das pessoas. Parece que elas abraçam com os olhos e não tem dinheiro que pague isso. É imensamente gratificante.
O grupo tem revelado talentos? Alguém já foi para outros centros?
Com certeza.
Nós temos por exemplo o Marcelo Júnior, que agora está em Curitiba. Ele entrou no espaço com 12 anos e hoje com 17,
está na Cia de Dança Masculina Jair Moraes (Teatro Guaíra).
Ele trabalha com aula de circo na Federal,
trabalha com eventos na Cia Arte Manha,
Projetos do IAP (Ecoharte) e só não vai pra fora do país porque ainda não é a hora, mas já está sendo sondado.
A Senhora foi secretária Municipal da Cultura. Quais as principais ações e obras que deixou como legado?
Acho que o mais importante em toda a nossa administração foi o envolvimento da comunidade artística no processo de desenvolvimento do Plano de Gestão Cultural. Isso culminou na criação de vários espaços, elaboração de muitos eventos, na participação em festivais e em discussões importantes. Posso destacar o Fepac – Fundo Especial de Promoção de Atividades Culturais, a estruturação das companhias de Folias de Reis, dos blocos de carnaval, do movimento hip hop, dos grupos de dança e teatro, enfim, a mobilização do artista independente, que é extremamente importante, e garante de fato o objetivo principal de uma Secretaria Municipal de Cultura.
Vale ressaltar que nossas conquistas foram coletivas, a partir de uma administração democrática e sensível que ouvia e discutia, culminando com uma qualidade de profissionais incomparáveis em todo Estado, e de toda uma categoria artística envolvida e entusiasmada.
Tivemos a instalação do Museu Municipal em sede própria e em um prédio histórico; a criação do Espaço da Cultura Popular; a Casa da Banda; a Casa da Música (que deixamos o projeto aprovado e já com parte do dinheiro em caixa para a construção); as reformas na Casa da Cultura e no Teatro Municipal, a criação do Centro Cultural Itinerante, que levava oficinas e espetáculos para os bairros distantes.
Também vale ressaltar eventos como o Fetacam, o Auto da Paixão de Cristo, o Ritual do Fogo, o Carnaval Popular, o Encontro de Folias de Reis, enfim, eventos que nasceram a partir daquela mobilização e que hoje são referências em todo o Estado.
Qual a sua análise sobre a cultura paranaense?
Temos em todo o Paraná elementos artísticos muito ricos. O interessante, é que podemos identificar personalidades e artistas em diversas regiões do Estado, e isso é realmente o mapa cultural do Estado.
A nossa cultura é muito rica, não tem a mídia que merece, como tem o eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Nós precisamos ser mais bairristas, nos conhecer melhor, saber da nossa culinária, das danças folclóricas, dos cheiros e sabores.
A gente canta muito Bahia, muito São Paulo, muito Rio, mas desconhecemos a nossa música. A gente torce para Flamengo, para Corinthians, mas não torcemos para Atlético, para o “Coxa” ou para Paraná ou para o Sport aqui de Campo Mourão. E isso a gente precisa aprender, a torcer por nossa gente.Temos que conhecer e identificar nossos elementos, nosso símbolos como o Barreado, o Fandango, a Gralha Azul, a Araucária e defender nosso grande berço. Se a gente quer que o nosso Estado dê certo, temos que acreditar nele.
E o que pensa sobre a cultura mourãoense?
A cultura mourãoense não é diferente. Nós temos uma produção literária riquíssima, artistas plásticos, músicos, artesãos, atores, bailarinos, gente pesquisando, expondo a sua produção. Acho que nós precisamos sair um pouquinho mais da “casca”, acreditar um pouco mais no nosso espírito empreendedor e mostrar mais nossos trabalhos, ir para rua.
Qual o seu esporte preferido e o seu time do coração?
Meu esporte favorito é o vôle, apesar de ser péssima . No futebol, hoje tenho torcido para todos os times.
O que a Senhora não fez como Secretaria de Cultura que se tivesse oportunidade, gostaria de fazer?
Eu teria dado ainda mais suporte para as companhias independentes, para que elas ficassem ainda mais independentes da Fundação Cultural. Hoje entendo mais claramente algumas cobranças, é importante entender que os artistas que já estão na estrada precisam de uma atenção maior, até porque eles estão levando o nome do município pra fora e necessitam de uma estrutura e de um canal de discussão e participação mais efetiva da Administração Pública. Eu criaria uma forma de garantir esse espaço, para que não fosse retirado nas gestões futuras.
Campo Mourão investe muito ou pouco na Cultura?
Eu acho que investe razoavelmente bem. Pela realidade que nós vemos em outros municípios, Campo Mourão ainda investe bem cultura. Temos uma Lei Municipal de Incentivo; temos o Fepac, que é uma possibilidade de recursos para novos projetos. Porém, eu acho que os artistas independentes deveriam ser melhor assistidos, porque as vezes ficam em segundo plano, as vezes tratados até como concorrentes como se pudesse existir esta relação em arte e cultura.
É necessário investir mais nessas produções independentes, pois são projetos que vão representar o município por muitos anos. Um exemplo disso é o espetáculo “Flor, Pimenta e Água Benta”, que recebeu patrocínio da Lei de Incentivo há três anos e está em cartaz até hoje, levando o nome de Campo Mourão.
O que a Senhora ainda não fez que se tivesse oportunidade, ainda gostaria de fazer?
Gostaria de produzir cinema, fazer aulas de capoeira e ter mais um filho. Se bem que acho que eu estou fazendo tudo ao meu tempo. Tudo o que quero, corro atrás e faço.
Como cidadã de Campo Mourão, quais os principais problemas e virtudes de nossa cidade? O que a Senhora mais gosta em nossa cidade?
Acho que um dos problemas é falta de atividades para os jovens.
Digo isso não só na cultura ou no esporte, mas de maneira geral, precisamos de um plano de Gestão Pública Eficaz para a juventude; não só na questão de ocupação, mas de formação. Isso colabora para melhorar a qualidade de vida do município e também beneficia outras áreas como saúde e segurança.
Outra questão que acho necessária é a valorização dos equipamentos turísticos da cidade.
Com relação a virtude, acho que a melhor qualidade de Campo Mourão é passar por crises e momentos difíceis mas sem perder a esperança.
É uma cidade que consegue se reerguer e continuar forte. Gosto daqui, recebo propostas para deixar a cidade e trabalhar em outros municípios, mas minhas raízes, meus amigos, meus familiares estão aqui.
Ética em uma frase é...
Para mim, ética é uma questão de educação, o que minha mãe me ensinou desde pequena em forma de oração: “Deus, permita que eu faça com o meu próximo somente o que eu gostaria o que façam comigo”.
O Teatro Municipal é ...
Minha vida, minha história.
Arte em uma frase é...
“Essência do ser”.
Ser artista em uma única palavra é...
Profissão.
A utilização do Teatro Municipal é ...
Maravilhosa,
principalmente pela eficácia da equipe técnica,
que com certeza é uma das melhores do Paraná.
Eles preservam e administram o espaço garantindo
sua principal missão que é abrigar a produção artística
não só de Campo Mourão como também internacional.
Espaço Sou Arte é...
Sonho que se tornou realidade.
Governo Nelson Tureck é...
Popular.
A Senhora acredita que Campo Mourão poderá ter na próxima eleição no mínimo um deputado estadual e um federal ?
Com certeza, eu acredito que a nossa região tenha se fortalecido e que isso aconteceu também graças ao movimento “Acorda Comcam", que foi muito importante. Acredito que para as próximas eleições podemos conseguir até dois deputados estaduais e um federal. Para isso, basta canalizarmos nossos esforços, pararmos com brigas e desavenças, procurar somar esforços em prol da nossa comunidade regional, que é muito participativa e batalhadora.
Cite um dos alguns fatos pitorescos que você viveu na nossa cultura ou no palco.
Um história interessante é a da nossa Kombi, que tem até nome: Gitara, que compramos há oito anos. Investimos todas nossas economias da época nela, fizemos um palco, colocamos uma estrutura de som para as apresentações, enchemos de apetrechos. Só que daí, ela não andava. ficou muito pesada. Na subida era um sufoco danado, o pessoal tinha que descer pra bendita andar. Mas apesar de todos os problemas ela está conosco até hoje.
Outra história que me marcou muito foi a nossa apresentação para os operários que estavam trabalhando na construção do Teatro Municipal. Nós encenamos o espetáculo “Planejamento Familiar” no próprio teatro, que ainda não tinha cadeiras, não tinha paredes, quase nada. Foi um dos espetáculos mais emocionantes da nossa vida. E já vamos adiantar em primeira mão para você Ilivaldo que o “Planejamento Familiar” vai voltar aos palcos da cidade - promessa do diretor Carlos Soares.
Cite três personalidades esportivas de Campo Mourão?
Márcia Tomadon que hoje está no litoral, trabalhando com Paraná Esporte; Luzia de Souza Pinto (n. 26, na foto ao lado) que foi 5º lugar na prova São Silvestre do ano passado e Mário Paulista, treinador de futsal, que inclusive treinou meu irmão e meu marido quando meninos. Mas, claro que não dá para avaliar a qualidade do treinador pelo futebol de ambos. Brincadeira!!!!
Cite três personalidades mourãoenses
Entre as mulheres eu destaco Conceição Montans Baer, Julieta Lima e Ivone Malho; já entre os s homens: Marcos Corpa, Bernardo Matos e Amani Spachinski.
Cite três políticos de destaque.
José Pochapski, Dilma Roussef e Barack Obama.
Qual o seu recado para os leitores do BLOG DO ILIVALDO DUARTE?
"...no poema e nas nuvens cada um enxerga o que deseja ver..." - Helena Kolody.
Equipe Sou Arte irradia energia e promove a alegria despertando esperanças e sonos em centenas e centenas de pessoas para ver o lado bom da vida
Essa é a Edilaine. Profissional, ética e capacitada na desenvoltura de seu trabalho, contribuindo pela evolução cultural de Campo Mourão.
ResponderExcluirParabéns e felicidades!
Abraços: Pedro da Veiga
Parabéns Edilaine,quem dera Campo Mourão tivesse mais pessoas com essa visão empreendedora na area cultural.
ResponderExcluirEstou feliz por ter encontrado Ilivaldo, um amigo de tanto tempo que eu não sabia ser blogueiro.
ResponderExcluirQuanto ao post, amei a entrevista, Edilaine realmente é uma pessoa de talento e índole inquestionáveis.
Felicidades amigo, Beno também manda um abraço.
boa semana
Parabéns Ilivaldo por entrevistar Edilaine Maria de Castro, uma pessoa de firmeza e que faz parte da história da nossa cidade.
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